O monegasco Charles Marc Hervé Perceval Leclerc (foto de abertura) passou no vestibular da Academia Ferrari em 2016 e após duas temporadas de preparação intensa na F-3, onde foi campeão pela equipe ART Grand Prix e na F-2, quando venceu o Campeonato de F-2 pela equipe Prema, acabou promovido a piloto oficial da Alfa Romeo-Sauber, time considerado como equipe-satélite da Scuderia. Nesse ano marcou 39 pontos e ficou em 13º na tabela de pontos. Seu melhor resultado foi um sexto lugar no GP do Azerbaijão, aquela corrida onde Max Verstappen e Daniel Ricciardo se auto eliminaram na 40ª volta.
Promovido à Scuderia em 2019, Leclerc correspondeu às expectativas: venceu em Spa-Francorchamps e Monza, dois circuitos de velocidade média alta, e terminou o ano em quarto, com 264 pontos, 24 à frente de Sebastian Vettel, primeiro piloto da Ferrari, e atrás apenas do campeão Lewis Hamilton (413), Valtteri Bottas (326) e Max Verstappen (278). Tal resultado encheu de esperança toda a enorme legião de tifosi, como são chamados os torcedores fanáticos da equipe italiana.
Em 2021, porém, a temporada não foi das melhores: ele não venceu nenhuma vez e marcou apenas 98 pontos, ficando em oitavo lugar. O monegasco continuou em alta, cortesia da conturbada série de erros estratégicos da equipe e à opaca campanha de Vettel, que obteve um único pódio, na Turquia, e somou apenas 33 pontos.
A temporada seguinte não seria muito melhor: um único pódio em Silverstone (2º) e 159 pontos ao longo do ano o deixaram em sétimo no campeonato. Como amargo contraponto, seu novo companheiro de equipe, Carlos Sainz Jr., ficou em quinto lugar, obtendo o segundo lugar em Mônaco e pódios na Hungria, Rússia e Abu Dhabi, o que contribuiu para marcar 164,5 pontos e ficar em quarto lugar no campeonato, atrás de Verstappen, Hamilton, Bottas e Pérez. Nas duas temporadas seguintes o efeito montanha russa novamente marcou seu currículo.
Em 2022 iniciou o ano como grande rival de Max Verstappen, liderou a temporada por cinco etapas e foi superado pelo rival holandês no GP da Espanha e só foi vice-campeão porque Verstappen não moveu uma palha para ajudar Sérgio Pérez a obter resultados melhores na fase final do campeonato. O mexicano terminou o ano três pontos atrás do monegasco (305 a 308). Carlos Sainz venceu seu primeiro GP , na Grã-Bretanha, abandonou em seis oportunidades — parte por erros da Scuderia, parte por erros dele próprio —, e somou 246 pontos, suficiente para deixá-lo novamente em quinto lugar, atrás de George Russell (275) e à frente de Lewis Hamilton (240).
Este ano o piloto espanhol mostra regularidade ao pontuar em quatro das cinco etapas já disputadas, contra apenas duas do monegasco, que tem a seu favor um pódio: foi terceiro no Azerbaijão, onde ficou em segundo lugar na Sprint Race. Tal situação sugere concluir que Sainz (em quinto no campeonato, com 44 pontos) é muito melhor segundo piloto do que Leclerc (sétimo, 34) primeiro.
Em meio à enésima reestruturação da Scuderia, desde o início da temporada sob o comando de Frédéric Vasseur, tal panorama é pouco auspicioso: para lutar por vitórias e pelos títulos de Pilotos e Construtores, a Ferrari ou qualquer outra equipe de uma organização praticamente infalível, carros eficientes e de dois condutores regulares e competitivos. Atualmente, apenas a Red Bull atende à tais necessidades e entre o time austro-inglês e a Scuderia dois times são obstáculos dos mais difíceis: a Aston Martin e a Mercedes. Situação que joga a favor do crescimento de Carlos Sainz e da instabilidade de Charles Leclerc, que no último final de semana bateu duas vezes na curva 7 do circuito de Miami.
Na pista a dupla da Red Bull segue imbatível: após cinco provas disputadas Verstappen já soma três vitórias contra duas de Pérez e Fernando Alonso subiu ao pódio quatro vezes. A única vez que o espanhol não se juntou aos líderes do campeonato foi graças a Leclerc…
O resultado completo do GP de Miami você encontra aqui.
WG
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