A GM escolheu a rota entre Curitiba e a Reserva Natural Guaricica e EKOA PARK no litoral norte do Paraná, com passagem pela Estrada da Graciosa para que pudéssemos conhecer os atributos dinâmicos da nova Montana. O destino escolhido está no centro da maior área contígua de preservação do Bioma Mata Atlântica no mundo, e é administrado pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) com parceria de 20 anos com a General Motors.

Todas versões da Montana compartilham o motor tricilindro flex 1,2-litro turbo, mas apenas a versão topo Premier, exclusivamente com câmbio automático epicíclico de 6 marchas, estava disponível para esta avaliação. Porém foi confirmado que a nova Montana chega em quatro versões, em que as duas de entrada, a Montana e a Montana LT, inauguram a combinação de câmbio manual de 6 marchas com este motor e rodas de aro 16″ com pneus 215/60R16. As versões LTZ e Premier serão dotadas exclusivamente desse câmbio automático e terão rodas de liga liga de alumínio aro 17″ e pneus 215/55R17.

Em dezembro último a GM apresentou estaticamente a nova Montana e relatei as principais características da nova picape. A matéria viralizou e em pouco tempo tornou-se a avaliação mais lida em toda a história do AE, o que demonstra a curiosidade e nível de atenção que a Montana desperta.

ATUALIZAÇÃO – Os preços e conteúdo da nova Montana são mostrados no quadro abaixo:

Se preferir assista primeiro a este novo vídeo que traz a avaliação dinâmica realizada no evento de lançamento no Paraná:

Motorização suficiente

A GM decidiu que a nova Montana deixa de ser uma picape utilitária idealizada para o trabalho no campo e na cidade e passa a atender o consumidor que gostaria de ter uma picape, mas que reclama da falta de suavidade que os modelos mais tradicionais entregam. Baseado nesse estudo de mercado e nos tipos de cargas que o veículo estará sujeito, o motor 1,2-l de 132/133 cv a 5.500 rpm e 19,4/21,4 m·kgf a 2.000-4.500 rpm mostrou-se suficiente para o peso bruto total de 1.910 kg, do quais 1.310 kg se referem ao peso em ordem de marcha (Premier) e o restante (600 kg) á capacidade de carga.

A escolha acertada do motor fica mais clara ao analisar os números de desempenho, onde a versão de câmbio manual faz 0-100 km/h em 11,7 segundos e com câmbio automático, em 10,1 segundos. E no consumo de combustível a versão manual faz 12,0/8,3 km/l na cidade e 13,6/9,6 km/l, na estrada, enquanto a automática faz 11,1/7,7 km/l e 13,3/9,3 km/l respectivamente.

A calibração do motor em conjunto com o câmbio automático são um aprimoramento do bom resultado que já conheci do Tracker Premier 1,2-l, e nesta nova aplicação ficou melhor. Em uma situação de parada para fotos na Estrada da Graciosa surgiu-me a dúvida se o motor estava em marcha-lenta, ou se tinha sido desligado pelo start/stop. Mas, não, o motor estava ligado  — a nova Montana picape não tem a estratégia start/stop. Nesse mesmo momento identifiquei que o câmbio automático não tem o recurso de controle de neutro, porém a calibração e coxins do motor estão tão bem integrados que não se nota nenhuma trepidação.

O desempenho geral tanto no trecho de maior altitude na BR-116, quanto ao nível do mar, pode ser considerado satisfatório e não decepcionará aos mais críticos e exigentes. Na subida de serra o conjunto motor-c.âmbio está sempre disposto e a preferência foi subir com a alavanca de câmbio na posição L-2 e L3 para evitar as sucessivas mudanças de marchas após cada curva. Nas descidas, em rodovia de pista dupla, com maior velocidade, falta a opção de redução de marcha em modo manual para dar aquela apoiada na frente do carro, mas ainda assim não irá desagradar o consumidor médio desse tipo de veículo.

Dinâmica surpreendente

Nos primeiros quilômetros de rodagem, se estivermos de olhos vendados, fica difícil afirmar que aquele conforto é de uma picape com 2.800 mm de entre eixos e 4.717 mm de comprimento total. O controle de movimentação entre o eixo dianteiro com suspensão do tipo McPherson e o eixo traseiro com eixo de torção é bem ajustado e passa a impressão de se estar num suve médio-compacto dada a posição mais elevada nos assentos.

A inclinação em curvas é bem controlada e a resposta de direção é conectada com os pneus. O sistema de assistência elétrica aumenta progressivamente o esforço do volante dando segurança na condução em velocidades mais elevadas, com precisão para as curvas e leveza com veículo parado. Outro ponto positivo é o diâmetro de giro abaixo de 11 metros, o que facilita entrada e saída em garagens, lembrando que essa é uma das reclamações dos consumidores que gostariam de ter uma picape e não têm devido à dificuldade de manobra.

Na descida de serra e em frenagens mais entusiasmadas o sistema de freio com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira mostrou-se eficiente. O peso e modulação do pedal são de carro de passageiros, trazendo conforto ao dirigir e segurança nas frenagens. A alavanca de freio de estacionamento no console central poderia ser substituída por comando eletromecânico. Certo que muitos irão reclamar da falta de freios a disco na traseira, mas seria um item apenas de aparência visto que para velocidade máxima de 160 km/h, o tambor de maior diâmetro é suficiente para o peso total da picape.

