O ano está por terminar, questão de poucos dias, mas o regulamento que entrará em vigor na F-1 daqui a três anos já impactou, e continua impactando, no mercado de trabalho da categoria. Depois que a Audi anunciou oficialmente seu desembarque na temporada de 2026 outras marcas tiveram seus nomes ventilados como possíveis companheiros na correspondente lista de inscritos. Ford, Honda, Hyundai (foto de abertura) e Porsche são os nomes mais prováveis, a julgar por notícias que circulam no cenário do campeonato mundial de automobilismo mais importante do planeta.
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Quatro equipes atuais estão em plena renovação de sua direção técnica, algo incomum nesta área. Após uma temporada crítica, a Ferrari e Mattia Binotto romperam o contrato e o francês Frédéric Vasseur assumiu seu lugar. Andrea Seidl, que trocou a McLaren pela Audi, será seu substituto no time suíço, prestes a ser controlado pela casa de Ingolstadt. Seu posto foi herdado pelo italiano Andrea Stella, com passagens pela Ferrari e Ducati. Outro alemão, Jost Capito, deixou a Williams, junto com DX Demaison; ainda não se sabe o destino dos dois.
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O nome Ford é, ao lado da Goodyear, uma das marcas americanas mais ligadas à F-1 graças a uma associação com a empresa Cosworth orquestrada por Colin Chapman, o saudoso “Mago da Lotus”. Durante a transição dos motores 1.5-litro de aspiração atmosférica para 3 litros em 1966 — de aspiração atmosférica nos dois casos — o construtor inglês, com a ajuda do influente jornalista britânico Walter Hayes, convenceu a casa de Dearbon. Michigan, a investir £ 100.000, cerca de R$ 10 milhões em valores atuais, no motor V-8 DFV (Double Overhead Camshaft Four Valves) projetado por Mike Costin e Keith Duckworth a ser utilizado também como elemento estrutural no chassi do Lotus 49. Em outra das inúmeras ideias de Chapman, pela primeira vez o motor fazia parte da estrutura do carro, ligando o transeixo e suspensão traseira ao monobloco construído em alumínio.
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A eficiência de tal solução foi adotada pela maioria das equipes que disputavam a F-1 nessa época conhecida pelos kit cars, monopostos construídos em torno de freios Girling, amortecedores Koni, transeixo Hewland e o motor Ford Cosworth. Entre o GP da Holanda de 1967, vencido por Jim Clark em um Lotus 49 e o GP de Detroit de 1983, conquistado por Michele Alboreto a bordo de um Tyrrell 011, essa máquina trinfou em 155 corridas. Variações em torno do mesmo bloco resultaram em mais vitórias na F-1, Mundial de Protótipos, F-Indy Cars e F-3000.
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Em 1997 Jackie Stewart conseguiu o apoio da marca para criar a Stewart Grand Prix e na última de suas três temporadas conseguiu sua única vitória, com Johnny Herbert, no GP da Europa, em Nürburgring. No ano seguinte a Ford adquiriu a operação, então rebatizada como Jaguar (na época controlada por Dearborn) mas o projeto não prosperou. Tamanho legado associado à audiência cada vez maior da F-1 nos EUA e ao teto de gastos instituído pela Federação Internacional do Automóvel (FIA), estariam na base de estudos sobre uma possível volta da empresa à categoria. As declarações de Mark Rushbrook, Diretor Global da Ford Motorsport Performance, durante um evento ligado à Nascar, não ajudaram a negar essa possibilidade:
“Obviamente estamos aqui para falar sobe a Nascar e manter nosso foco na Nascar. Há muitas especulações (sobre nosso retorno à F-1), mas nada que iremos comentar no momento.”
As chances dessa possibilidade vingar estariam ligadas a um acordo com a Red Bull é bastante semelhante ao que uniu a Ford à Cosworth. A marca americana financiaria o projeto do motor que a equipe de Milton Keynes está desenvolvendo para 2026 e deixaria a operação sob comando da nova parceira.
Este cenário remete de imediato à atual associação da Red Bull com a Honda e ao malogrado matrimônio com a Porsche. Atual provedora de motores dessa equipe e da AlphaTauri (também comandada pela marca de energéticos), a empresa japonesa teria sua participação na F-1 estendida com uma associação com o time baseado em Faenza e que vai inscrever Yuki Tsunoda e Nick De Vries no Mundial de 2023. A possibilidade de a Honda assumir o controle acionário da AlphaTauri é uma alternativa.
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Há algum tempo a Hyundai expande sua presença no automobilismo esportivo de forma bastante eficiente: seus carros disputam vitórias no Campeonato Mundial de Rali e os modelos Elantra e Veloster são protagonistas do ITC, o Campeonato Mundial de Carros de Turismo de fato. A propalada ida do francês Cyril Abiteboul para comandar seu departamento de competições imediatamente propagou especulações sobre o interesse da marca coreana em desembarcar na F-1. Abiteboul foi durante vários anos o gestor do programa Renault de F-1 e, sabidamente, não tem experiência nas áreas onde a empresa já tem programas consolidados.
Some-se a isso o fato dois fatores intrigantes. Após deixar o grupo Renault Abiteboul passou a prestar consultoria à Mecachrome, empresa que durante anos atuou como mantenedora e desenvolvedora dos motores Renault de…F-1. No site da Hyundai Motorsport há atualmente 27 vagas em aberto, a maioria para engenheiros com experiência em motorsport incluindo especialistas em recrutamento, transmissão, gerente de projetos de engenharia, especialistas em projeto e avançado de chassi e suspensão, todas elas sintomaticamente sem especificar que estão destinadas à operações de rali e turismo.
A coluna volta a circular no dia 16 de janeiro.
WG
A coluna “Conversa de pista” ´é de exclusiva responsabilidade do seu autor.