BMW iX2 xDRIVE30 M SPORT, NO USO

Durante uma semana avaliei o BMW iX2 xDrive30 M Sport, versão mais potente e eletrificada do recém-lançado suve-cupê compacto da marca bávara, vide matéria de lançamento. Baseado na segunda geração do X2, o iX2 compartilha o arcabouço com o X1 e o novo MINI Countryman, mas entrega uma proposta própria, com visual mais ousado, tração integral e motorização puramente elétrica. Será que ele convence como BMW e como elétrico? A resposta é mais complexa do que parece.

Design: ruptura com o passado

Polêmico. Assim pode ser definido o visual do iX2. A dianteira traz grade duplo-rim gigantesca (e falsa, por não haver radiador), com a opção de iluminação “Iconic Glow”, que destaca ainda mais sua presença. O pacote M Sport da unidade avaliada acrescenta para-choques mais volumosos e rodas de 20″ que roubam a cena, mas beneficiam o conforto e a eficiência energética.

Nas laterais, o caimento do teto segue a fórmula X4/X6, o que garante uma silhueta dinâmica, porém compromete o espaço para a cabeça dos ocupantes dos bancos traseiros. As maçanetas embutidas e de abertura vertical, apesar de aerodinâmicas, não são as mais práticas de se utilizar. A traseira termina com um pequeno defletor e lanternas protuberantes que dividem opiniões, mas ajudam a criar identidade.

Interior: luxo com algumas concessões

Ao entrar no iX2, nota-se imediatamente o capricho nos materiais: Alcantara, couro e acabamentos metálicos conferem requinte digno de modelos mais caros da marca. Os bancos esportivos M são confortáveis, mesmo em viagens longas, e oferecem bom apoio lateral, e a extensão do assento é outro item de maior conforto.

O volante de pegada firme traz botões grandes e de fácil operação. À frente do motorista, o quadro de instrumentos digital de 10,7″ tem configurações pré-definidas. A projeção de informações no para-brisa é outro item que facilita na condução.

O sistema iDrive 8.5, com tela de 10,3″, está entre os melhores do mercado, tanto em fluidez quanto em funcionalidades. A central oferece integração com o BMW Connected Drive, que inclui tráfego em tempo real. A interface é intuitiva, embora a transição para comandos exclusivamente táteis possa incomodar os puristas.

A ergonomia da cabine é boa, mas nem tudo são flores. Os porta-copos são grandes, mas sem presilhas para firmar garrafas, o que pode resultar em derramamento de líquido. Os painéis de portas têm desenho funcional e, novamente, a acomodação de garrafas não é seu forte. Há boa alternância de materiais e texturas, formando um conjunto harmônico.

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Atrás, o espaço para as pernas é adequado, mas adultos altos tocam o teto com a cabeça. A sensação de confinamento só é aliviada com o teto panorâmico. Há saídas de ar e portas USB-C, mas nenhum luxo adicional como aquecimento ou controles de climatização para os ocupantes de trás.

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Condução: entre o conforto e o desempenho

O iX2 xDrive30 temdois motores elétricos, um em cada eixo, entregando tração integral e potência combinada de 313 cv com 50,4 m·kgf de torque máximo. Com isso, o suve de 2.020 kg acelera de 0 a 100 km/h em apenas 5,6 segundos. O torque instantâneo típico dos elétricos transforma qualquer semáforo em potencial grid de largada, mas a aceleração perde ímpeto acima de 60 km/h, decepciona um pouco.

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A direção é leve, ideal para o uso urbano e aumenta seu. peso progressivamente com o incremento da velocidade. A centragem é correta. A suspensão McPherson na dianteira e multibraço na traseira entrega um comportamento firme em todas as condições, podendo parecer dura e desconfortável para quem prefere um suve de reações mais confortáveis.

O peso elevado — cerca de 500 kg a mais que o X2 a combustão — é perceptível em mudanças rápidas de direção e ao passar por buracos, exigindo atenção redobrada. Por outro lado, o centro de gravidade mais baixo favorece a estabilidade e oferece boa segurança em velocidades de viagem.

Os freios são potentes e bem modulados, com destaque para a frenagem regenerativa eficiente, que permite condução com um só pedal. Em frenagens leves na cidade não se percebe o pequeno degrau entre o sistema regenerativo e os freios hidráulicos que é notório em veículos de marcas chinesas, mostrando a atenção nos detalhes dos engenheiros da BMW.

Eficiência, alcance e conforto

Com bateria de 64,8 kW·h, o iX2 não impressiona no papel, mas surpreende no mundo real. Mesmo com rodas grandes e tração integral, apresentou bons índices de consumo, ficando entre os mais eficientes da categoria. O alcance real, claro, depende do estilo de condução, mas a média urbana ficou acima dos 350 km em ritmo moderado, em comparação aos 337 km homologados junto ao Inmetro.

O rodar é silencioso e confortável na maioria das situações. Mesmo com pneus de perfil bem baixo (245/40R20), a absorção de impactos é eficiente no modo padrão. A cabine é bem isolada acusticamente, permitindo apreciar as composições “Iconic Sounds” criadas por Hans Zimmer, que adicionam uma atmosfera futurista à experiência de condução.

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Conclusão

O BMW iX2 xDrive30 M Sport é, sem dúvida, um dos suves elétricos mais completos e refinados da atualidade. Ele oferece desempenho, tecnologia de ponta e acabamento sofisticado, mas ainda com algumas concessões que lembram que estamos em um momento de transição — tanto da marca quanto da indústria.

Como produto, é difícil criticá-lo. Como BMW, talvez falte um pouco da alma que caracterizava os modelos de outrora — aquela conexão homem-máquina que tanto cativava os entusiastas. Ainda assim, como carro do dia a dia, ele impressiona e entrega mais do que promete.

Se a busca é por um suve elétrico premium, com pegada esportiva e bom espaço interno, o iX2 xDrive30 M Sport merece estar na lista. Só não espere por um Série 3 disfarçado de utilitário e esteja preparado para pagar R$ 443.950 no veículo que é vendido em configuração única.

GB