quando comorei o apartamento onde moro em 1979, o prédio no centro do terreno tinha um belo jardim frontal, a escada até a porta de acesso â sala de estrar no térreo, cuja porta era de vidro, e no final desta sala ficava um pequeno balcão de madeira para o porteiro, que acumulava a função de zelador. Nunca tivermos problema de invasão, tampouco de furtos, mas por volta de 1990 os moradores, assustados com as notícias de assaltos em prédios, em assembleia decidiram cercar a propriedade e construir uma guarita para o porteiro. Uns vinte anos à frente, para segurança, foi o sistema de eclusa, o de acesso ao prédio em duas etapas. Desagradável tanto para visitantes quanto para os próprio moradores, mas era necessário.
Dois ou três anos após a criação do AE em agosto de 2008, achamos que deveríamos interagir com os leitores e criamos o espaço para comentários, um sucesso. Não havia cerca, isto é, moderação. Os comentários era absolutamente livres. Se víssemos algum inconveniente, abusivo ou ofensivo, bem poucos no começo, eram apagados. Mas com o passar do do tempo o que era pouco foi aumentando, era preocupante, e começamos a pensar em filtrar os comentários antes da publicá-los. O catalisador de decisão de passar a moderar foi um idiota entupir a seção com centenas de comentários iguais numa só noite. Após fazermos a devida e trabalhosa “assepsia”, teve isso início a moderação no AE. Muito a contragosto, mas foi necessário.
Os dois cenários acima descritos têm o denominador comum de mudanças na sociedade que lamentavelmente ocorreram e vêm ocorrendo.. O melhor exemplo é não se poder mais falar ao telefone celular na rua pelo risco de tê-lo roubado ou, pior, perder a vida.
Duas semanas atrás um amigo me disse para eu ver os comentários após minha participação no videocast “Você na roda”, do grande e admirado jornalista João Anacleto, em 24 de janeiro, e fiquei surpreso com a quantidade de elogios, a mim jamais poderia imaginar. Mas um leitor que comenta habitualmente no AE me criticou no tocante aos comentários, que não aceito críticas, etc. Ele escreveu:: “Pena que no site dele o sistema de comentários tem censura. Lá não se pode criticar nenhuma marca e nenhum carro. Se você crítica, mostra as provas etc. Seu comentário é removido. Nisso até a bosta da 4 Rodas está mais corajosa, pois já vi a mesma descer a lenha na Jeep, na Fiat, GM, etc.”
Não o bani dos comentários depois disso, inclusive ele continua a comentar. Eu só quis contar esse fato para justificar a necessidade de moderação, uma vez que a seção de comentários é “a menina dos olhos do AE”, por isso mesmo alvo de toda a minha atenção, mas esse espaço não é “Muro das Lamentações”. Aceito críticas embasadas, em bons termos, e sei discernir as infundadas das justas. Tenho imenso prazer em “conversar” com os leitores dessa forma e digo, aprendo muito com vocês. É uma verdadeira troca de conhecimento. Por isso deboche, ofensas a mim a outros leitores e empresas (como a do leitor acima que me criticou) são intoleráveis, por isso são censuradas.
Como moderador principal (quando estou ausente o editor de Testes Gerson Borini assume) e editor-chefe, aproveito a leitura das comentários para efetuar correções ortográficas, gramaticais e de grafia de nome, pessoais e de marcas de automóveis, sempre com objetivo de proporcionar aos leitores a melhor leitura possível, compromisso que assumi poucos dias depois de integrar a equipe do AE logo no seu começo quinze anos atrás.
Também, há comentários tão ricos e bem escritos e/ou longos demais que não são publicados, por eu ver neles qualidades para se tornarem matérias. Caso recente do antigo leitor “Avatar” e sua “Menos é mais“, de 8 de agosto p.p., dentro da seção ‘Histórias dos Leitores’.
Não se esqueça, leitor ou leitora, que você é a razão da nossa existência.
BS
A coluna “O editor-chefe fala” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.