É quando o calor é forte, como nesta primavera ainda distante 41 dias do verão, que agradecemos ao americano Willis Carrier por ter criado o ar-condicionado no longínquo ano de 1902. E também aos engenheiros da sua conterrânea fabricante Packard por terem aplicado o equipamento em 1939, portanto 84 anos atrás.
Muitos associam o ar-condicionado nos automóveis a luxo e conforto. Luxo, não mais faz tempo. porém a noção de conforto continua. Hoje até os carros mais simples e de menor preço têm ar-condicionado, se não de série, opcional.
Mas ar-condicionado é mais que conforto, Ele integra a chamada segurança preditiva, a que proporciona ao motorista condições ideais para dirigir. Por exemplo, um banco correto do ponto de vista anatômico ou uma direção que tenha centro definido. Se é intuitivo o efeito maléfico do calor sobre quem está ao volante quando a temperatura ultrapassa 25 ºC, imagine-se 35~38 ºC. Isso especialmente em trajetos longos com janelas necessariamente abertas e o insuportável ruído de vento.
O ar-condicionado é tão importante que até o espartano Ferrari F40 tinha o equipamento à exclusão de qualquer outro item de conforto.
Controle da temperatura
Há dois tipos de controle da temperatura de bordo quando o ar-condicionado está em uso. Um é manual, por botão giratório ou deslizante, com uma escala por detrás com cores de azul (frio) a vermelho. O motorista ou acompanhante faz o ajuste ao ponto de se sentirem confortáveis Outro é automático e mantém a temperatura escolhida num mostrador digital, temperatura esta independente da externa. É o sistema ideal.
Nos sistemas mais sofisticados a temperatura pode ser ajustada por lado. sistema chamado de duas-zonas, pois nem todos têm a mesma sensação térmica (foto de abertura).
Já temperaturas muito baixas acarretam redução da segurança preditiva se o motorista, para se proteger do frio, agasalhar-se demais tolhendo a livre movimentação dos braços. Por isso é essencial o veículo dispor de sistema de aquecimento independente de ter ou não ar-condicionado. Havendo aquecimento pode-se usar agasalhos leves ou mesmo nenhum, minha preferência..
Consumo e desempenho
Há quem critique o ar-condicionado por aumentar o consumo de combustível, combinado com perda de desempenho, o que é absolutamente verdadeiro. Todo sistema de ar-condicionado tem um componente chamado compressor para comprimir o fluido refrigerante, o gás chamado Freon R134a, que se torna líquido. Este, ao se expandir e se vaporizar numa espécie de radiador por trás do painel, chamado evaporador, há forte queda de temperatura nele. O ar interno, movimentado por um ventilador, passa pelo gelado evaporador e baixa a temperatura desse ar. O gás continua seu movimento e chega ao condensador na dianteira do veículo e se torna líquido novamente..
Tudo isso para dizer que é preciso potência para acionar o compressor e a fonte dela é o motor do veículo. É o que faz aumentar o consumo de combustível., ou seja, o conforto proporcionado pelo ar-condicionado tem seu custo, o aumento do consumo. e perda de desempenho.
Um carro compacto precisa de um ar-condicionado de 15.000 BTU/h (British Thermal Unit , uma unidade de potência). 15.000 BTU/h corresponde a 5,9 cv. Num motor de 60 cv são quase 10%
Quarenta e novo anos atrás precisei vir a São Paulo (morava no Rio) para um treino em Interlagos e um grande amigo (até hoje) insistiu para que eu viesse com o 911 Carrera 2,7 dele. Pois mesmo com 210 cv havia nítida perda de desempenho com o ar-condicionado ligado.
Mesmo assim considero o ar-condicionado uma invenção (muito) bem-vinda!
BS