A Fiat escolheu o Autódromo de Tarumã, que tem um dos traçados mais rápidos do Brasil, para apresentar o Pulse envenenado pelo escorpião. O logotipo Abarth já esteve presente como versões especiais de carros da Fiat no passado, mas nesta apresentação os executivos deixaram claro que a partir de agora os carros que carregarem esse sobrenome serão equipados com o que há de melhor em termos de potência e dinâmica veicular, dentro da linha do veículo.

Carlo Abarth, criador da marca, proferiu a célebre frase: “Há uma certa satisfação em humilhar carros maiores e mais caros com um hatchback.” E é bem isso que a Fiat pretende com esse suve compacto, que não deixa de ser um hatch mais alto.

Se preferir assista primeiramente ao vídeo de apresentação e as primeiras impressões ao dirigir que foram gravados durante o evento:

Potência e torque

A primeira coisa que um carro com apelo esportivo tem que apresentar é um motor mais potente que as demais versões, e a Fiat acerta em colocar o motor T270 de 4 cilindros em linha,  1,3-l turbocarregado, flex, com injeção direta e tecnologia Multair III para comandar o tempo, fase e abertura das válvulas de admissão. Com construção em alumínio no bloco e cabeçote, 16 válvulas e comando único entrega 180/185 cv a 5.750 rpm com torque máximo de 27,5 m.kgf a 1.750 rpm.

Talvez o maior pecado esteja na disponibilidade apenas de câmbio automático epicíclico de seis marchas, perdendo a oportunidade de oferecer câmbio manual. Mas ainda assim o carro desempenha muito bem nessa configuração, tendo opção de trocas de marchas em manual através da própria alavanca de câmbio ou pelas borboletas atrás do volante. Pelo menos não veio com CVT.

O desempenho geral é bem empolgante para o tamanho e categoria do veículo, fazendo o 0-100 km/h em 8,0/7,6 segundos e atingindo a velocidade máxima de 214/215 km/h. E ainda assim o consumo de combustível homologado junto ao Inmetro não ficou penalizado com 10/6,8 km/l no ciclo urbano e 12,3/8,8 km/l no ciclo rodoviário.

Nas voltas no autódromo foi possível comprovar a boa capacidade de aceleração e retomada de velocidade nas saídas de curvas. E mesmo com o traçado de Tarumã sendo de alta velocidade, os cones que foram estrategicamente colocados na pista para reduzir a velocidade, obrigava a pisar fundo no acelerador para a retomada.

O botão Sport posicionado no volante na versão “civil” do Pulse foi renomeado para “Poison”, (veneno em inglês) fazendo com que vários ajustes do veículo entrem em operação ao ser acionado. O pedal do acelerador fica mais responsivo e as trocas de marchas ocorrem em rotações mais elevadas. Nas frenagens o câmbio se antecipa na redução de marcha, deixando o motor em regime de rotação ideal para a retomada de aceleração.

Ainda no modo Poison entra em ação o sistema de vetorização de torque no controle de estabilidade, que aplica levemente o freio das rodas internas das curvas para que o contorno aconteça de forma mais linear, e traz mais segurança para acelerar ainda mais. É notória a diferença de resposta em curva com sistema acionado ou não, pois até a marcha selecionada fica compatível com a necessidade de potência nas rodas, fazendo-nos até esquecer do câmbio manual.

Dinâmica esportiva

De nada adiantaria toda essa potência adicional se o carro não estivesse com a suspensão, direção e freios acertados para a nova demanda, e a Fiat acerta em rebaixar o carro em 10 mm em relação às demais versões, mas poderia ter rebaixado mais, 20 mm. Porém, perderia o status de suve,, que não era essa a intenção da marca. O Pulse Abarth é o primeiro suve da marca no mundo.

A suspensão McPherson dianteira recebe barra antirrolagem de maior diâmetro (20 mm) e o eixo de torção na traseira utiliza viga com maior espessura de parede, aumentando a rigidez torcional proporcionalmente à modificação da dianteira. Com isso o carro não perdeu a característica neutra de contorno em curvas. As molas helicoidais dianteiras e traseiras foram aumentadas na constante elástica e os amortecedores pressurizados foram recalibrados.

Não é possível determinar o prejuízo em termos de conforto mas pelo foi que notado ao trafegar mais lentamente sobre as zebras do autódromo, e até mesmo no piso irregular dos boxes, o conjunto está com movimentação mais contida, mas não deve ser incômodo no uso geral.

No uso esportivo a menor movimentação de rolagem da carroceria traz segurança e aumenta a confiança. O alívio de peso nas rodas internas em curvas é menor, e com isso facilita o trabalho dos pneus 215/50R17 Dunlop SP Sport Maxx, que tem ótima aderência e não notei dobramento dos ombros ao atacar as curvas com maior velocidade. Estou ansioso de ver esses pneus no molhado, condição em que os Dunlops são famosos.

