Desde que a Renault cessou a produção do Sandero R.S. em dezembro de 2021, o mercado de esportivos nacionais e acessíveis estava sem opções, até que a Stellantis resolvesse trazer a marca Abarth para o Brasil, e o primeiro escolhido foi o Pulse. Carlo Abarth gostava dos hatchbacks, tanto que sua célebre frase é: “Há uma certa satisfação em humilhar carros maiores e mais caros com um hatchback.”
E o Pulse Abarth cumpre esse papel, afinal de contas um suve compacto não está muito longe de um hatchback. Esta é a minha terceira experiência com o suve envenenado pelo escorpião. A primeira foi no seu lançamento no autódromo de Tarumã e a segunda foi em uma semana de uso em setembro de 2023, quando publicamos o vídeo da avaliação completa. E por mim pode ter mais vezes, pois é um dos carros que escolheria para ter na minha garagem na atualidade.
A cada semana de uso vai-se descobrindo mais segredos e ficando mais entusiasmado com o que oferece, não só em termos de desempenho, como também conforto e itens de tecnologia que traz a bordo.
O preço atualizado do veículo no site da Abarth é de R$ 150.990. A cor vermelho Montecarlo da versão testada acrescenta R$ 990 e a opção de rodas e pneus de 18″ são mais R$ 1.800. Além disso há uma ampla lista de acessórios Mopar para personalizar o veículo.
Motor 4-cilindros
O motor T270 de 4 cilindros em linha, 1,3-l turbocarregado, flex, com injeção direta e tecnologia MultiAir III para comandar fase e levantamento das válvulas de admissão entrega o desempenho na medida certa. Os 180/185 cv de potência máxima são pouco utilizados no dia a dia, pois é difícil atingir 5.750 rpm, rotação onde ela aparece. Em compensação, o torque máximo de 27,5 m·kgf a 1.750 rpm gera ótimo nível de potência já em baixas rotações, traduzido em agilidade no uso diário.
Os engenheiros de Betim encontraram o ponto certo de equilíbrio do motor com o câmbio automático epicíclico Aisin. As trocas de marcha ocorrem de forma natural e os pequenos trancos sentidos em trocas em baixas velocidades é justamente pelo elevado torque disponível. Há possibilidade de trocas manuais por meio das borboletas atrás do volante ou pela própria alavanca. Há quem diga que ficou faltando o câmbio manual, mas será que ficou mesmo? Esse câmbio é tão perfeito que até encobre essa falta.
Quando o botão POISON (veneno) no volante é acionado, a calibração do motor, câmbio e direção assumem a condição mais esportiva do veículo e toda agilidade vista no modo Normal se amplifica. A resposta do acelerador é mais imediata e as trocas de marcha estão calibradas para rotações mais altas, permitindo aliviar ou levantar o pé do acelerador, sem que o câmbio suba marcha. Nas frenagens já se escutam as reduções de marchas simultâneas com acelerações interinas, mostrando aos transeuntes a esportividade do bólido.
Mas o que mais me agrada nesse carro é a dirigibilidade. Nos trajetos urbanos de baixa velocidade é fácil manter o ritmo do carro e não se identificam hesitações ou falta de potência em acelerações leves. Em ritmo de maior velocidade a linearidade da calibração segue presente e a potência e desempenho crescem proporcionalmente.
Dinâmica agradável
A calibração esportiva da suspensão não acabou com o conforto do Pulse, muito pelo contrário. Os engenheiros criaram um avatar Abarth e implementaram isso no carro, mostrando a capacidade de associar estabilidade sem grande prejuízo no conforto. As molas de constante elástica mais alta e as barras antirrolagem minimizam a rolagem da carroceria.
A introdução dos pneus 215/45 R18 Goodyear Eagle F1 não trouxe prejuízo ao conforto e a aderência em curvas, que já era boa com os pneus 215/50 R17 ficou ainda melhor, uma comunização com o Fastback Abarth que valeu a pena. O aumento do raio dinâmico foi de apenas 2 mm, passando de 314 para 316 mm (0,6%) e sem alteração perceptível no desempenho do veículo.
A direção teve sua relação alterada não na caixa de direção propriamente dita, como é comum, mas por meio do encurtamento dos braços de direção, que por serem integrados às mangas de eixo, exigiram novo projeto destas. Sendo essa relação numericamente mais baixa, a direção fica mais rápida.
A assistência elétrica de direção tem calibração progressiva, mas já partindo com esforço mais elevado no início da faixa de velocidade. A sensação de centragem é ponto positivo e que agrada dirigir o veículo em qualquer tipo de via. Porém o sistema de permanência em faixa é intrusivo e chega a incomodar quando trafegando por estradas sinuosas, mas o botão no painel central facilita desabilitá-lo.
