JAC HUNTER, MAIS UMA PICAPE MÉDIA PARA TRABALHO E LAZER

A SHC, empresa de Sergio Habib que importa e comercializa veículos da marca JAC, não acredita mais na ascensão do mercado de elétricos, ou, pelo menos, não da forma com que se alardeou no início – e se continua alardeando. Assim, mesmo com uma extensa linha atual de veículos eletrificados, sendo três automóveis, três vans, cinco caminhões e seis ônibus, todos 100% elétricos, a aposta desta vez é uma picape média a combustão, sem qualquer assistência elétrica no trem de força.

A nova picape JAC Hunter acaba de ser lançada e se posiciona como a maior picape média do segmento, graças a algumas medidas superiores às das principais concorrentes, como, por exemplo, a altura de 1.920 mm, 6 mm mais do que a segunda picape mais alta, ou a largura de 1.970 mm, 2 mm mais larga que a segunda colocada nesse ranking. Não é, no entanto, a picape média mais comprida e nem a de maior distância entre-eixos do mercado.

A JAC Hunter é uma bela picape, bem ao gosto dos usuários desse tipo de veículo, com bom porte e com soluções estéticas sem exageros. Os faróis e as luzes de rodagem diurna de LED formam um conjunto harmônico e constituem a assinatura dianteira do veículo. Não foge, no entanto, do padrão visual das picapes de sua categoria.

Se nas medidas lineares a picape JAC Hunter não leva tanta vantagem assim, na capacidade de carga a história é diferente. Capaz de carregar 1.400 kg, esse valor é bastante superior aos de suas concorrentes, que variam de 1.000 kg a 1.049 kg. Com suspensão traseira de eixo rígido e feixes de molas longitudinais, haverá, no futuro, uma versão com molas traseiras helicoidais, que promete ser bem mais confortável para os ocupantes, porém com capacidade de carga 400 kg menor. Será uma questão de opção.

O interior da Hunter segue a tendência dos carros atuais, sem alguns exageros tecnológicos que transformam alguns veículos em algo parecido com uma nave espacial. É perfeita para o gosto mais conservador dos picapeiros. O acesso à cabine conta com um estribo e pelas alças internas nas colunas dianteiras. Pode não parecer, mas são dois itens que facilitam muito o conforto na hora de entrar e sair do veículo. Os bancos dianteiros têm ajustes elétricos de seis direções para o motorista e quatro para o passageiro. Há aquecimento em ambos. O banco traseiro é espaçoso, porém, como característica das picapes de cabine dupla, na Hunter o assoalho é alto e mantém as pernas dos ocupantes muito dobradas.

O bom gosto domina o visual interno, desde o revestimento de bancos e portas até à distribuição dos instrumentos de painel. Um belo console central reúne os principais comandos, como o seletor de marchas em forma de joystick, o seletor giratório dos tipos de tração (4×2, 4×4 e 4×4 reduzida), o botão de seleção de modos de condução (Rain, Eco, Normal e Sport) e o acionamento do freio de estacionamento eletromecânico. Há ainda botões para desabilitar o controle de estabilidade e acionar os desembaçadores dos vidros.

Acima desse console, o enorme mostrador de 13 polegadas da central multimídia é um tanto exagerado, sendo, no entanto, uma exigência de qualquer carro moderno bem conectado. O painel do motorista é de 7 polegadas e pode ser personalizado. As modernidades obrigatórias estão lá, como as conexões para celulares e o carregador sem fio, mas há também — ainda bem — controles do ar-condicionado por botões físicos.

A tela central permite visualização 360º do veículo com as quatro câmeras externas, o que, juntamente com os sensores de estacionamento, é instrumento imprescindível em manobras, face às dimensões da picape.

De acordo com o importador, a JAC Hunter obteve cinco estrelas no teste de colisão Ancap (Australasian New Car Assessment Program), programa de avaliação de veículos para a Austrália e Ásia, com itens de segurança como quatro freios a disco, seis bolsas infláveis e controles eletrônicos de estabilidade e tração.

O preço de lançamento da picape JAC Hunter é de R$ 239.900 para as primeiras mil unidades, sendo que as seguintes terão o valor de tabela, que é de R$ 259.900. A JAC garante um sistema de manutenção com oficinas autorizadas e treinadas espalhadas por todo o país, inclusive em regiões remotas onde uma concessionária não seria viável. Ainda assim oferece uma garantia total, sem limite de quilometragem, de oito anos.

GM

Avaliação dinâmica, por Gerson Borini

JAC HUNTER, A PICAPE QUE UNE FORÇA E VIGOR

A JAC Hunter chegou ao mercado brasileiro com a promessa de ser uma opção robusta e moderna no disputado segmento de picapes médias. Com design imponente, tecnologias avançadas e um motor turbodiesel de respeito, a picape chinesa tem chamado a atenção. No entanto, durante a avaliação dinâmica, algumas características ficaram evidentes, revelando pontos fortes e algumas arestas a serem lapidadas.

Suspensão: foco na carga, não no conforto

Um dos aspectos que mais chama a atenção na JAC Hunter é a configuração da suspensão traseira, que utiliza feixe de molas, uma solução tradicional nas picapes médias voltadas para trabalho pesado. Esse sistema é conhecido por sua durabilidade e capacidade de suportar grandes cargas, sendo ideal para quem utiliza o veículo no transporte de carga ou em terrenos mais exigentes.

Contudo, essa robustez tem seu preço. Em condições de uso urbano ou em estradas com irregularidades, a rigidez do feixe de molas compromete significativamente o conforto, especialmente aqueles que viajam no banco traseiro. Os impactos das irregularidades do piso são transmitidos diretamente para a cabine, tornando a experiência de viagem menos agradável. Para quem pretende utilizar a picape como veículo familiar ou em viagens longas, esse pode ser um ponto negativo importante.

A calibração dos coxins de cabine seria outro elemento que filtraria as imperfeições do solo e que afetam o conforto de rodagem e que poderia ser melhorada. Fabricantes tradicionais de picape média já utilizam coxins hidráulicos, dando melhor controle nas movimentações verticais e laterais, oferecendo maior conforto.

Motor e câmbio: integração de destaque

No que diz respeito ao conjunto motriz, a JAC Hunter apresenta um ponto positivo indiscutível. Sob o capô, encontramos um motor turbodiesel de 2 litros capaz de entregar 191 cv e 46,9 m·kgf. O motor  se destaca pela entrega linear de força e pela boa resposta em baixas rotações, atributos fundamentais para uma picape que se propõe a enfrentar tanto o trânsito urbano quanto aventuras off-road.

Esse desempenho é potencializado pela excelente integração com o câmbio automático epicíclico ZF de oito marchas. O câmbio se mostrou ágil e preciso nas trocas, adaptando-se bem a diferentes situações de condução. Em aclives, descidas e ultrapassagens, a caixa responde de forma rápida e eficiente, evitando trancos ou hesitações.

A nota destoante fica para o conta-giros de leitura digital, uma vez que a mudança rápida dos números não permite acompanhar ao aumento de rotação pela visão periférica, comum quando a leitura é analógica, em que se  acompanha o movimento do ponteio..

No trecho fora de estrada com piso escorregadio, o sistema de tração 4×4 reduzida foi capaz de manter a tração do veículo em descida íngreme e com piso escorregadio, mesmo com pneus do tipo misto.

GB