O sistema de direção recebeu tratamento especial nessa preparação e mais uma vez os engenheiros da Stellantis acertam em calibrar a assistência elétrica em um patamar mais elevado de esforço ao que está nos demais Pulses. E não foi apenas na calibração que foi mexido, novas mangas de eixo modificaram a relação de direção, passando de 15,5:1 para 14,5:1, ficando mais rápida, melhorando as tomadas de curvas. e facilitando correções Mas como esse carro não é para ser utilizado apenas em autódromos, certamente os trajetos urbanos serão favorecidos com essa nova relação de esterço.

O freio dianteiro recebe disco ventilado maior de 305 mm de diâmetro, mas ainda com pinça flutuante, enquanto que na traseira está o segundo pênalti do Pulse Abarth. O freio a tambor, mesmo que com aletas de arrefecimento, não combina com um carro que leva a esportividade de um Abarth no nome. Acredito que a Stellantis já deveria começar a trabalhar em uma opção de freio a disco para esse veículo. Não pelo dimensionamento, que me pareceu perfeito, mas pela imagem que o freio a disco na traseira representa.

Aparência

A Fiat visa dois públicos diferentes para o novo Pulse Abarth. O primeiro é aquele purista que gosta do visual esportivo, preza pela originalidade e valoriza o equilíbrio dinâmico e as características fun to drive que essa receita entrega. O segundo público é para os mais arrojados que gostam de ter um carro para uso em trackday, não economizam em melhorias para buscar maior desempenho, e sempre querem ter algo a mais nas mãos.

Não houve economia nos aspectos visuais externos do veículo para deixa-lo com aparência diferente e fugir do estilo comportado dos suves compactos. Os emblemas-logotipos Fiat deram lugar ao Abarth na grade frontal, tampa do porta-malas e rodas. Uma faixa lateral foi adicionada com a assinatura da marca e desenho que inspira velocidade. Adereços na cor vermelha estão presentes na carcaça dos retrovisores, faixa lateral e friso do para-choque, enquanto no carro de cor vermelha esses itens podem ser preto ou cinza. São quatro cores apenas no catálogo: branco, cinza, preto e vermelho.

No interior também se encontra detalhes em vermelho no painel de instrumentos, costuras dos revestimento em tecido que imita couro dos bancos, costuras do revestimento do volante e na alavanca de câmbio. O desenho do escorpião aparece no acionador da buzina e nos bancos dianteiros, que têm ótimo suporte lateral para o corpo, permitindo fazer curvas com mais conforto se segurança. Um charme adicional é a plaqueta com o logotipo que aparece sobreposta no painel de instrumentos, e o mesmo desenho é visto nos para-lamas dianteiros.

Em termos de conteúdo o Pulse Abarth vem equipado com o topo da gama da linha, como central multimídia de 10,1” que incorpora o último nível de software da Stellantis, permitindo espelhamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay. O carregador por indução para bateria de celular está no console central que é elevado, como do Fastback.

O quadro de instrumentos é digital de 7” e tem grafismo exclusivo Abarth com mostrador de pressão do turbo e outras funções dinâmicas, podendo ser personalizado de acordo com o gosto do usuário. O ar-condicionado automático digital tem apenas uma zona, mas as saídas de ar climatizado na traseira melhoram o desempenho geral.

Nos sistemas de auxílio ao motorista também estão incorporados os itens da versão de topo, Impetus, do Pulse 1,0 turbo. Faróis de LED com acendimento automático e comutação automática do alto, frenagem autônoma de emergência com detecção de obstáculos à frente, alerta de saída de faixa, freio de estacionamento eletromecânico com auto hold. O controle de cruzeiro é do tipo convencional e a chave presencial um item de conforto a mais.

Pelo lado da segurança, a nova versão do Pulse atente a todos os requisitos do Programa de Rotulagem Veicular de Segurança, e na segurança passiva traz seis bolsas infláveis (frontais, laterais e cortina dianteira) como item de série. Além de atender a requisitos de proteção a pedestres, com destaque para os futuros requisitos de impacto lateral em poste a 90 graus (29 km/h) e 75 graus (32 km/h).

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Mercado e preço

A Fiat pretende vender cerca de 10% do volume de Pulses com o novo Pulse Abarth ao preço de R$ 149.990 em versão única e sem opcionais. Há apenas uma extensa lista de acessórios Mopar. Para isso criou um espaço exclusivo dentro das concessionárias para apresentação do modelo. Futuramente esse espaço será utilizado para outros veículos que terão o mesmo conceito de aprimoramento. E no lado externo, as concessionárias estarão identificadas com o logotipo do escorpião. Tudo para dar mais destaque ao reposicionamento das marcas dentro do grupo Stellantis.

GB