Hoje a Jaguar divulgou o seu novo posicionamento de marca. Uma atitude ousada. Uma mudânça drástica na sua apresentação e apelo. E eu digo que você não vai gostar porque conhecendo bem nossos leitores, eu sei que a maioria aqui quer saber sobre os produtos. Alguns ficarão até chocados, e talvez seja isso que a empresa deseja. Ainda assim acho que muitos podem se interessar pelo rumo da marca e até gostar da ousadia. Mas o lado para qual essa balança vai pender só será definido após a chegada dos novos modelos ao mercado, em 2026.
Recentemente, surgiram notícias de que a Jaguar havia cessado a produção de carros. Muita gente me procurou achando que isso seria o fim da marca. Me limitei a dizer que aguardassem um pouco mais pela divulgação oficial da Jaguar. E agora, com base em informações públicas da própria marca, compartilho aqui um pouco sobre o recente anúncio e qual o seu futuro como marca.
Este é o primeiro vislumbre público de um trabalho minucioso que a marca desenvolve há mais de dois anos, revisitando o que significa luxo no contexto do luxo moderno. Com o conceito criativo de “Exuberant Modernism” e slogans como “break moulds”, “copy nothing”, “live vivid”, “delete ordinary” e “create exuberant”, a Jaguar busca transcender gerações e se estabelecer na próxima década como uma potência global no mercado de luxo.
Veja que eu disse “no mercado de luxo” e não no mercado de automóveis. E isso muda toda a abordagem da empresa.
Assim, após décadas e várias tentativas de melhorar a viabilidade da marca, uma nova era está se iniciando para a Jaguar com uma transformação profunda. Essa reimaginação resgata a visão de seu fundador, Sir William Lyons, que defendia que “um Jaguar não deve ser cópia de nada”. Esse ethos de originalidade é a essência do conceito Exuberant Modernism, a filosofia criativa que define o futuro da marca. Trata-se de uma abordagem ousada, com designs inesperados e pensamento único, criando um caráter que cativa pela criatividade destemida e pela sofisticação.
“Um Jaguar não deve ser cópia de nada.”
Sir William Lyons, criador da Jaguar
A transformação da Jaguar vai além da estética, conectando-se profundamente ao conceito de luxo moderno. A marca foi recriada para unir tradição e inovação, preservando os valores que a tornaram icônica, enquanto se projeta para uma nova geração de admiradores. Não se trata apenas de criatividade; é um compromisso de enriquecer as vidas de seus clientes e da comunidade, oferecendo experiências que traduzem exclusividade e autenticidade.
A nova identidade visual lançada hoje marca esse renascimento com quatro símbolos que refletem os valores da Jaguar e oferecem pistas do que está por vir.
Esse esforço de transformação foi conduzido internamente, rompendo com as regras tradicionais de branding, em quatro símbolos-chave de mudança que marcam o início de uma nova era e serão integrados ao novo conceito de forma marcante.
O logotipo Device Mark combina formas geométricas com uma fusão harmoniosa de letras maiúsculas e minúsculas, celebrando o modernismo com simplicidade e simetria. Um traço gráfico ousado corta a uniformidade, criando uma presença inconfundível e impactante.
Embora muitos elementos históricos tenham sido descartados, o icônico símbolo do leaping cat, ou leaper (jaguar saltando), foi renovado como o Maker’s Mark (marca do fabricante). Agora, o leaper aparece saltando para a direita, emoldurado pelo padrão Strikethrough (traçado que complementa o design ao fundo do símbolo) , servindo como um elo visual entre o passado e o futuro da marca, simbolizando excelência, movimento e avanço contínuo.
O padrão Strikethrough é descrito como uma fusão entre a estética de uma instalação de Donald Judd e a icônica identidade da IBM de Paul Rand, transformando-se em uma releitura estilizada de uma grade automobilística, do radiador— elemento cada vez mais dispensável nos modelos elétricos.
Já o novo monograma, ou Artist Mark (marca do artista), formado por dois “J”s entrelaçados num desenho circular, é um detalhe pensado para enriquecer elementos como o volante ou até o cubo das rodas, substituindo o icônico growler (jaguar rosnando). Como se fosse o “brasão do artista”.
E o último elemento definidor desse novo posicionamento são as cores vibrantes inspiradas na paleta de um pintor, que refletem a conexão da Jaguar com o universo artístico.
Essa transformação culminará em uma grande revelação no próximo dia 2 de dezembro, durante a Miami Art Week. Nesta ocasião, a Jaguar apresentará Copy Nothing, uma instalação global que será a expressão física de sua filosofia de Exuberant Modernism.
O evento incluirá a estreia do Design Vision Concept, um ousado carro-conceito, oferecendo uma visão dramática, inesperada e inconfundível do que significa “cópia de nada”. Esse modelo abrirá caminho para até três novos modelos, todos utilizando uma plataforma elétrica especialmente desenvolvida que prioriza espaço, desempenho e muito luxo. Abandonando slogans históricos, a Jaguar agora coloca sua identidade e visão de marca no centro, redefinindo o que significa ser um ícone contemporâneo.
“A Jaguar passa a ser uma marca de luxo moderno e não uma marca de carros.”
A presença da Jaguar em Miami reafirmará seu papel como promotora da expressão artística em todas as suas formas, dividindo espaço com novos talentos criativos e artistas emergentes que compartilham seu ethos de originalidade, reforçando a conexão entre design, arte e inovação.
A Jaguar inicia, assim, um novo capítulo audacioso. Sua transformação redefine a marca como um símbolo de coragem, criatividade e exclusividade, unindo passado e futuro. Mais do que carros, a nova Jaguar entrega experiências que evocam emoção, autenticidade e desejo.