Hoje, a General Motors comemora exatos 100 anos de Brasil. Sem a menor dúvida, trata-se de um fato histórico que merece ser comemorado por todos os autoentusiastas. É difícil imaginar que alguém lendo esta matéria não tenha alguma história pessoal, familiar ou de amigos próximos relacionada à GMB (General Motors do Brasil). Apenas para lembrar, a General Motors foi criada pela aquisição de outras empresas, começando pela Buick, em 1908, e, portanto, hoje tem 116 anos.
Ou seja, quando chegou ao Brasil, em 1925, era praticamente uma adolescente.
A Chevrolet, por sua vez, só foi fundada em 1911. E também chegou ao Brasil em 1925 como a marca escolhida pela GM. Por aqui, ainda existe certa confusão entre empresa (General Motors) e marca (Chevrolet). A GM nunca foi uma marca; sempre fabricou e vendeu carros de suas diversas marcas. O único carro de passageiros lançado como GM foi o elétrico EV1, em 1996, uma estratégia para posicionar a GM como uma empresa pioneira. Em 2005, a GM começou a incluir um pequeno emblema azul com o logotipo “GM” em veículos de todas as suas marcas, como Chevrolet, Cadillac e Buick, para reforçar a identidade corporativa e destacar o vínculo com a matriz. Essa estratégia visava fortalecer o reconhecimento da General Motors durante um período de desafios financeiros, mas o badge foi descontinuado em 2009, quando a empresa decidiu focar mais nas marcas individuais, já consolidadas entre os consumidores.
Voltando ao Brasil, nosso grande engenheiro e editor de Testes do AE, Gerson Borini, esteve na comemoração da GMB e nos brindou com uma excelente matéria sobre seus 30 anos de história na GM. Além dele, tanto eu quanto Bob Sharp também tivemos passagens pela companhia. Foi na GM que conheci o Bob pessoalmente e também onde o embrião do AUTOentusiastas nasceu.
Eu mesmo tenho algumas histórias para contar sobre minha passagem por lá. Um dia, voltarei a esse assunto com mais detalhes. Sei que o Bob Sharp também teve algumas experiências interessantes no período em que foi gerente de Imprensa. Uma delas, que ele me contou, foi ter solicitado a remoção dos tapetes de borracha de todos os carros da frota. A razão, deixo para ele mesmo explicar.
A GM, com a marca Chevrolet, colecionou muitos acertos no Brasil. A Chevrolet é uma das marcas mais adoradas no país, quase como times de futebol. Essa paixão geralmente vem de família, seja pela preferência dos pais, pelo primeiro carro dirigido ou pelo primeiro carro comprado. Marcas antigas e longevas têm esse “poder”, algo que se torna cada vez mais raro nos dias de hoje, diante da competitividade, da briga de preços e da convergência de atributos que tornam as marcas menos diferenciadas.
Arrisco dizer que as crianças de hoje dificilmente terão o mesmo vínculo emocional com marcas de carros.
Apesar dos acertos, a GM e a Chevrolet também enfrentaram críticas em alguns momentos. No final, é o consumidor quem julga produtos e serviços. No entanto, é importante destacar que nenhum fabricante comete erros por vontade própria. Toda a indústria automobilística faz o máximo para equilibrar desejos, custos, tecnologias e capacidades para oferecer algo que atenda ao mercado. Há, contudo, fatores como mudanças rápidas nas demandas, falta de recursos ou erros de julgamento que podem interferir nesse processo. Ainda assim, de modo geral, não vejo a indústria automobilística como um setor que desrespeite os consumidores de forma intencional.
Além disso, assim como os consumidores criam vínculos emocionais com marcas, os funcionários também desenvolvem laços profundos com as empresas em que trabalham. Especialmente na indústria automobilística, onde os produtos levam anos para serem desenvolvidos, há um grande envolvimento emocional.
Trabalhar no lançamento de um veículo é gratificante, pois você sente que deixou algo de si no produto.
Um exemplo disso foi o Agile, um carro muito criticado, que não passou de uma geração. A maçaneta interna das portas dianteiras, por exemplo, foi inspirada na do Corvette — um toque especial de algum entusiasta dentro da GM. Outro caso foi a porta do Celta 3 portas, inspirada na do Tigra. Esses detalhes mostram a dedicação das equipes.
Mas toda essa introdução foi para compartilhar algo especial com vocês.

Na semana passada, recebi um livro único do meu amigo e parceiro Gerson Borini. A obra foi idealizada e editada por Pedro Luiz Dias, uma figura emblemática da GM, que dedicou 37 anos à empresa, grande parte como Diretor de Comunicação. Sua trajetória reflete não apenas dedicação, mas também um profundo impacto na história da marca. O livro Futuros 100 anos da GM no Brasil é um compilado de textos de vários funcionários, contando histórias e relatos sobre suas experiências na empresa. Já li alguns capítulos, e são relatos fascinantes de pessoas que fizeram contribuições importantes à GM.
Basicamente, esse livro é uma declaração de amor à General Motors.

Minha passagem pela companhia durou quase cinco anos. A GM sempre representou para mim o ápice de uma trajetória profissional, sendo a realização de um sonho que carreguei por anos. Mas, por alguma razão — ou algumas —, decidi sair para a Toyota. Talvez tenha sido a ansiedade da juventude o principal motivo.
Lendo as histórias de pessoas que dedicaram a vida à GM, percebi o quanto admiro essas trajetórias de resiliência e foco. Por vezes, me peguei imaginando como minha carreira teria sido se eu tivesse permanecido por lá. Que histórias teria para contar neste livro? Como o AUTOentusiastas teria se encaixado na minha vida?
Mas essas reflexões são apenas exercícios de imaginação. Não me arrependo das escolhas que fiz, pois elas me trouxeram até onde estou hoje. Gosto de explorar novos horizontes e diversificar minhas experiências, o que me proporcionou histórias diferentes, mas igualmente ricas.
Seja como for, a General Motors teve um impacto profundo na minha vida. Foi graças ao meu trabalho lá que fui contratado pela Toyota, e assim minha trajetória seguiu.

Deixo aqui meu agradecimento à General Motors e meus parabéns pelos seus 100 anos de Brasil.
Que venham mais 100 anos!
Um agradecimento especial a Pedro Luiz Dias por nos proporcionar esse livro memorável. E também para todos os funcionários da GM do Brasil que se esforçam para fazer o melhor.
Quem tiver interesse em adquirir o Futuros 100 anos da GM no Brasil pode entrar em contato com Pedro Luiz pelo e-mail peterdias@icloud.com. O livro, com tiragem limitada, custa R$ 89,99, e pode ser adquirido também por Pix. Para os apaixonados pela GMB, vale muito a pena.
Para finalizar, registro aqui uma grande atitude da Volkswagen do Brasil, outra marca adorada, que deixou uma mensagem no LinkedIn parabenizando a GM. Esse respeito entre empresas é muito bacana e saudável.

Grande abraço,
PM
A coluna “Substance” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.