Volta e meia me pego pensando nas boas ideias que foram (e continuam) chegando aos automóveis. A maioria detalhes, mas como agradam! A ordem abaixo é aleatória.
Espelho retrovisor interno dia/noite
Importante registrar o espelho retrovisor interno (foto de abertura), chamado prismático, popularmente dia/noite, que por meio de pequena alavanca na borda inferior o espelho se mover ligeiramente na carcaça “mirando” o teto, dessa forma abatendo quase totalmente a luz dos faróis do carro de trás. Surgiu nos anos 1960-1970. A evolução foi o espelho interno que escurece a imagem refletida quando seu vidro especial recebe a (incômoda) luz dos faróis do carro à retaguarda. É chamado espelho eletrocrômico. A em alguns carros a função pode ser desligada por um interruptor nele..
Chaves simétricas
Por exemplo, chaves simétricas. Como era chato precisar usar o lado certo para introduzi-las nas fechaduras, especialmente no interruptor de ignição e partida. O engraçado é que até relativamente pouco tempo havia o mesmo problema nas tomadas dos cabos do carregadores de bateria dos telefones celulares, hoje simétricas.
Desarme automático do indicador de direção
Invenção bem-vinda é o desligamento automático da seta. Não achei qual foi o primeiro carro a ter, mas é coisa dos anos 1950 ou 1960. O DKW-Vemag não tinha o recurso, tampouco o Gurgel BR-800. Excetuando o Simca Chambord, que usava sistema temporizado por aquecimento de uma resistência, até hoje o desligamento é mecânico. O sistema teve duas evoluções. A primeira, a alavanca de seta ia até certo ponto, sem armar, voltando à posição inicial ao soltá-la. Era útil para pequenos desvios, como pretende mudar de faixa. A segunda, como é hoje, move-se a alavanca de seta até o ponto de resistência, solta-se, e ocorrem três piscadas. Nos Fiat por exemplo, pode-se configurar a função para até sete piscadas automáticas.
Apoio para o pé esquerdo
O útil apoio para o pé esquerdo para conforto passou a existir, em especial nos carros esporte de alto desempenho, para o motorista poder, pela perna esquerda, pressionar o corpo contra o banco à falta de retenção lateral e ainda não haver cinto de segurança. Contudo, na iminência de uma colisão é prudente afastar os pés dos pedais e desse apoio para evitar lesão na bacia por transmissão do choque.
Partida assistida
Outro item apreciado é a partida assistida, em que basta um toque (giratório)na chave do interruptor de ignição e partida ou no botão de partida ´para o motor de arranque acionar o motor do veículo até que este funcione. Não precisa ficar girando/apertando nada, A partida assistida é o principal motivo para carros de câmbio manual requererem apertar o pedal de freio ao dar partida, pois geralmente o motor pega logo.
Ajustes automáticos
Bem-vindos também são os ajustes automáticos dos freios e das folgas do pedal de embreagem e das válvulas, estas especialmente quando a(s) árvore(s) de comando são no cabeçote. Nesse caso, se não fossem os tuchos hidráulicos quando a atuação das válvulas é direta ou o fulcro hidráulico nos sistemas de atuação indireta das válvulas por alavancas-dedo, o ajuste das folgas de válvulas seria uma operação complexa, demorada e sobretudo cara, pesando no bolso do dono do veículo.
Para se ter uma ideia da citada complexidade, em motores como o do Toyota Corolla até pouco tempo (não sei se mudou) era necessário: 1) Medir a as folgas das 16 válvulas com um cálibre de lâminas e anotá-las; 2) Remover as duas árvores de comando de válvulas e os 16 tuchos; 3) Verificar o comprimento de cada um que vem escrito neles; 4) Verificar qual comprimento teriam que ter para chegar à folga especificada; 5) Ir à seção de peças e requisitar ao atendente tuchos com as medidas calculadas; 6) Montar tudo.
Outro motor que tinha o mesmo procedimento, só que em vez de trocar os tuchos havia pequenas pastilhas entre o tucho e a haste da válvula, era o motor Alfa Romeo do FNM 2000/2150 e 2300. Nos motores VW EA-827 de tucho mecânico era mais fácil, tudo era feito sem precisar retirar o comando usando uma ferramenta especial e se trocar as pastilhas conforme necessidade para obter a folga especificada.
Roscas das porcas de rodas com lado
Durante muito tempo engenheiros consideravam fundamental o sentido de aperto das porcas de roda para ajudar no seu travamento e evitar soltura. O princípio era o sentido de rotação da roda garantir o aperto. Desse modo, as roscas do lado direito do veículo eram esquerdas, com aperto em sentido anti-horário, e as do lado esquerdo, roscas direitas, normais, aperto no sentido horário. Imagine-se o sufoco ao tentar soltar uma porca (ou parafuso) e apertá-la cada vez mais!
Há muitas boas ideias mais. Esta série terá continuidade.
BS