O sistema de freios é outro ponto positivo do Pulse Abarth e mesmo com as reclamações que vejo por aí devido à falta de freio a disco na traseira, não me parece uma necessidade premente. A distribuição de peso entre os eixos impõe maior responsabilidade do dianteiro, onde estão os discos ventilados. A participação do eixo traseiro deve estar abaixo de 20% com o carro vazio elevando-se um pouco com o carro carregado, situação em que a velocidade máxima de 214/215 km/h dificilmente seria alcançada. As aletas no tambor de freio mostram a preocupação com dissipação do calor ali gerado, deixando claro que freio a disco na traseira seria mais um elemento estético do que necessidade. Ponto positivo fica para o acionamento elétrico do freio de estacionamento, eliminando a alavanca no console central.
Interior funcional
Em todos os aspectos pode-se dizer que o interior do Pulse Abarth foi feito para ser utilizado e bem utilizado, a começar pelo console central com porta-garrafas duplo em cuja parte dianteira está o carregador de bateria de smartphones por indução. Há portas USB, mas o pareamento com a central multimídia de Android Auto e Apple CarPlay é sem fio.
O painel de comando no centro do painel tem os principais atalhos para operação dos sistemas controle de estabilidade e permanência em faixa, além dos comandos do ar-condicionado automático de zona única. O botão rotativo do volume do rádio é outro atrativo que agrada, e como segunda opção (ou primeira para o motorista) há controles do sistema de áudio na parte de trás do volante.
O quadro de instrumentos é configurável podendo apresentar dados de desempenho do motor e pressão do turbo. E para segurança dos mais preocupados com a saúde do motor há marcador de temperatura do líquido de arrefecimento, além de outras informações em telas do computador de bordo.
A cada nova avaliação do Pulse Abarth fico mais familiarizado com as informações disponíveis no quadro de instrumentos, facilitando seu uso e simplificando em algumas situações, como a busca de informação no computador de bordo. É um sistema bem completo e permite configurações.
O sistema de ajuda ao motorista traz o controle de velocidade de cruzeiro do tipo convencional e o alerta de obstáculo à frente com frenagem autônoma de emergência para aumento de segurança. A câmera traseira tem alerta de tráfego transversal com ótima definição de imagem. O posicionamento elevado da central multimídia é destaque no painel do veículo e toda configuração do veículo é feita pela tela através de diversas páginas. A sensibilidade dos sistemas de auxílio ao motorista pode ser ajustada, deixando o carro personalizado para o proprietário/motorista.
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Conclusão
A cor vermelha do carro avaliado nesta semana, com suas faixas decorativas deixou o carro bem visível e foram poucos os locais que passei que não tenha chamado a atenção. Em linhas gerais, o carro tem a mesma silhueta das demais versões do Pulse, mas as rodas de 18” com pintura preta, o teto e espelhos retrovisores em preto deram maior realce nas linhas.
Existem rumores de que a Mopar, braço de acessórios da Stellantis, deve oferecer em seu pacote de itens uma nova calibração para o motor T270 que eleva a potência máxima para 210 cv. Se for confirmado, o Pulse Abarth será o primeiro esportivo nacional a oferecer uma preparação de estágio 1 para entusiasmar ainda mais aqueles que já optaram por esse esportivo para o uso diário. A conferir!
GB
FICHA TÉCNICA DO PULSE ABARTH 270 TURBO AUTOMÁTICO 2024 | |
MOTOR | GSE T270 |
Descrição | L-4, dianteiro transversal, bloco e cabeçote de alumínio, monocomando com variador de fase, corrente, controle de abertura das válvulas de admissão MultiAir III, 4 válvulas por cilindro, turbocarregador BorgWarner com interresfriador e válvula de alívio elétrica, injeção direta, flex |
Cilindrada (cm³) | 1.332 |
Diâmetro x curso (mm) | 70 x 86,5 |
Potência máxima (cv/rpm, G/A) | 180/185/5.750 |
Torque máximo (m·kgf/rpm, G/A) | 27,5/1.750 |
Corte de rotação (rpm) | 6.500 |
Taxa de compressão (:1) | 10,5 |
Comprimento da biela (mm) | 149,3 |
Relação r/l | 0,289 |
Densidade de potência (cv/L, G/A) | 135,1/138,9 |
Densidade de torque (mkgf/L, G/A) | 20,6/20,6 |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Automático epicíclico, conversor de torque, 6 marchas à frente e ré, tração dianteira |
Relações das marchas (:1) | 1ª 4,459; 2ª 2,508; 3ª 1,556; 4ª 1,142; 5ª 0,852; 6ª 0,672; ré 3,185 |
Relação de diferencial (:1) | 3,683 |
Estol do conversor de torque (rpm) | n.d. |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, braço triangular, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade |
Relações de direção (:1) | 14,5 |
Número de voltas entre batentes | 2,7 |
Diâmetro do volante (mm) | 370 |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,7 |
