O Fiat Fastback chegou às concessionárias há pouco mais de dois anos, dando vida a um carro-conceito mostrado no Salão do Automóvel de 2018, realizado em São Paulo. Assinado pelo designer austríaco Peter Fassbender, que em seu portfólio tem Mobi, Toro e Pulse, entre outros, o Fastback justifica seu nome de batismo pelo vidro traseiro bem inclinado e uma traseira longa, visual que dá a este Fiat um ar déjà-vu, similar ao de suves como o BMW X4 e Mercedes-Benz GLC.
O desempenho de mercado do Fastback tem sido razoável — 16º carro mais emplacado no Brasil no ano passado, segundo o ranking da Fenabrave, e 9º entre os suves. A chegada desta nova versão, que ora inaugura o primeiro Teste de 30 Dias de 2025, mostra a confiança da Fiat no modelo assim como no Pulse, os vetores da estreia da marca na motorização semi-híbrida no Brasil.

O sistema semi-híbrido usado no Fastback, batizado pela Fiat de Bio-Hybrid, combina o motor flex tricilindro turbo de 1 litro a um aparato que, além de atuar como gerador e motor de arranque, provê potência adicional nas arrancadas mais enérgicas auxiliando o motor a combustão. Chamado de BSG – Belt Starter Generator, gerador e motor de partida por correia, o engenho oferece pouco mais de 4 cv diretamente ao virabrequim por essa correia, auxílio este que ocorre também nos momentos de maior demanda de potência reduzindo o consumo de combustível. Duas são as baterias: uma no compartimento do motor, convencional de chumbo-ácido, de 68 A·h, e outra de íons de lítio de 11 A·h, situada sob o banco do motorista. Esta bateria só é recarregada nas desacelerações e frenagens.

O Fiat Fastback 200 Hybrid Flex mereceu amplas resenhas aqui no AE, inclusive uma apresentação bem completa desta nova geração, definida adequadamente pelo nosso editor de Testes Gerson Borini como “semi-híbrida”, pois diferentemente dos demais automóveis híbridos mais conhecidos dos brasileiros — Toyota Corolla e Corolla Cross in primis — o motor elétrico, sozinho, não traciona o veículo. Objetivo final do aparato é o de reduzir emissões e consumo, cifra que alcança cerca de 10% segundo a fabricante.
Para este Teste de 30 Dias a Fiat nos cedeu a versão Audace, a intermediária entre os Fastback de 1litro. A configuração no “Monte o seu” do site, ao final de dezembro de 2024, alcança o valor de R$ 156.570 – 151.990 + 1.990 (cor) + 2.590 (revestimento que imita couro).