Meus ex-colegas de trabalho da GM providenciaram uma visita exclusiva à oficina da concessionária Metrosur em Curitiba para dar aquela espiada embaixo do carro e as observações são mostradas no vídeo, assim como nas fotos abaixo:

Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas

A suspensão traseira incorpora o recurso de batente de compressão em Cellasto® com dupla rigidez que funciona como estágio adicional na compressão da suspensão. Já em meia carga o batente está atuando com a vantagem de dar suavidade à movimentação da suspensão traseira. Falta uma avaliação mais completa com carga máxima, distribuída entre a cabine e a caçamba para comprovar a eficácia desse conceito inovador. A conferir!

Destrinchando as versões

A GM ainda não divulgou a lista completa de conteúdo das quatro versões da nova Montana, mas já adiantou que todas terão seis bolsas infláveis, multimídia MyLink com tela de 8 polegadas integrada no painel de instrumentos e pareamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, acendimento de faróis por sensor crepuscular e protetor plástico na caçamba.

A versão LT vem equipada com rodas de liga de alumínio, enquanto na de entrada são rodas de aço com calota. A capota marítima de lona é incorporado nessa versão, assim como as barras longitudinais de teto que ao colocar barras transversais podem carregar até 40 kg. Câmera de ré e a comodidade de porta USB para o banco traseiro também aparecem nessa versão intermediária.

Na versão LTZ, que só foi apresentada por fotos, os cromados na grade dianteira são o destaque de efeito joia (jewell effect) trazido pela GM, e em harmonia com os cromados as rodas de liga de alumínio de 17” tem acabamento em cor clara. Além da câmera de ré é incorporado o sensor de aproximação traseiro, a chave é presencial e o controle de velocidade de cruzeiro do tipo convencional, não adaptativo

Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas

No topo da gama aparece a versão Premier, inexistente nas gerações anteriores. Os itens de acabamento externo são escurecidos, perdendo os cromados e as rodas de 17” seguem o mesmo conceito. O alerta de ponto cego na carcaça dos espelhos retrovisores externos dá mais segurança na condução, e deveriam ser equipamento obrigatório em veículos que tem a visibilidade parcialmente obscurecida pela coluna “C”. Para maior conforto e comodidde essa versão vem equipada com carregador de bateria de telefona celular por indução, faróis de LED e ar-condicionado com controle automático.

Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas

Foco na caçamba

Desconsiderando a boa central multimídia que incorpora internet a bordo com roteador WiFi para até sete aparelhos, antena com maior capacidade de recepção e o sistema de concierge OnStar, a nova Montana tem incorporado poucos sistemas de auxilio ao motorista. E como indicado na apresentação do produto, a nova picape visa trazer um consumidor de veículos menores e que desejam ascender às picapes, mas sem perder todo conforto de um sedã, hatch ou suve.

São 874 litros de volume total revestidos pelo protetor plástico que através de formas criativas permite criar espaços de porta-objetos sobre as protuberâncias das caixas de rodas. Oito argolas de amarração de carga estão estrategicamente distribuídas no interior da caçamba, porém as inferiores poderiam estar mais abaixo para fixação de carga baixa.

Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas

A iluminação dupla ajuda na arrumação de carga em situação de pouca luz ambiente e o sistema de alívio de peso da tampa facilita a operação. Se a cabine de quatro portas impossibilitou a instalação do degrau lateral, na traseira o para-choque tem esse recurso. A trava elétrica da tampa da caçamba com sensor de aproximação na versão de topo é outro destaque para dar segurança ao estepe posicionado sob o assoalho da caçamba.

Uma lista de 90 acessórios, sendo 24 para a caçamba será apresentado aos compradores para que possam personalizar a picape de acordo com o uso primordial. Um dos conjuntos de acessórios permite instalar uma prateleira com repartições funcionais e divisória de compartimentos na caçamba, possibilitando criar compartimento totalmente fechado para segurança de bens e objetos, mesmo no caso de vandalismo na capota marítima de lona.

Há também a opção de capota rígida com acionamento elétrico, o que traz mais segurança à caçamba. A proteção quanto a chuva é feita através de drenos nas laterais que evita que água de chuva invada o interior da caçamba. Os engenheiros da GM afirmam que até 90% da água que costumeiramente invade uma caçamba é eliminada pelo sistema. A vedação quanto a pó também está melhor, mas as frestas no contorno da tampa com laterais e piso da caçamba serão um caminho certo de intrusão de pó.

Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas

Conclusão

A nova picape Montana está posicionada entre a campeã nacional de vendas Fiat Strada e a campeã de vendas no segmento de picapes médias, a Fiat Toro, e praticamente nas mesmas dimensões da Renault Oroch. Em termos de motorização é superior à primeira e perde para as outras duas, mas o desempenho e o prazer ao dirigir não depende apenas da potência e torque máximos. A dirigibilidade em cargas parciais do acelerador e o casamento do escalonamento do câmbio com o peso do veículo é fundamental.

A primeira impressão é a que fica e no caso da nova Montana me passou a sensação de ótima integração entre os sistemas de propulsão, suspensão e carroceria. A resposta acústica da cabine passa uma quietude que só é incomodada em velocidades acima de 110 km/h por um ruído de baixa frequência devido a vibração da capota marítima. A solução seria a instalação da capota rígida.

No comparativo geral do segmento é difícil determinar se a nova Montana concorre com a Fiat Strada ou com a Fiat Toro, mas certamente ao se analisar com profundidade cada atributo, há ganhos e perdas em relação a uma e a outra, e o grande vencedor é o consumidor que passa a ter mais uma opção no mercado para sua escolha.

GB

(Atualizado em 10/02/23 às 12H45, acrescentada imagem com os preços de todas versões, conforme divulgação da GM no mesmo dia e horário)