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Para escolher os melhores carros importados que guiei nos meus 50 anos como jornalista automobilístico, usei os mesmos critérios das matérias sobre os modelos nacionais. Ou seja, o melhor da década, o coadjuvante mais bacana de ser dirigido, e o conceito mais interessante dos anos 2000 e 2010.
Anos 2000
Com o mercado já completando uma década de carros importados, o brasileiro já estava acostumado com as feras como o BMW M3, minha escolha como o carro dos anos 2000. A geração E46 chegou no Brasil em 2001 e era esportividade pura! O motor era um seis-em-linha 3,2 com nada menos que 343 cv a 7.900 rpm. Já imaginaram um “seis canecos” a quase 8 mil giros? Era um som ensurdecedor, que seduzia qualquer apaixonado por automóveis. Para completar, o câmbio robotizado SMG (sequential manual gearbox) de seis marchas permitia a mudança por borboletas atrás do volante, como nos F-1 da época. Levava só 5,2 segundos para ir de 0 a 100 km/h, um espanto para um sedã sedutor daqueles e fabricado em série.
Outro carro que me balançou o coreto foi o Audi R8, colocado como coadjuvante nessa minha lista. Ele só não se saiu vitorioso porque não era escandaloso como o M3, que berrava, esperneava, escorregava e dava mais emoção. Guiei o R8 em duas ocasiões, sendo uma no lançamento, ainda com o V-8 4,2 “coringa” dos esportivos da Audi, de 415 cv, e outra em 2011, quando ele já contava com o potente V-10 debaixo da tampa traseira (525 cv). Com o V-10, sob chuva fraca, cheguei a 315 km/h na pista de ensaios de voo da Embraer em Gavião Peixoto no interior de São Paulo. Um superesportivo de carbono e alumínio que, apesar de toda a potência, era bem comportado.
O conceito dos anos 2000 da minha lista é o polêmico Chrysler PT Cruiser. Inspirado nos carros americanos dos anos 1930 de carroceria de dois volumes, ele não era dos mais bonitos, mas tinha linhas que remetiam aos modelos da época, porém modernizado. Causou polêmica: uns amaram e outros odiaram. O cofre do motor afilado nunca permitiu um V-8 nele e ali sempre foram motores de quatro cilindros, geralmente de 2,4 litros, o que não agradava muito aos americanos. Eu não era muito fã do seu visual, e nem daquele motor (consumia muito e entregava pouco), mas sempre reconheci que aquele era um conceito para lá de interessante.
Anos 2010
Nessa década, claro, não poderia deixar de colocar um dos ícones da indústria automobilística mundial, o Ford Mustang, lançado em 1964. Sempre teve importação independente, salvo no período 1976-1990, de importações proibidas, e passou a ser importado oficialmente em 2015. Meu escolhido é o Black Shadow, linha 2020. Tive a oportunidade de acelerar o bólido, já sem enxergar, a convite da Ford, na pista da Base Aérea do Guarujá, chegando a 238 km/h. O esportivo usa há um bom tempo o consagrado motor V-8 Coyote de 5 litros que, na ocasião, desenvolvia 466 cv e virava a 7 mil rpm, urrando grosso por onde quer que passasse.
Outro que me deu uma boa dose de diversão ao volante foi o Audi RS 5, esportivo que a marca lançou aqui no final de 2010. Era um cupê muito bonito, musculoso, com tração integral e motor V-8 4,2-litros. Eram 450 cv e bastante torque distribuído de forma muito competente para as quatro rodas, a famosa quattro. Lembro que me conquistou sua capacidade de curvar e frear, típicos de carro de corrida, e a tecnologia do aerofólio retrátil ajudava na aerodinâmica. Sem contar que, nas acelerações, o “veoitão” era uma delícia de ser ouvido e proporcionava o 0-100 km/h em menos de 5 segundos.
Agora, nem esportivos nem bólidos rápidos, mas uma picape cabine-dupla com motor turbodiesel: a VW Amarok. Uma picape que me agradou pelo seu conceito desde quando a conheci no evento de lançamento, em 2010, na Argentina, onde é fabricada. Enquanto suas concorrentes eram desajeitadas e de suspensões duras para aguentar peso, a picape idealizada pelos alemães apostava no conforto dos carros de passeio, e também se comportava melhor por isso.
Impressionou-me, também na picape, as prontas respostas de seu motor turbodiesel de 2 litros e 180 cv, que contava com dois turbocarregadores: um para as baixas e outro para as altas rotações. Perfeito para uma picape: conforto e boa dose de potência em baixa rotação. Ficou ainda melhor quando recebeu câmbio automático epicíclico dois anos depois, o eficiente ZF 8HP de 8 marchas.
DM
A coluna “Perfume de carro” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.