No último sábado (2/9) realizou-se a quarta etapa do Campeonato Paulista de Rally Clássicos e estive presente representando o AE e a Revista Curva3, ao lado do navegador Antônio Nunes Júnior, que colabora como fotógrafo em algumas matérias do AE. Utilizamos o mesmo Kadett GSI conversível 1993 da primeira etapa em agosto, mas desta vez já com a nova placa preta de coleção.
Os 88 carros inscritos partiram da Escola de Educação Física da Polícia Militar do Estado de São Paulo às 9h da manhã, com intervalo de um minuto entre cada carro. Todos em direção à região de São Roque, por onde circulamos por várias localidades, sempre utilizando estradas asfaltadas, mas com uma quantidade infindável de lombadas. Há quem diga que foram mais de duzentas em um trecho total de 178 km de rali.
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O objetivo do rali de regularidade é manter a média horária estabelecida pelo organizador, sendo que essa média vai sendo alterada ao longo da jornada, justamente para dificultar a navegação e aumentar a competição e competitividade entre os participantes.
O regulamento estabelece cinco categorias:
– PRO – veículos fabricados até 1993 que possuam equipamentos de navegação integrados
– Históricos – veículos fabricados até 1970
– Super Colecionáveis – veículos fabricados de 1971 a 1980
– Clássicos – veículos fabricados de 1981 a 1993 (categoria do nosso Kadett GSI Conversível)
– Futuros Clássicos – veículos fabricados de 1994 em diante
As inúmeras lombadas, subidas e descidas que encontramos durante o percurso foram um desafio para manter a média horária. Somado a isso, o tráfego intenso de veículos de passeio, caminhões e ônibus em uma região turística, no sábado de manhã, formaram um desafio adicional. Ora estávamos atrasados em relação ao tempo ideal, ora adiantados, sendo obrigado a segurar o fluxo dos carros que vinha atrás de nós.
Ao longo do percurso percebi que o ideal era chegar 1,5 a 2 segundos adiantado a cada lombada, pois para transpor e reacelerar o veículo até a velocidade determinada havia a compensação desse tempo adiantado. Sabendo que nos 200 metros que antecedem e que sucedem uma lombada não há PC – Posto de Controle, tendo sido possível utilizar esse recurso sem prejuízo na pontuação. Mas para isso é preciso ter um carro com bons freios e com bom motor para reacelerar, ou simplesmente uma picape média com boa altura livre do solo e bom curso da suspensão para passar sem frear.
Alguns competidores foram obrigados a desistir, pois os carros com suspensão mais baixa não suportaram a quantidade e tamanho das lombadas. Está aí uma coisa que poderia ser eliminada ou pelo menos melhorada nesse nosso Brasil. O Contran especifica o tamanho e formato das lombadas, além de obrigar que nos obstáculos sejam pintadas faixas inclinadas com tinta amarela, e poucas, ou talvez nenhuma que encontramos pelo caminho atendia a essa regulamentação. Se por um lado ajudam a reduzir a velocidade dos carros nas vias, por outro, ao não estarem bem sinalizadas ou na dimensão correta, passam a ser armadilhas para os motoristas e seus veículos.
Mas voltando ao rali e seu percurso, esse é aquele momento em que piloto e navegador estão sozinhos dentro do carro seguindo uma planilha em papel e/ou no aplicativo do celular. Passa a ser um desafio da dupla, e um grau de satisfação de ir conferindo o tempo e distância a cada marco de referência. São pequenas comemorações quando está dando tudo certo e pequenas discussões quando aparecem os atrasos. E nesse caso a única opção é acelerar e contar com a potência do veículo para recuperar o mais rápido possível o tempo perdido em uma ultrapassagem, um sinal vermelho, ou até mesmo o erro em alguma conversão.
A paisagem, para ser sincero, não dá muito tempo de olhar. Havia momentos que não sabia mais para que lado estava indo. Enquanto, eu, como piloto, tinha a obrigação de controlar a média horária e meu foco era total no aplicativo, meu navegador tinha o foco em me avisar sobre caminho a seguir, entroncamentos e dificuldades sinalizadas pela organização da prova no livro de bordo.
Após quatro horas de percurso e uma hora de descanso chegamos às futuras instalações do Dream Car Museum, um local onde em breve todo autoentusiasta e antigomobilista terá obrigação de conhecer. Um museu do automóvel que está sendo construído na estrada Rota do Vinho em São Roque, SP, e que tem inauguração prevista para novembro.
Resultado
Nosso resultado nesta prova foi bem melhor que o 13º da primeira etapa. A partir do momento emm que não nos perdemos em nenhuma das conversões, percebi que estaríamos no páreo para obter nosso primeiro pódio na temporada. E foi justamente o que aconteceu, com 1.297 pontos perdidos conquistamos o segundo lugar na categoria Clássico entre 17 participantes desta etapa.
O primeiro colocado desta categoria perdeu 1.089 pontos, o terceiro colocado 1.377e o quarto colocado, 1.389. Uma diferença muito pequena entre os quatro primeiros mostrando a competitividade e dificuldade que todos enfrentaram. Lembrando que cada ponto representa apenas 1/10 de segundo, e ao longo do percurso foram 101 postos de controle. Resumindo, é como se o primeiro colocado tivesse passado apenas um 1,1 segundo adiantado ou atrasado em cada um dos 101 PCs, lembrando que os PCs são secretos para os participantes e só revelados suas posições ao final da prova.
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Na classificação do campeonato estamos na 11ª posição (entre 42 participantes) com 19 pontos, tendo participado de apenas duas das quatro etapas já realizadas. Faltando agora a última etapa, que será em dose dupla no último final de semana de outubro, com destino ainda não divulgado pela organização da prova.
Resultado_ProvaUnica_Clas_Et_4_
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