FREIOS | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/305, pinça flutuante |
Traseiros (Ø mm) | Tambor/203 |
Atuação | Hidráulica, ABS. duplo-circuito em diagonal |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | 7Jx18 |
Pneus | 215/45 R18V |
Marca | Goodyear Eagle F1 |
CONSTRUÇÃO | Monobloco de aço, suve, 4 portas, 5 lugares, subchassi dianteiro |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | n.d. |
Área frontal (calculada, m²) | 2,24 |
Área frontal corrigida (m²) | n.d. |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 4.115 |
Largura | 1.777/1.989 |
Altura | 1.544 |
Distância entre eixos | 2.532 |
Bitola dianteira/traseira | 1.484/1.510 |
Vão livre entre os eixos | 217 |
Distância mínima do solo | 188 |
ÂNGULOS | |
Entrada (º) | 20 |
Saída (º) | 27 |
Transposição de rampa (º) | n.d. |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.281 |
Carga útil | 400 |
Máximo rebocável sem/com freio | 400 / n.d. |
CAPACIDADES (L) | |
Tanque de combustível | 47 |
Porta-malas | 370 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO PBEV | |
Cidade (km/l, G/A) | 10/6,8 |
Estrada (km/l, G/A) | 12,3/8,8 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | 8,0/7,6 |
Velocidade máxima (km/h, G/A)) | 214/215 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 6ª (km/h) | 48,1 |
Rotação a 120 km/h em 6ª (rpm) | 2.490 |
Rotação à vel. máxima em 5ª (rpm) | 5.660 |
GARANTIA | |
Termo (meses) | 36 |
CONTEÚDO DO PULSE ABARTH 270 TURBO AUTOMÁTICO 2024 |
Acesso ao interior sem chave |
Abertura elétrica do bocal de abastecimento |
Acelerador elétrico de comando eletrônico |
Auxílio ao motorista: frenagem autônoma de emergência, alerta de mudança involuntária de faixa, comutação automática de farol alto/baixo |
Ajuste de altura e distância do volante |
Alerta de cinto de segurança desatado nos cinco lugares |
Alerta de velocidade e manutenção programada |
Alto-falantes dianteiros (2), traseiros (2) e antena |
Apoios de cabeça com regulagem de altura nos 5 lugares |
Ar-condicionado automático e digital |
Assistente de partida em aclive |
Banco do motorista com regulagem de altura |
Banco traseiro bipartido 60:40 e com assentos rebatíveis |
Bancos revestidos de couro |
Barras longitudinais no teto |
Bolsas infláveis (6): 2 frontais, 2 tórax e cabeça |
Borboletas para troca de marchas |
Câmbio automático de 6 marchas |
Câmera traseira em alta definição com linhas de trajetória |
Carcaça dos retrovisores externos na cor vermelha, preta ou cinza |
Carregador de bateria de celular por indução |
Central multimídia com tela tátil de 10,1″, Apple Car Play e Android Auto sem fio, comandos de voz, Bluetooth, MP3, rádio AM/FM, entrada auxiliar, porta USB (2):Tipo A e Tipo C |
Chave presencial com telecomando para abertura de portas |
Cintos dianteiros com ajuste de altura de ancoragem |
Cintos traseiros retráteis de 3 pontos |
Comandos de áudio e painel de instrumentos no volante |
Computador de bordo (distância, consumo médio, consumo instantâneo, autonomia, velocidade média e tempo de percurso) |
Console central com apoio de braço, porta-copos, porta-celular e porta-objetos |
Conta-giros |
Controle automático de velocidade de cruzeiro |
Controle de estabilidade e tração |
Controle de tração com vetorização de torque |
Desembaçador do vidro traseiro com temporizador |
Direção eletroassistida |
Engates Isofix e pontos de fixação superior para dois bancos infantis |
Estepe temporário |
Faróis de LED |
Fiat Sound System |
Função luz de acompanhamento |
Grade preta normal com logo Abarth e bandeira Fiat |
Hodômetro digital parcial e totalizador |
Lanterna traseiras de LED |
Luz para iluminar o chão nos espelhos retrovisores externos |
Luz de rodagem diurna de LED |
Luz no porta-malas |
Maçanetas externas na cor da carroceria |
Modo Poison com botão de acionamento no volante |
Monitoramento de pressão dos pneus |
Motor 270 Turbo flex |
Para-sóis com espelho |
Pisca-5 para mudança de faixa |
Portas USB traseira tipo A |
Quadro de instrumentos 3,5″ multifuncional com relógio digital, calendário e informações do veículo em TFT personalizável |
Repetidoras de seta laterais de LED |
Retrovisor interno eletrocrômico |
Retrovisores externos com regulagem elétrica com função de abaixar orientação ao engatar ré |
Retrovisores externos com rebatimento elétrico |
Rodas de liga de alumínio 7J x18 com pintura escurecida e face semi-diamantada |
Sensores de chuva e crepuscular |
Sensor de estacionamento traseiro e dianteiro |
Sinalização de freada de emergência |
Sistema de partida a frio sem injeção de gasolina |
Sobretapetes de carpete |
Teto bicolor |
Travamento automático de portas a partir de 20 km/h |
Vidros elétricos dianteiros e traseiros com função um-toque subida e descida com antiesmagamento |
Volante com revestimento de couro |