É curioso como a principal categoria do automobilismo mundial se deixa envolver por situações caóticas e também previsíveis. Apesar de haver regras sobre o possível fim antecipado de um GP, não raramente decisões controversas são adotadas, o que desperta questões sobre possível interesse dos promotores da Fórmula 1 em privilegiar o espetáculo em detrimento do esporte. Domingo, em Melbourne (foto de abertura), a corrida teve três interrupções e as duas últimas deixaram claro a falta de discernimento que marcou a terceira etapa do ano.
A primeira interrupção aconteceu na volta número 7, quando Alex Albon rodou na chicane formada pelas curvas 6 e 7. Inicialmente o diretor de prova, Niel Wittich, autorizou a entrada do safety car para o Williams do anglo-tailandês poder ser removido, mas em seguida optou por interromper a prova. Nesse episódio foi adotado o procedimento de largada lançada, após uma volta pelo circuito com o Safety Car à frente.
Na volta 58, faltando duas para a bandeirada, Kevin Magnussen provocou a segunda interrupção, ao bater na murada de proteção instalada na saída da curva 2. O acidente gerou uma nova bandeira vermelha e após um bom tempo foi anunciado o reinício da prova com largada parada. A decisão pode ser considerada como a gota d’água que fez o copo transbordar: com mais de 75% do percurso completado, o diretor de prova poderia encerrar a prova em lugar de exibir a bandeira vermelha, sinalização que indica aparada total e imediata de todos os carros.
Ao optar por reiniciar a prova por mais duas voltas, deixou margem a interpretar sua decisão em favor do espetáculo. Ainda que o encerramento precoce fosse um verdadeiro anticlímax para o evento, certamente seria a decisão correta e sensata. Mais do que isso, autorizou a largada com bandeiras amarelas, mesmo não existindo obstáculos na pista. Muito pior foi que o reinício da prova foi marcado por um novo acidente, nova interrupção e após um longo debate entre o diretor de prova, a autoridade máxima do evento, e os delegados esportivos, optou-se por reiniciar a prova com ultrapassagens proibidas até a bandeirada, o que é proibido pelo regulamento. Para deixar o clima ainda mais tenso, houve uma invasão de pista, algo que poderá acarretar multas aos promotores australianos, motivo suficiente para encerrar prova naquele instante.
A segunda largada prejudicou duas equipes em particular, Ferrari e Renault. A Scuderia, que já amargava o abandono de Charles Leclerc na primeira volta, perdeu o quarto lugar após Carlos Sainz ter sido punido com acréscimo de cinco segundos no seu tempo de prova. Os comissários desportivos consideraram que ele foi culpado por provocar o acidente na curva 1, quando seu carro tocou no de Fernando Alonso, que, diga-se de passagem, saiu em defesa do compatriota. Na sequência Pierre Gasly saiu da pista e ao voltar acabou batendo no seu companheiro da equipe Alpine, Esteban Ocon, eliminando ambos de uma prova onde certamente terminariam entre os 10 primeiros. Em uma época de controle de gastos anuais, os prejuízos decorrentes de batidas como essa podem influir no desenvolvimento do carro durante o ano.
Max Verstappen conseguiu sua segunda vitória do ano e segue na liderança do campeonato. Lewis Hamilton e Fernando Alonso, nessa ordem, completaram o pódio. O inglês chegou a liderar a prova entre as voltas 7 e 11 enquanto o espanhol diminuiu a diferença que o separa de Sérgio Pérez na classificação atual do campeonato, que prossegue dia 30, com a disputa do GP do Azerbaijão, em Baku. O resultado completo do GP da Austrália você encontra aqui.
Serra e Camilo vencem na abertura da Stock Car
Daniel Serra e Thiago Camilo foram os vencedores da etapa de abertura da temporada 2023 da Stock Car Pro Series, evento disputado em Goiânia, no domingo. Serra, tricampeão em 2017/18/19, largou em quinto na corrida 1, onde venceu com 2”177 de vantagem sobre Ricardo Zonta. Somando os pontos do oitavo lugar na corrida 2 ele é o líder do campeonato com 43 pontos, seguido por Camilo (39) e Ricardo Maurício (34). Com a vitória na corrida 2 Thiago Camilo se converteu no maior vencedor da categoria entre os 31 pilotos inscritos. A prova marcou a estreia dos pneus Hankook na categoria após decisão dos promotores da Stock Car em não renovar o acordo que tinham com a Pirelli.
WG
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