A apresentação da Renault Oroch com o novo motor 1,3-l turbocarregado ficou a cargo do Bob Sharp que dirigiu antecipadamente o carro cedido pelo fabricante e posteriormente esteve no evento de imprensa em São Paulo, oferecendo sua avaliação do veículo. Nesta semana foi minha vez de experimentar as modificações em um teste mais longo e utilizando o veículo em situações diferenciadas daquelas dos eventos de lançamento.

A primeira impressão é a que fica, e neste caso foi minha primeira avaliação da picape Renault com o novo motor turbocarregado 1,3 TCe (Turbo Control Efficiency), o mesmo do suve compacto Duster que avaliei recentemente. E esta configuração de motor com câmbio automático CVT XTRONIC de 8 marchas está disponível apenas na versão Outsider, a topo de gama que está sendo comercializada por R$ 145.700.

Se preferir assista primeiramente ao vídeo gravado na região de Joaquim Egídio em Campinas, SP:

Desempenho e consumo

É inegável o bom desempenho que este motor proporciona ao veículo. Eu já tinha constatado isso no Duster e agora na picape Oroch tenho a confirmação. Motor oriundo do trabalho conjunto da aliança Renault Nissan Mitsubishi com o grupo Mercedes-Benz que entrega 162/170 cv entre 5.500 e 6.000 rpm com torque máximo de 27,5 m·kgf desde 1.600 até 3.750 rpm, números com gasolina ou álcool.

Quatro cilindros em linha, montado na transversal com construção em alumínio no cabeçote e bloco, duplo comando de válvulas acionado por corrente com variação de fase no escapamento, 16 válvulas, pressão relativa máxima de turbo de 1,4 bar e injeção direta.

Pesando 1.432 kg, a picape acelera de 0-100 km/h em 9,8 segundos e atinge a velocidade máxima de 189 km/h. O consumo de combustível homologado junto ao Inmetro é de 10,5/7,4 km/l na cidade e 11/7,8 km/l na estrada. No percurso adotado entre São Paulo e Campinas pela rodovia dos Bandeirantes a 120 km/h obtive a média de 9,8 km/l com álcool. O consumo médio em cidade e estrada durante esta semana de 602 km de uso, sempre com álcool, foi de 8,1 km/l.

A aceleração do veículo é bem agradável e a calibração do câmbio CVT ajuda a dar essa boa percepção. As arrancadas acontecem de forma ágil ao menor torque no  pedal do acelerador cuja resposta é imediata. Não senti nenhum atraso ou hesitação provocado por acerto de calibração para melhorar consumo e emissões. Para trocas de marchas em modo manual a única opção é pela própria alavanca de câmbio.

Ajustada para o conforto

A suspensão dianteira é a tradicional McPherson com  robusto braço de controle triangular ancorado a subchassi por duas buchas horizontais, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem, e na traseira também McPherson com três braços — dois transversais e um longitudinal, mais barra antirrolagem.

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Na movimentação geral está bem ajustada para até meia carga com bom conforto aos passageiros. Com carga concentrada na caçamba aparece maior balanço na parte traseira, mas ainda assim sem trazer insegurança para o uso geral do veículo. O nível de aspereza de rodagem ao trafegar por paralelepípedos e asfalto com remendos é satisfatório.

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Em sua avaliação, o Bob Sharp logo notou que a assistência da direção era do tipo eletro-hidráulica, e não elétrica como a do Duster. Eu cheguei até me confundir na gravação do vídeo, dizendo assistência elétrica, porém o correto seria ter dito eletro-hidráulica, onde a bomba hidráulica de direção é acionada por um motor elétrico e não tirando potência direto da arvore de manivelas. Mas de todo modo a calibração do sistema entrega confiança para manobras em alta velocidade e fica penalizada pelos contragolpes no volante em curvas com piso irregular.

Os pneus Michelin LTX Force 215/65R16 têm bom grip no asfalto sem apresentar ruído excessivo de rodagem ou em curvas, e ao trafegar em trechos de terra a picape mostrou-se bem agradável. As rodas de liga de alumínio com face parcialmente diamantada fazem parte do requinte da versão de topo.

Medição de ruído interno:

Estilo que agrada

Externamente tem porte de picape média, sendo bem maior que as picapes derivadas de carros compactos como Fiat Strada, Chevrolet Montana ou VW Saveiro. A Oroch foi a primeira a aparecer com esse conceito de suve com caçamba, como muito bem utilizada pelos editores do AE em uma viagem de teste. Nesta nova configuração apresenta a grade frontal e para-choque suplementar com os faróis de longo alcance, exatamente o mesmo conjunto do Duster e que desperta apreensão pelo custo de reparo em caso de danos em manobras de estacionamento.

A caçamba é o sonho de todo picapeiro, pois traz quatro argolas para fixação de carga no assoalho, permitindo amarrar cargas baixas, quatro argolas nas laterais da caçamba pelo lado interno, seis pontos suplementares pelo lado extern, (três de cada lado), onde é possível instalar pontos externos. Adicionalmente tem o “santantônio” junto à cabine que pode ser utilizado para amarração e, coroando a versatilidade, vem com protetor de caçamba com três encaixes na parte traseira para limitadores de volume. Tudo é bem vedado por uma capota marítima.

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Mas nem tudo é positivo, para levar nota 10 faltou uma solução inovadora para minimizar a entrada de água e pó na caçamba. A tampa poderia ter trava elétrica, evitando o risco de ter o estepe furtado ao esquecê-la destravada, pois com a tampa aberta é que se acessa o mecanismo de içamento do estepe.

Se a caçamba agrada aos picapeiros, o conforto no banco traseiro é aquele esperado para uma picape e não para um suve compacto. O ângulo do encosto é muito em pé e o espaço para as pernas fica limitado, precisando de uma grande ajuda dos ocupantes do banco dianteiro para dar espaço atrás.

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Nos bancos dianteiros o conforto, posição de dirigir e acesso aos comandos é perfeito, similar ao Duster, e melhor que muitas picapes médias. O quadro de instrumentos tem conta-giros à esquerda, velocímetro digital ao centro e marcador de combustível à direita. A temperatura do liquido de arrefecimento pode ser verificada no mostrador digital que combina funções do computador de bordo.

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Central multimidia ao centro do painel em posição elevada facilita a visualização e operação, com espelhamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay. O veículo testado estava equipado com o acessório de carregador por indução (sem fio) no console central. O controle de velocidade de cruzeiro é do tipo convencional e para controles do sistema de som e telefonia há uma alavanca suplementar atrás do volante, uma tradição Renault.

Conclusão

Mesmo não sendo uma picape 4×4 ou com grandes soluções luxuosas e elementos de efeito joia (jewel effect), a ornamentação com frisos em preto brilhante e fosco compõem bem o visual da picape e certamente atrai aos admiradores desse segmento. A caçamba de 683 litros e a carga útil de 650 kg são dados interessantes a serem considerados na aquisição deste veículo, mas no momento, o melhor atributo é mesmo o motor 1,3 turbo e seus 27,5 m·kgf de torque que posicionam lado a lado com a Fiat Toro com motor T270. No ano que vem haverá novo contendor no segmento, a nova Chevrolet Montana. Vamos ver como será a briga das três picapes compactas.

GB

Ficha técnica e lista de equipamentos após a galeria de fotos adicional:

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