MUSTANG MACH-E GT PERFORMANCE, NO USO (COM VÍDEO)

Depois de ter conhecido a aceleração estupenda do Ford Mustang Mach-E no Centro de Desenvolvimento e Tecnologia da Ford em Tatuí, interior de São Paulo, e ver nosso editor de automobilismo Wagner Gonzalez ficar chocado com o bólido, chegou minha vez de usar o esportivo-elétrico por alguns dias para poder tecer meus comentários de como se comporta esse veículo em uso normal. Mas assista ao vídeo primeiro:

Na estrada

No primeiro momento, ao acessar a marginal do rio Pinheiros, de São Paulo, em direção à Rodovia dos Bandeirantes, o carro me pareceu superagradável. Afinal, em ambas as vias o asfalto está em boas condições, um pré-requisito para este carro, condição que fui descobrindo ao longo dos dias.

O uso rodoviário com o Mach-E é impecável, seja no seco ou na chuva, curvas ou as longas retas do interior paulista. O carro responde bem ao acelerador, afinal são 87,7 m·kgf de torque disponível nas 4 rodas e a potência máxima combinada dos dois motores elétricos é de 487 cv, isso para tração permanente nas 4 rodas. São números que empolgam a qualquer purista dos muscle cars americanos.

O 0-100 km/h leva apenas 3,7 segundos, e por questões de segurança, dado seu peso em ordem de marcha de 2.278 kg, a velocidade máxima é limitada a 200 km/h. Pela potência, coeficiente de arrasto aerodinâmico (Cx) 0,29 e pneus 245/45 R20Y (código de velocidade Y, para acima de 300 km/h), poderia ir muito mais rápido, mas prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém…

A bateria de 91 kW·h instalada sob o assoalho colabora para que o centro de gravidade mais baixo e com isso ajuda a manter o carro bem estável. O alcance é de 379 km pelo ciclo Inmetro, mostrando novamente a sua vocação estradeira. Cargas rápidas em corrente contínua permitem acrescentar 100 km de alcance a cada 10 minutos, ou seja, em menos de 40 minutos a carga está completa, para dar seguimento à diversão. Em corrente alternada aceita cargas de até 11 kW.

A distribuição de peso 50:50 entre os eixos é outro fator de destaque num veículo desse porte, e a distância entre-eixos de 2.984 mm é mais longa do que o tradicional Mustang com motor a combustão, mas no comprimento total de 4.713 mm é ligeiramente menor que aquele (4.797 mm). Esse atributo permite frenagens bem equilibradas, sem que fosse notado mergulho exagerado da dianteira.

O desgosto aparece na modulação do pedal de freio devido á falta de progressão no início do curso do pedal. Praticamente não há reação e ao pressionar um pouco mais o pedal, a desaceleração é abrupta, causando desconforto para motorista e passageiros. Uma maneira de amenizar essa condição é deixar a função “one-pedal” de freio regenerativo sempre ativada, permitindo uma leve desaceleração ao aliviar o pedal de acelerador e, se necessário, utilizar o pedal de freio.

Os três modos de condução já são atrações pelos nomes utilizados, saindo do tradicional Eco, Normal e Sport para Whisper (modo piso escorregadio), Engage (para o dia a dia), Unbridle (modo esportivo) e Unbridle Extended (condução esportiva com otimização da carga da bateria). A diferença de desempenho é facilmente percebida em cada um dos modos e a curva de esforço da direção também.

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Na cidade

Definitivamente, o Mustang Mach-E não está calibrado para enfrentar os nossos pisos cheios de remendos e irregularidades. A suspensão McPherson na dianteira e multibraço na traseira poderia estar mais bem ajustada para esse tipo de piso, principalmente considerando que utiliza tecnologia Magnetride®.

Esse tipo de amortecedor modifica as cargas de amortecimento dinamicamente através de pulsos elétricos que altera a viscosidade do fluido, aumentando e/ou diminuindo a carga de compressão e distensão. O sistema tem capacidade de adequar uma grande faixa de carga, bastando apenas que os engenheiros fizessem essa recalibração. Mas certamente pelo baixo volume de vendas não fica economicamente viável fazer tal adequação.

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Mesmo com a distância entre eixos mais longa e a boa distribuição de peso, o carro passa desequilibrado nas irregularidades e traz desconforto para dentro do veículo. Particularmente para os passageiros do banco traseiro o desconforto é maior e sente-se mais a incidência de batentes de compressão. A boa absorção de impactos e baixo nível de aspereza de rodagem dos pneus minimiza o desconforto, mas não o elimina totalmente.

O sistema de direção eletroassistida que é elogiado no uso rodoviário, dado sua boa definição de centro e precisão no esterço, não fica tão leve em bixa velocidade como visto em outros veículos, mas nada que incomode. Por outro lado, o retorno é espontâneo após conversões de esquinas e manobras de baixa velocidade, e a empunhadura do volante transpassa toda a esportividade do veículo.

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Uso da tecnologia

O nível tecnológico embarcado no Mustang Mach-E pode ser usado como referência para as demais marcas e os ajustes feitos através da central multimídia permitem grande customização ao gosto do cliente.

Os sistemas de permanência e centralização em faixa trazem segurança para viagens mais longas e o controle de velocidade de cruzeiro adaptativo com função para e anda em trânsito intenso entrega o conforto necessário para dirigir nos centros urbanos. Pedestres, bicicletas e animais são detectáveis e em caso de não haver  reação do motorista há frenagem autônoma de emergência.

Outro item de conforto é o sistema de som premium de 560 W incorporado à nova geração SYNC 4A da central multimídia com tela de 15,5”. A montagem na vertical e a divisão do mostrador em porções horizontais chama a atenção de qualquer um que se aproxima do carro. O quadro de instrumentos com tela digital larga de 10,2” (widescreen) tem possibilidades de configurações, mas é sempre uma apresentação minimalista com destaque para o estado de carga da bateria.

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Conclusão

É difícil olhar para o Mustang Mach-E e desassociá-lo do Mustang cupê de duas portas. Esse novo suve cupê até procura chegar perto, mas as quatro portas o divorciam do tradicional estilo muscle car americano.

O preço de venda de R$ 486 mil pode ser justificado pelo alto nível tecnológico que agrega, onde materiais mais caros como alumínio foram aplicados nas suspensões e carroceria para redução de peso. Plástico polipropileno é utilizado na tampa do porta-malas e outras derivações de plástico estrutural é visto em vários componentes.

Em suma, esse suve-cupê elétrico é mais uma amostra de até onde essa tecnologia pode nos levar em termos de desempenho e sofisticação, mas que precisa refinar um pouco mais para ser um produto adequado a países com as vias iguais as nossas.

GB