O Pulse Abarth foi apresentado em novembro de 2022 no autódromo de Tarumã, onde pude conferir seu desempenho em uma das pistas mais rápidas do Brasil, e o resultado foi animador. Mas faltava uma avaliação mais criteriosa, com maior tempo, pelas ruas desse nosso país para ver como que o carro que carrega a marca do escorpião se sairia.

O suve compacto esportivo está anunciado no site da Abarth por R$ 149.990 para a cor preto Vulcano. As cores branco Banchisa e vermelho Montecarlo têm acréscimo de R$ 990 e na cor cinza Strato (veículo testado) a adição é de R$ 1.490. E não há mais nenhum pacote de opcionais, visto que o carro já é fornecido bem completo, sobrando espaço apenas para os acessórios Mopar.

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Desempenho

Se a filosofia do Carlo Abarth era humilhar carros maiores e mais caros com um hatchback, a essência do seu pensamento está caracterizada no Pulse Abarth, o primeiro suve do mundo a carregar seu nome. O desempenho para uso no dia a dia está na medida exata. O motor T270 de 4 cilindros em linha, 1,3-l turbocarregado, flex, com injeção direta e tecnologia Multair III para comandar o tempo, fase e abertura das válvulas de admissão deixou o carro com ótima dirigibilidade enquanto se utiliza o modo normal de condução.

Ao ativar o modo Poison a resposta do pedal do acelerador deixa o carro mais nervoso, e chega a ficar inadequado para uso no trânsito diário. A direção fica mais pesada o que é ideal para ritmos de mais alta velocidade. Nessa condição a vetorização por torque ajuda no contorno de curvas de média e baixa velocidade.

A falta de opção de câmbio manual é perfeitamente aceita pelo fato do conforto que o câmbio automático de engrenagens epicíclicas proporciona para o uso no dia a dia. E quando ativado o modo manual, as trocas podem ser feitas pelas borboletas atrás do volante, parecendo um piloto de F-1, ação que seria impossível com o câmbio manual. Em uso de pista já vimos que esse câmbio automático não decepciona. Ok, mas faltou a opção de câmbio manual para quem gosta de utilizar três pedais tendo apenas dois pés. #savethemanuals

Outra característica muito importante deste motor de 180/185 cv a 5.750 rpm e 27,5 m·kgf a 1.750 rpm é suavidade que essa potência e torque crescem com a aceleração. Em cargas parciais de pedal de acelerador nota-se ótima dirigibilidade para retomadas de velocidade e as trocas de marchas tem a mesma suavidade, mostrando que está bem ajustado para a condução em trânsito normal das nossas cidades.

Conforto de rodagem

Os engenheiros da Stellantis conseguiram unir o útil ao agradável. O desempenho na pista de Tarumã mostrou um bom acerto da suspensão, direção e pneus para contornar as curvas do circuito, mas apesar da Fiat não ter confirmado, sabemos que naquela situação a pressão dos pneus é aumentada para deixar o carro mais rápido em curvas.

Na avaliação desta semana, com a pressão normal dos pneus foi possível notar o bom compromisso entre conforto e estabilidade . Nos trechos de paralelepípedos e asfalto desgastado aparece a aspereza de rodagem do atrito do pneu com o solo, mas esta é bem filtrada pelos elementos da suspensão e chega à cabine em nível aceitável para um veículo dessa categoria.

Por outro lado, ao contornar as curvas na Estrada das Cabras em Joaquim Egídio nota-se que o veículo é bem neutro, chegando ao leve escorregamento nas 4 rodas, e perto do limite o escorregamento é mais dianteiro, mostrando um acerto adequado para um carro de rua. Afinal, a reação de um motorista tende a ser tirar o pé do acelerador, ou até frenar ao perceber que entrou muito rápido n

uma curva desconhecida, e sendo um veículo com tendência dianteira, essa é a manobra correta. Fosse um carro com tendência traseira, essa atitude poderia causar a perda do controle.

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O ajuste da suspensão é outro grande acerto dos engenheiros de Betim, MG. Conseguiram dar ao veículo uma movimentação equilibrada entre os eixos dianteiro e traseiro, sem que o veículo se mostre excessivamente solto na passagem por ondulações em maior velocidade. E o que é melhor, no uso sobre piso com vários remendos de asfalto não se mostra desconfortável. No veículo testado, ruídos de atrito entre acabamentos plástico do interior incomocaram, algo que os técnicos da marca poderiam melhorar para que o conforto seja total.

Segurança

O pacote de itens de segurança e auxílio ao motorista do Pulse Abarth é bem completo, e o rebaixamento da suspensão em 10 mm trouxe uma sensação de maior segurança, pois a rolagem da carroceria é mais contida. Mérito também para a barra antirrolagem dianteira e eixo traseiro com maior rigidez torcional.

Na segurança passiva são seis bolsas infláveis (frontais, laterais e cortina dianteira), e atende a requisitos de proteção a pedestres, com destaque para os futuros requisitos de impacto lateral em poste a 90 graus (29 km/h) e 75 graus (32 km/h).

Os faróis em LED iluminam muito bem e formam poucas manchas e sombras, sendo que a comutação automática de alto é uma tranquilidade a mais para viagens longas. A detecção de obstáculos à frente com frenagem autônoma de emergência pode ser ajustada em três níveis de sensibilidade, o mesmo ocorrendo no sistema de permanência de faixa.

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Os freios a disco ventilado na dianteira de 305 mm de diâmetro e tambor na traseira de 203 mm de diâmetro já haviam mostrado sua eficácia na avaliação no autódromo de Tarumã e nessa semana de uso não há nada que os desabone, exceto a frustração de ver um veículo esportivo com freios a tambor na traseira, mesmo que sejam aletados para melhorar a dissipação de calor. Disco traseiro ficaria mais elegante. Assim como é elegante o freio de estacionamento eletromecânico de ativação/desativação automática com o câmbio em P e D, desde que o cinto de segurança do motorista esteja afivelado. Além de liberar mais espaço no console central.

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Informação ao motorista

O quadro de instrumentos agrega novas informações para esta versão Abarth do Pulse, tendo um manômetro para indicar a pressão do turbo e um acelerômetro para indicar os níveis de aceleração nos dois eixos (longitudinal e lateral). Tal qual é apresentado em muito veículos superesportivos, a Stellantis fez o mesmo no seu esportivo compacto e deixou o conta-giros ao centro, em evidência, e com escala analógica sentido horário. Exatamente como deve ser. A velocidade é apresentada ao centro do conta-giros em digital. Essa é a configuração mais completa, mas o motorista tem outras opções à sua escolha.

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A central multimídia de 10,1” faz o pareamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, e possui carregador por indução para bateria de celular no console central. Uma insuflação de ar do sistema de ar-condicionado fica responsável pelo resfriamento do celular durante o carregamento.

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Não só aparência

Como já deu para notar, o Pulse Abarth é muito mais do que aparência de esportivo, é um suve que até poderíamos chamar de hatchzão, com DNA distinto dos seus irmãos, e que entrega o que apresenta na sua roupagem exterior.

Fica a curiosidade de como será seu desempenho e aceitação nos eventos de track day nos autódromos do Brasil. Será que conseguirá substituir a lacuna deixada pelo fim da produção do Renault R.S.? Em um primeiro momento parece muito adequado para ser aquele carro de uso diário e que no final de semana pode ser levado para diversão na pista, mas só o tempo (no calendário e no cronometro) irá nos dizer se estamos certos. A conferir!

GB