Sempre que escrevo neste espaço sobre mulheres e automobilismo digo que espero que algum dia o gênero não será mais algo a ser destacado. Mas, novamente, ainda não é desta vez e visto que ainda é tecnicamente notícia, cá estou eu de novo. É que aprendi na faculdade de Jornalismo o que define uma notícia e esta tem todas as características, além de ser algo muito positivo, o que é sempre bom que seja destacado.
Recentemente, a Federação Internacional do Automóvel (FIA) anunciou um novo programa, específico para mulheres. É o Programa de Mentoria para Mulheres no Automobilismo e, de quebra, tem a importante participação de uma notável brasileira, Fabiana Ecclestone, vice-presidente de Esportes da FIA para a América do Sul e, sim, esposa de Bernie Ecclestone. Ela é uma das idealizadoras do programa. “É um momento histórico na FIA, sem dúvida”, disse Fabiana, que deverá espalhara a iniciativa pelas federações e clubes da América do Sul. “O lançamento do Programa de Mentoria Mulheres no Automobilismo é um passo significativo em direção à igualdade de gênero no esporte”, afirmou a brasileira. “Ao unir forças com mulheres influentes, estamos criando oportunidades para todas aquelas que desejam crescer e prosperar no mundo do automobilismo”.
O programa tem um princípio interessante e que faz muito sentido: ele pretende facilitar o crescimento e o compartilhamento de conhecimentos, associando mulheres experientes e bem-sucedidas a outras que querem avançar, ou mesmo iniciar, carreiras no automobilismo. O programa foi lançado em junho durante a Conferência FIA 2024 ocorrida em Samarcanda, no Uzbequistão (sim, eu tive de procurar no Google onde fica) e, novamente, durante um evento de networking da comissão Mulheres no Automobilismo em Le Mans, na França. Desde sua criação em 2009, a Comissão Mulheres no Automobilismo tem trabalhado para mudar a cultura do esporte, valorizando e facilitando a participação feminina em todos os aspectos.
Além de Fabiana, estiveram presentes no lançamento a diretora do Departamento de Sustentabilidade e D&I da FIA, Sara Mariani, a ex-secretária Geral da FIFA (sim, é isso mesmo, ela vem do futebol) e atual membro do Senado da FIA Fatma Samoura, a presidente da Comissão Mulheres no Automobilismo, Burcu Cetinkaya, a presidente da Comissão WRC, Pernilla Solberg, e a consultora de EDI da FIA, Tanya Kutsenko
O presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, reforçou as falas de Fabiana sobre a importância da diversidade no automobilismo. Sulayem voltou a frisar que a FIA está comprometida em tornar o esporte mais acessível a todos. “É importante que o automobilismo se diversifique, e aqui na FIA estamos comprometidos em tornar nosso esporte mais acessível a todos”, afirmou o presidente da entidade. “Este novo programa ajudará a criar uma rede de apoio e aprendizado para mulheres, garantindo acessibilidade e abrindo novas oportunidades em consonância com nosso compromisso com a Igualdade, Diversidade e Inclusão. Estou orgulhoso de trabalhar com tantas mulheres talentosas em nosso esporte e defendo suas vozes”, disse Sulayem.
No Brasil, é importante que seja destacado, a participação feminina tem aumentado muito no automobilismo graças a iniciativas como a Comissão Feminina de Automobilismo (CFA) da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA). A presidente da CFA, a piloto Bia Figueiredo também louvou à iniciativa. “É uma novidade importantíssima, que vem para incentivar também mulheres que já estão no automobilismo, em qualquer área. Elas vão interagir com outras profissionais e a expectativa é que possamos ajudar essas mulheres a ter um melhor networking para que cresçam em suas áreas de atuação dentro do esporte, o que adiciona muito ao trabalho que a gente faz no Brasil com a Comissão Feminina”, disse Bia. “E, obviamente, a Fabiana está sempre muito envolvida com tudo que a gente faz aqui. Ela sempre foi uma grande incentivadora e, graças a ela e também ao Giovanni Guerra, a Comissão Feminina existe. Então, a participação dela é fundamental para o sucesso de todos esses projetos”.
Bia se referiu a Giovanni Guerra, presidente da CBA. Guerra disse que iniciativas deste tipo são muito importantes para a inclusão e democratização do esporte a motor não só no Brasil, mas no mundo todo. “Nós esperamos aproveitar, aprofundar, desenvolver e trazer resultados para o Brasil e para a América do Sul com o Programa de Mentoria para Mulheres no Automobilismo, assim como conseguimos trazer com o Girls on Track. O trabalho da Fabiana tem sido um divisor de águas para o automobilismo sul-americano, com todas estas iniciativas que têm feito muita diferença”. Guerra também destacou o trabalho dela. “Com a Fabiana, a FIA tem dado uma atenção toda especial ao continente, e em especial ao Brasil, neste trabalho de diversidade”.
A CFA desenvolve um trabalho de inclusão de mulheres em diversas áreas de atuação no automobilismo brasileiro, em várias categorias, como kart, pista e rali, incentivando projetos de estudantes e promovendo estágios em equipes e campeonatos em áreas como mecânica, engenharia, comunicação, marketing e outras que envolvam o esporte a motor.
O programa de mentoria está aberto para inscrições. A interação entre mentoras e mentoradas será por meio de uma plataforma digital, garantindo flexibilidade e acesso independentemente da localização das participantes. O processo de inscrição para clubes e registros individuais é simples. Cada clube ou federação receberá um e-mail com um link exclusivo para inscrição, podendo nomear até duas participantes, com base na ordem de chegada das inscrições.
Mudando de assunto: depois de tantos dias seguidos de Olimpiadas, não resisti a uma piadinha infame…
NG
A coluna “Visão feminina” é de exclusiva responsabilidade de sua autora.