Obviamente nada foi combinado entre GM (Montana), Ford (F-150), VW (Polo Track) e GWM (H6 GT). Porém, quatro modelos novos lançados ou apresentados (caso da GWM) neste mês indicam que o consumidor brasileiro terá ainda mais opções no largo intervalo de preço de R$ 80.000 a R$ 500.000.
Montana em quatro versões para todos os gostos
Uma picape de cabine dupla intermediária entre as compactas e as médias é o lançamento mais importante da GM dos últimos anos. A Montana concorre diretamente com a Renault Oroch. As duas têm praticamente as mesmas dimensões, como já havia comentado aqui em 2022, quando o modelo disfarçado chegou a gerar afirmações equivocadas de que estaria próximo ao porte da Toro. Com comprimento de 4.717 mm, 2.800 mm de entre-eixos, 1.659 mm de altura e 1.798 mm de largur,a a mais nova picape do mercado tem 190 mm menos de entre-eixos e é 228 mm menor em comprimento que a da Fiat.
É fato que no visual dianteiro ambas apresentam semelhanças como a grade hexagonal e as luzes de rodagem diurna (DRL), embora a GM aponte que alguns de seus modelos no mercado americano tenham sido a inspiração. A Montana também é rival em patamar acima da Strada cabine dupla que, juntamente com a versão de cabine única, focada no uso comercial, foi o veículo mais vendido no Brasil em 2021 e 2022.
A Montana é uma derivação reforçada do suve compacto Tracker com o mesmo motor de 1,2 L, turbo flex de 133 cv/21,4 m·kgf (A). Oferece duas opções de entrada com câmbio manual (R$ 116.890 e R$ 121.990) e duas versões superiores automáticas (R$ 134.490 e R$ 140.490). Na avaliação inicial, apenas com a versão de topo, em uso urbano e estrada, a sensação é de estar ao volante de um suve. No banco traseiro espaço para ombros e joelhos supera Oroch e Strada.
Mesmo só com duas pessoas a bordo, o conforto de marcha destaca-se. Para cargas maiores a suspensão traseira por eixo de torção recebeu batente de compressão de rigidez diferenciada. Caçamba de 874 litros (28% maior que a da Oroch; 7% menor que a Toro) e 600 kg de capacidade na versão Premier (50 kg menos que a Oroch) inclui alívio de peso da tampa para manuseio com baixo esforço, além de vedação eficiente contra entrada de água e poeira pela capota marítima manual ou elétrica.
Polo Track tem robustez do Gol, além de maior espaço
A versão de entrada do Polo que a VW trata como produto à parte, mas garante o mesmo preço do Gol equivalente (R$ 79.990, anunciado em novembro passado), oferece um produto melhor em termos de segurança, espaço interno em todas as dimensões e porta-malas (300 litros, ou 14% a mais que o antigo campeão de vendas).
O Track tem outras vantagens sobre o Gol como dirigibilidade bem melhor, suspensão recalibrada com novos amortecedores, direção eletroassistida (assistência hidráulica no Gol), luzes de rodagem diurna (DRL), assistente de partida em rampa, monitoramento de pressão dos pneus e bloqueio eletrônico do diferencial. Entretanto, não tem alças no teto como no modelo aposentado.
Sem dúvida o Track posiciona-se bem entre outros hatchbacks de entrada da (acirrada) concorrência e que ainda representa o segmento de maior volume do mercado brasileiro. Sua distância entre eixos é marginalmente maior que Onix, HB20 e Argo, mas na aceleração de 0 a 100 km/h em 13,5 s perde para Onix (0,2 s melhor) e Argo (0,1 s) e ganha do HB20 (1 s mais lento). Porém, no uso diário essas diferenças são inexpressivas.
Em viagem de avaliação de São Paulo a São Bento do Sapucaí (SP), 400 km ida e volta, o Polo Track enfrentou os buracos em alguns trechos com galhardia. Potência (77 cv) e torque (9,6 m·kgf) com gasolina limita o desempenho nas subidas, contudo alinhado aos principais concorrentes.
Ford F-150: picape grande e superequipada
‘Picapes grandes estão em um nicho de oferta muito limitada e antes restrita apenas às Ram 1500/2500/3500, a primeira com motor a gasolina e as outras duas a diesel, sendo que estas exigem carteira de motorista (CNH) de caminhão leve (tipo C). A Ford decidiu importar a F-150, líder de vendas nos EUA, porém as entregas estão previstas a partir de maio. São duas versões, Lariat (R$ 470.000) e Platinum (R$ 490.000), ambas com motor V-8 a gasolina de 405 cv e 56,7 m·kgf de torque, o mesmo do Mustang.
Uma diferença exclusiva da F-150: caçamba e quase toda a carroceria (montada sobre chassi) é feita em alumínio. Isso economizou 200 kg na massa total, o que traz vantagens em termos de desempenho (0 a 100 km/h, 7,1 s) e consumo de combustível (6,3 km/l, cidade; 8,6 km/l, estrada). A Ram 1500 é uma pouco mais rápida (0 a 100 km/h, 6,4 s), mas perde em consumo. O modelo da Ford permite CNH para automóveis (tipo B).
Entre os equipamentos estão tampa da caçamba de acionamento elétrico, escada de acesso com degrau e barra de apoio escamoteáveis. Dimensões externas são avantajadas: 5.884 mm de comprimento, 2.089 mm de largura, 3.694 mm de entre-eixos e caçamba de 1.370 litros. O tanque de combustível de 136 litros permite alcance de até 1.170 km em estrada.
GWM apresenta o suve Haval H6 GT
O Autódromo de Interlagos, em São Paulo, foi escolhido para as primeiras impressões do Haval H6 GT. O suve-cupê é um híbrido plugável com motor 1,5-L turbo a gasolina e dois motores elétricos (um em cada eixo). Potência e torque combinados chegam a 393 cv e 77,7 m·kgf. É o mesmo trem motriz do H6 Premium revelado no Rio de Janeiro, em novembro passado.
Desempenho é seu ponto forte, com aceleração de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos e respostas ágeis, embora carroceria incline bastante nas curvas como a maioria dos suves. A marca chinesa promete média de consumo de até 27 km/l e alcance de 1.052 km, podendo rodar até 170 km no modo elétrico (a corrigir pelo padrão Inmetro).
Bateria de 34 kW·h pode ser recarregada de 10 a 80% em meia hora em estação de carregamento rápido. Desenho é bonito, ainda que com linhas um pouco genéricas. Interior impressiona pelo acabamento de boa qualidade e duas telas de alta resolução. Principais funções do carro são controladas pela central multimídia, incluindo comandos de climatização e assistentes de condução.
Os dois H6 serão os primeiros modelos importados pela fabricante no País, a partir de março próximo. Preços ainda não estão estabelecidos.
FC