Menos de 2.500 km rodados era o que indicava o hodômetro do Fastback na bela cor azul Amalfi escolhida para estrear nos Fiat Hybrid. No posto de condução, a cena é agradável, com destaque para a grande tela de 10,1 polegadas do sistema multimídia e painel com dois grandes instrumentos circulares, velocímetro e conta-giros, separados por barras que indicam temperatura do líquido de arrefecimento e nível do combustível. Entre eles uma tela de 3,5 polegadas pode oferecer informações que vão da velocidade instantânea (velocímetro de leitura digital) a preferências de áudio, passando pelo computador de bordo (A e B) e fluxo da energia do sistema híbrido, entre outras.
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A percepção de qualidade na cabine do Fastback é coerente com o segmento no qual ele se posiciona, com pontos altos como o belo volante revestido em couro perfurado, com nada menos do que duas dezenas de botões destinados ao comando/acionamento de diferentes recursos — inclusive a troca de marchas do câmbio automático CVT — e um console no qual se encontra o útil carregador de bateria de smartphones por indução, com saída de ar climatizado para evitar superaquecimento durante o processo. Pecado é a ausência da cregulagem de distância do volante, que pode ser somente ajustado em altura. No entanto, em termos práticos, encontrei facilmente uma posição de dirigir adequada, ajudado nisso pelo ajuste do banco do motorista também em altura e distância.
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Falando em bancos, o revestimento de imitação de couro é sóbrio e a conformação proporciona conforto adequado. O banco traseiro, bipartido 60:40, não dispõe de descansa-braço central, ao contrário dos bancos dianteiros, que contam com um entre eles que é também a tampa de um prático vão porta-objetos. Na traseira duas saídas de ar climatizado acompanham as portas USB-A e USB-C, que também estão disponíveis no console dianteiro. O porta-luvas impressiona por suas dimensões generosas, idem o porta-malas, com capacidade de 516 litros VDA (ou 600 litros como anunciado no site da Fiat), coberto por uma robusta tampa dobrável.
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A porta que dá acesso ao porta-malas é bem longa e, uma vez aberta, exigirá estatura razoável do usuário para que que alcance o vão para puxá-la para baixo. Rebater o encosto dos bancos amplia a já grande capacidade de carga, mas a área não oferece uma superfície regular por conta de protuberantes reforços estruturais transversais. Outro senão é a altura da “boca” do porta-malas, com desnível pronunciado entre o solo e o chão do compartimento, o que não facilitará embarcar ou sacar carga pesada.
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Rodei pouco menos de 400 quilômetros na primeira semana com o Fastback, metade em rodovia e metade na capital paulista. O padrão da Fiat para abastecimento de sua frota de imprensa é o álcool, e a marca de consumo médio para o período foi de 10,4 km/l, com uma surpreendente marca de 17,1 km/l no trecho de São Paulo a Sorocaba. Tal registro foi obtido rodando a uma média de 90 km/h. Na volta, com pressa, a marca de acordo com o computador de bordo, foi de 14,2 km/l a uma média de 110 km/h. No uso urbano a pior marca foi de 6,7 km/l e a melhor, 10,1 km/l, variação grande devido ao padrão de uso diverso: a primeira em para-e-anda na mais acidentada região de São Paulo, Perdizes, Pompeia e adjacências, onde ladeirões não faltam. A segunda circulando em vias expressas e horários livres de congestionamentos, ou quase isso.

Dentre tantos aspectos, dar ênfase ao consumo nesta análise inicial de nosso Teste de 30 Dias com o Fiat Fastback se dá pela proposta deste suve, de oferecer motorização de acordo com a tendência atual, o chamado downsizing – tricilindro de 1.000 cm³ auxiliado por um turbocarregador compacto aliado a um inédito (em termos de Brasil), sistema de assistência elétrica de propulsão –, que em princípio já disse ao que veio, pois tenho a impressão que um automóvel com motor térmico convencional de mesmo porte e peso não conseguiria ser tão econômico. Portanto, considerar o sistema híbrido usado no Fiat Fastback uma “enganação” não me parece nada correto.
De resto, ressalto que a condução do Fastback tanto pela cidade como em rodovia se revelou bem agradável no que pese a típica rumorosidade do três cilindros que, nas poucas ocasiões que o acelerador foi ao fundo, invadiu a cabine de maneira ruidosa, mostrando que talvez um aspecto a corrigir em futuras versões seja a insonorização do habitáculo.

