O mundo da Fórmula 1 tem razões que a própria razão desconhece e Carlos Sainz (foto de aberturai) ajuda a explicar isso. Estar no lugar certo na hora certa é um dos momentos mais importantes na carreira de um piloto e há exemplos de sobra para tanto. James Hunt e Keke Rosberg são dois exemplos disso. Ambos estavam desempregados ao final de 1975 e 1978, mas por uma série de razões tornaram-se campeões mundiais em 1976 e 1982. Na atual temporada alguns nomes provocam reflexões sobre o passado, presente e futuro e envolvem campeões mundiais e pilotos ainda em busca de consolidarem suas carreiras.
O nome mais prestigiado do momento é o de Carlos Sainz Júnior, vencedor do GP da Austrália disputado no último fim de semana em Melbourne. Duas semanas antes o espanhol foi internado ao final do primeiro dia de treinos em Jeddah e na Arábia Saudita acabou substituído pelo inglês Oliver Bearman. Seu retorno às pistas era incerto, mas o madrilenho retornou em alta e conseguiu quebrar a invencibilidade de Max Verstappen, que não perdia uma corrida desde o GP do Japão de 2023. Antes que o holandês abandonasse a prova com problemas no freio traseiro direito do seu Red Bull, Sainz assumiu a liderança e só deixou de liderar brevemente a prova na primeira de suas duas paradas para trocas de pneus.
No balanço das três provas disputadas até agora o espanhol soma 40 pontos marcados em apenas duas corridas. Seu companheiro de equipe Charles Leclerc disputou as três e acumulou 47. O inglês Lewis Hamilton tem apenas sete, um a mais que Oliver Bearman, e Max Verstappen lidera o campeonato com 51. Ocorre que Leclerc é o atual queridinho da Ferrari, equipe que não mediu euros para contratar Lewis Hamilton a partir de 2025, quando o heptacampeão mundial vai substituir Sainz, que foi substituído por Bearman no GP da Arábia Saudita por problemas de saúde e ainda não tem emprego para o ano que vem.
Uma visão analítica dessa situação pode terminar com uma questão crucial para o futuro: teria a Ferrari errado ao despedir Sainz, contratar Hamilton e não ter substituído Leclerc por Oliver Bearman? Ao longo de sua careira na Ferrari o espanhol teve saldos de pontos compatíveis com os do seu atual companheiro de equipe, ainda que não tenha terminado oito corridas, seis delas em 2022, o que explica a diferença de pontos entre ambos: 308 contra 246. Desde que passaram a competir juntos, o monegasco obteve tem 20 pódios e três vitórias, todas em 2022. Sainz tem 18 pódios três vitórias: Inglaterra (2022), Singapura (2023) e Melbourne (2024). Importante lembrar que Leclerc é cria da casa.
Por tudo isso, Carlos Sainz viu seu passe valorizado em um mercado que promete inúmeras movimentações para 2025, consequência do processo iniciado pela milionária transferência de Lewis Hamilton da Mercedes para a Ferrari. O inglês, indiscutivelmente é o mais experiente e mais bem sucedido dos quatro e desembarcará na Scuderia para suas últimas temporadas na F-1. Leclerc é a eterna promessa da academia de Maranello, Sainz garante o tempero mineiro ao trabalhar quieto e Bearman tem tudo para ser a surpresa do chef. A temporada 2025 da Ferrari promete muitas reflexões.
Refletir é algo que a Red Bull e Daniel Ricciardo têm praticado intensamente nos últimos tempos. O australiano já dividiu a equipe principal dos energéticos com Max Verstappen e, a exemplo de todos os demais que ocuparam essa posição, sucumbiu ao holandês. Após pular de galho em galho por algumas temporadas, o australiano retornou à casa, desta vez na equipe B e como companheiro de Yuki Tsunoda. Sem conseguir superar o arrojado piloto japonês, o sorridente Ricciardo agora vive sua carreira caminhar celeremente para o que pode ser sua despedida da F-1. Consta que o seu resultado no GP de Miami, dia 5 de maio, pode provocar sua substituição pelo neozelandês Liam Lawson.
O resultado completo do GP da Austrália você confere aqui.
WG
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Texto atualizado em 27/3/2024