Despedidas raramente são alegres e nem sempre são felizes. O ambiente criado em torno de Daniel Ricciardo após o GP de Singapura (foto de abertura) mostra o lado mais cruel da categoria ao fomentar a possibilidade de o australiano ser dispensado da equipe nos próximos dias. Num outro extremo, Max Verstappen terminou em segundo lugar na prova vencida de ponta a ponta por Lando Norris, da McLaren, combinação que a cada etapa o leva a se aproximar da liderança até então incontestável do holandês. Nas quatro semanas de intervalo até a próxima etapa, dia 20 de outubro, em Austin, Texas (EUA), não faltarão notícias e especulações sobre esses assuntos.
O dia a dia da equipe Red Bull é controlado por Christian Horner, que sempre apoiou Ricciardo e o resgatou da aposentadoria ao dar a ele o lugar vago pelo holandês Nick De Vries na Equipe RB. É também a única marca a manter duas equipes no universo de 10 times que disputam a F-1, cortesia de um investimento publicitário e promocional que evita anúncios e prioriza o patrocínio em vários esportes. Os fundos para isso são garantidos pelo enorme mercado mundial de energéticos e a fórmula desenvolvida pelo tailandês Chaleo Yoovidhya. Seu filho Chalerm é quem comanda os 51% das ações que a família tem na empresa. Os outros 49% pertencem à família de Dietrich Mateschitz, também falecido. Horner conta com o apoio dos Yoovidhya e de Helmut Marko, conselheiro do time, com o suporte dos Matechitz.
Nessa queda de braço, foi Horner quem garantiu a ressurreição de Daniel Riccardo após ele ter deixado o time. Ao decidir mudar de ares por notar que a Red Bull era pequena demais para os dois, Daniel iniciou um périplo que o levou à Renault, depois à McLaren, de volta à Red Bull como piloto-reserva e, no meio do ano passado, piloto titular na RB, apresentando performances que se tornaram cada vez menos competitivas e distantes do que se esperava dele.
No vácuo da decisão da Williams de substituir Logan Sargeant por Franco Colapinto, a possível demissão de Daniel Ricciardo nos próximos dias faz sentido. Na Wiliams o piloto argentino não apenas já marcou pontos em duas corridas como também andou no mesmo ritmo de Alex Albon. Se Colapinto sabe que não tem chances de se manter no time no ano que vem — as duas vagas estão garantidas para Albon e Carlos Sainz — a RB ainda tem, teoricamente, uma vaga em aberto.
O estadunidense Sargeant jamais provou que merecia um lugar na F-1, situação oposta à do australiano Ricciardo, vencedor de sete corridas e aquele que deu mais trabalho entre todos que trabalharam com Max. Num cenário tipicamente empresarial, desligar funcionários que não entregam o trabalho que se espera deles é algo normal e corriqueiro. Na F-1, porém, a empatia com o público e com patrocinadores são valores que atenuam um rendimento abaixo do planejado.
Há anos Daniel Ricciardo deixou de ser o piloto rápido e eficiente que o levou à uma equipe de ponta, mas tratá-lo com tamanha frieza e de forma tão encoberta é próximo do ultrajante. No ambiente da F-1 muitos dão como certo que o australiano disputou em Singapura seu último GP. Sua equipe, porém, não confirma nem, muito menos, desmente que isso seja verdade. O neozelandês Liam Lawson é o favorito para ocupar seu lugar a partir do GP dos EUA.
NORRIS CRESCE E VERSTAPPEN ADMINISTRA
O inglês Lando Norris liderou o GP de Singapura de ponta a ponta e reduziu em sete pontos a distância que o separa de Max Verstappen na disputa pelo título. Calculando que há 180 pontos (25 pela vitória, 8 em três Sprint Races e um ponto pela volta mais rápida na corrida em cada etapa), em jogo nas seis provas restantes e considerando a contagem atual (331 x 279) Verstappen precisa terminar todas as corridas, incluindo as de sábado nos EUA, Brasil e Qatar, em segundo lugar. Tarefa possível, mas nada fácil.
O resultado total do GP de Singapura você encontra clicando aqui.
WG
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