O 30 Dias com o Fiat Fastback seguirá com a viagem-padrão ao litoral norte paulista, quando terei oportunidade de aferir capacidades de todo tipo: a do porta-malas, a da cabine (quatro adultos e um cão de pequeno porte) e a estreia da gasolina no tanque para que se consiga maximizar o aspecto do alcance.
RA
Fiat Fastback Turbo 200 Hybrid
Dias: 7
Quilometragem total: 372 km
Distância na cidade: 185 km (49,7%)
Distância na estrada: 187 km (50,3%)
Consumo médio: 10,4 km/l
Melhor média (álcool): 17,1 km/l
Pior média (álcool): 6,7 km/l
Média horária: 31,0 km/h
Tempo ao volante: 12h16 minutos
Ficha técnica do Fastback e do Pulse, que compartilham a mesma mecânica:
FICHA TÉCNICA PULSE E FASTBACK T200 HYBRID AUDACE E IMPETUS 2025 | |
MOTOR A COMBUSTÃO | GSE T200 |
Descrição | L-3, dianteiro transversal, bloco e cabeçote de alumínio, monocomando com variador de fase, corrente, controle de abertura das válvulas de admissão MultiAir III, 4 válvulas por cilindro, turbocarregador BorgWarner com interresfriador e válvula de alívio elétrica, injeção direta, flex |
Cilindrada (cm³) | 999 |
Diâmetro x curso (mm) | 70 x 86,5 |
Potência máxima (cv/rpm, G/A) | 125 /130 / 5.750 |
Torque máximo (m·kgf/rpm, G e A) | 20,4/1.750 |
Corte de rotação (rpm) | 6.500 |
Taxa de compressão (:1) | 10,5 |
Comprimento da biela (mm) | 149,3 |
Relação r/l | 0,289 |
Densidade de potência (cv/L, G/A) | 125 / 130 |
Densidade de torque (mkgf/L, G e A) | 20,4 / 20,4 |
MOTOR ELÉTRICO | |
Tipo | Alternador quando em função de motor |
Potência (cv) | 4 |
Alimentação | Bateria de íons de lítio |
Capacidade da bateria (kW·h) | 0,13 |
Tensão da bateria (V) | 12 |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Automático CVT, conversor de torque, 7 marchas à frente e ré, tração dianteira |
Relações das marchas em manual (:1) | 1ª 2,27; 2ª 1,60; 3ª 1,20; 4ª 0,94; 5ª 074; 6ª 0,58; 7ª 0,46; ré 2,60 a 0.42 |
Relações das marchas em automático (:1) | De 2,60 a 0,42 |
Relação de diferencial (:1) | 5,698 |
Estol do conversor de torque (rpm) | n.d. |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, braço triangular, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade |
Relações de direção (:1) | n.d. |
Número de voltas entre batentes | 3 |
Diâmetro do volante (mm) | 370 |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,5 |
FREIOS | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado / 284, pinça flutuante |
Traseiros (Ø mm) | Tambor / 203 |
Atuação | Hidráulica, ABS. duplo-circuito em diagonal |
RODAS E PNEUS | |
Rodas, Pulse | Liga de alumínio, 6Jx16 (Audace), 6Jx17 (Impetus) |
Rodas, Fastback | Liga de alumínio, 7Jx17 (Audace), 6Jx18 (Impetus) |
Pneus, Pulse | 205/50 R18H, Pirelli (Audace),195/60 R16H Goodyear/Pirelli (Impetus) |
Pneus, Fastback | 205/50 R17H Pirelli (Audace), 215/45 R18H Continental (Impetus) |
CONSTRUÇÃO | Monobloco de aço, suve, 4 portas, 5 lugares, subchassi dianteiro |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | n.d. |
Área frontal (calculada, m²) | n.d. |
Área frontal corrigida (m²) | n.d. |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 4099 (Pulse), 4.427 (Fastback) |
Largura aem/comee espelhos | 1.776 / 1.989 (Pulse), 1.774 / 1.989 (Fastback) |
Altura | Pulse 1.553 (Audace), 1.552 (Impetus) // Fastback 1.547 (Audace), 1.548 (Impetus) |
Distância entre eixos | 2.532 (Pulse). 2.532 (Fastback) |
Bitola dianteira/traseira | n.d. |
Vão livre entre os eixos | Pulse, 213 (Audace, 212 (Impetus // Fastback 217 ambos |
Distância mínima do solo | Pulse 195 ambos // Fastback ambos |
ÂNGULOS | |
Entrada (º) | Pulse 20,5 (Audace), 20.6 (Impetus) // Fastback 20,3 ambos |
Saída (º) | Pulse 31,4 (Audace), 31,3 (Impetus // Fastback 24,2 ambos |
Transposição de rampa (º) | n.d. |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.234 (Audace), 1.245 (Impetus) |
Carga útil | 400 todos |
Máximo rebocável sem/com freio | n.d. |
CAPACIDADES (L) | |
Tanque de combustível | 45 |
Porta-malas | 516 (Fastback), 370 (Pulse) |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO PBEV | |
Cidade (km/l, G/A) | Pulse 13,4 / 9,3. Fastback 12,6 /8,9 |
Estrada (km/l, G/A) | Pulse 14,4 / 10,2, Fastback 13,9 / 9,8 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | Pulse e Fastback 9,7 / 9.4 |
Velocidade máxima (km/h, G/A)) | Pulse 187 / 189. Fastback 194 / 196 |