Você deve pensar que se trata de algo comum, uma jovem com 12 anos andando na pista de Interlagos (logo após um treino de F-1, em 1994; a vitória foi de Michael Schumacher, embora Ayrton Senna tenha sido o pole e liderado por 21 voltas), sem nenhum treino, com esporádicas aulas de direção nas alamedas da USP, como era comum acontecer naqueles tempos.
Pois bem, logo após o treino, enquanto eu atendia os jornalistas convidados pela GM, o “Tigur” (Cláudio Toledo), que muitos de vocês devem conhecer e com aquela irresponsabilidade da época (hoje ele é um sujeito sério, pai de família e tudo), pegou uma Ipanema (versão camioneta do Kadett) e levou aquela jovem senhorita, minha filha mais nova, para conhecer a pista de Interlagos (foto de abertura).
Eu ouvia o cantar de pneus e não tinha ideia do que estava acontecendo e muito menos imaginava que ao volante daquele carro estaria minha filha, acelerando fortemente, sentindo-se a maior piloto nas curvas do Autódromo Municipal José Carlos Pace, merecidamente homenageado na semana passada, por iniciativa do meu amigo Ricardo Caruso e do empresário Paulo “Loco”‘ Figueiredo (eles tomaram a iniciativa de trasladar os restos mortais do piloto do cemitério do Araçá. na capital, cujo túmulo fora vandalizado, para junto do monumento do “Moco” em Interlagos).
Quando saí do Centro de Hospitalidade, não vi a Ipanema, que estava usando, no lugar onde a deixara. E não podia estar mesmo. Os pneus que cantavam pela pista era os dela. Instantes depois chegam os dois. Minha pequena tremendamente excitada (e não era para menos) me abraçou, ainda trêmula de emoção.
Olhei para o “Tigur” que fazia “cara de que não é comigo” e nem olhou para mim. Nem precisava! E eu não tinha o que fazer, já que nada havia acontecido. Comecei a rir e abracei minha filha sem nada dizer, apenas perguntando (sem necessidade, claro!) se ela havia gostado.
Ela nunca esqueceu a aventura, embora não tenha certeza do ano em que aconteceu, mas falar o nome “Tigur” para ela é receber um lago sorriso de alegria.
Já que falei em Interlagos…
Bem, este episódio tem como personagens meu filho Thiago, um amigo dele e o Marcus Zamponi (o Zampa, sobre o qual já contei algumas histórias). Depois de um treino da F-1 (não lembro o ano), saímos de Interlagos e, por sugestão do Zampa, fomos almoçar (na verdade, já era hora do jantar) numa churrascaria na rua Dr. Renato Paes de Barros (no Itaim, em São Paulo).
Sentados, os dois começaram a ouvir as histórias do Zampa, que não parava de falar. E eles não paravam de rir.
Quando saímos da churrascaria e deixamos o Zampa na casa dele, passamos defronte de uma casa de lanches e ouvi, pasmo, um pedido do meu filho: pai, podemos comer um sanduíche aqui?
— Como, acabamos de sair do restaurante!
— Pois é, pai, mas o seu amigo é tão engraçado que a gente só deu muita risada e nem conseguiu comer nada.
Assim era o Zampa!
Assim era o “Tigur”!
CL
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