Nesse dias de feriado prolongado com “ponte” a Agência de Transporte de São Paulo (Artesp) tem emitido boletins diários ou mesmo bidiários informando as condições das estradas. Ontem foram dois, às 13 e às 17 horas. Hoje (domingo), até a hora em que escrevo a colina, nenhum.
Os boletins são úteis? Sem dúvida, pois informam pontos de lentidão ou congestionamento como “do quilômetro x ao y da rodovia A”, quase invariavelmente atribuindo a ocorrência ao “excesso de veículos”. Alguns boletins sequer isso mencionam.
Sempre me intrigaram os congestionamentos sem causa aparente, a maioria. Por exemplo, por que a marginal do Tietê, sentido leste, congestiona ou mesmo para, se não houve registro de acidente ou veículo parado em alguma faixa de rolamento, se ela desemboca em duas rodovias, a BR-116 Presidente Dutra e SP-70 Ayrton Senna e as praças de pedágio são distantes? TEM que haver uma causa.
Para saber qual câmeras não resolvem por serem fixas. Só se forem móveis. Sobrevoo de helicóptero resolveria, mas é um operação cara e até perigosa se o teto estiver baixo ou houver nevoeiro, seja de dia ou de noite. Fora que helicópteros são caros. Um Bell 206 Jet Ranger, por exemplo, passa de 1,5 milhão de dólares, custo esse que no fim das contas acaba saindo o bolso dos contribuintes não importa se pessoas físicas ou jurídicas. Som contar seu custo de operação, combustível, manutenção, seguro, salario do piloto e outros.
O que um helicóptero faz um drone pode fazer a um custo insignificante comparado ao ao de um helicóptero e pode transmitir imagens em tempo real. Portanto, há como saber a causa de qualquer congestionamento e providenciar a ação corretiva cabível à polícia rodoviária e/ou aos órgãos rodoviários, sempre possível.
Quando do embargo de petróleo imposto pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) aos Estados Unidos em 1980, o governo americano estabeleceu um limite de velocidade rodoviário nacional.de 88 km/h com o objetivo de poupar combustível. Para os padrões de lá é uma velocidade muito abaixo do razoável e, assim, não era lá tão respeitado pela maioria dos motoristas. Mas havia quem respeitasse e os carros desses motoristas eram verdadeiros obstáculos móveis que, obviamente, prejudicavam o fluxo do trânsito nas estradas. Quando um policial rodoviário se deparava com um cumpridor do limite de 88 km/h, emparelhava com o carro e com gesto de mão acompanhado do berro “Go!!, acelere”! mandava o cumpridor do limite andar mais rápido mesmo que infringisse a lei.
Que lição podemos tirar disso? Além dos nossos limites de velocidade serem baixos demais, há muitos motoristas que nem a tais velocidades trafegam. Canso de ver na Castello Branco, entre São Paulo e Araçariguama, a caminho da curva AE, carros a 70 km/h no trecho de limite 100 km/h e a 90~100 km/h onde o limite é 120 km/h. Com o atual volume de veículos é fácil entende o que acontece quando há dezenas ou centenas “obstáculos móveis” nas rodovias. Mesmo nas pistas expressas das marginais Pinheiros e Tietê, de 90 km/h de limite, é comum ver carros a 60, 70 ou 80 km/h.
Há uns anos, num feriado prolongado de 15 de novembro (Proclamação da República), resolvi ia visitar primos em Bananal, SP, viagem que começa pela via Presidente Dutra ou Ayrton Senna.. Nesta, antes de chegar a sua continuação, a rodovia Carvalho Pinto, portanto km 90 aproximadamente, levei três horas sem que houvesse algum tipo de obstrução. Mesmo na entrada do restaurante Frango Assado não havia a fila que poderia ocupar uma faixa, pois a rampa de acesso é ampla.
Por que peguei a rampa? Foi para abortar a viagem. Não dava para aguentar tamanho absurdo.
Portanto, entendo que a Artesp tem a obrigação de informar nos seus úteis boletins a causa real dos congestionamentos e parar com a esfarrapada e desgastada explicação “excesso de veículos” para os trechos congestionados.
BS
A coluna “O editor-chefe fala” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.