A Fórmula 1 faz neste fim de semana a primeira de suas três visitas aos Estados Unidos: a sexta etapa da temporada 2025 será disputada em Miami (Flórida). Diferente das hordas de turistas e imigrantes que alimentam shopping centers e condomínios gigantescos, a categoria desembarca no sul da costa leste dos EUA envolvida na disputa entre os dois pilotos da equipe McLaren, o líder do campeonato Oscar Piastri e o vice-líder Lando Norris, e as recentes declarações de Mohammed Bem Sulayem, presidente da FIA que está em campanha em busca de um segundo mandato. As agruras da Red Bull, o desempenho dos Mercedes de George Russell e Kimi Antonelli e as dificuldades da Ferrari são outros tópicos da semana.
A corrida de Miami é a típica festa americana: o circuito de 5.412 metros em torno do Hard Rock Stadium, sede da equipe de futebol americano Miami Dolphins, recebe uma decoração adequada ao colorido estado de espírito da cidade considerada o hub aéreo da América Latina. No segundo semestre a F-1 retorna aos EUA, primeiro no Circuito das Américas. O autódromo-sede da décima-nona etapa do ano, no domingo 19 de outubro, usa uma pista permanente no interior do Texas, um dos estados mais ricos do país. Por sua vez, Las Vegas promove um show típico da cidade repleta de cassinos milionários e segredos que, diz o dito popular, ficam por lá. A vigésima-segunda corrida da temporada está programada para o sábado 22 de novembro, única corrida de 2025 que não será realizada num domingo.
Senna-Prost revival
A rivalidade que aflora entre Oscar Piastri e Lando Norris está longe de ser algo inédito para a equipe McLaren. Em 1988 e 1989 Ayrton Senna e Alain Prost desenvolveram um clima de guerra que levou o francês a se mudar para a Ferrari no ano seguinte. Se as atitudes de Norris e Piastri dentro e fora das pistas ainda estão distantes do nível que marcou o relacionamento entre o brasileiro e o francês, o fato de o McLaren MCL39 ter sido o carro vencedor em quatro das cinco provas já disputadas este ano contribui para preocupar Zak Brown e Andrea Stella, respectivamente diretor-presidente e chefe de equipe.
Reconhecidamente mais frio e calculista que seu companheiro de equipe, Oscar Piastri venceu pela terceira vez em 2025 no circuito de Jeddah (Arábia Saudita) e tirou de Lando Norris a liderança ocupada desde a abertura da temporada. Em seu terceiro ano no time papaia, o australiano deixa claro que está pronto para ser o primeiro piloto, posição que o inglês não consolidou desde que desembarcou na categoria em 2019. Brown e Stella não escondem que um acidente entre seus pilotos é uma questão de tempo.
No box ao lado, a Red Bull vive uma temporada distinta do padrão estabelecido no início da década com os quatro títulos consecutivos de Max Verstappen entre 2021 e 2024. Outrora padrão de sucesso da categoria, o time dos energéticos vive um período conturbado e a maior chance de o holandês chegar ao seu quinto título é apostar em Piastri e Norris como colaboradores externos: a disputa entre estes dois pode prejudicar a ambos e beneficiar o tetracampeão.
A rendimento inferior do equipamento da Red Bull também contribui para alimentar os comentários da ruptura do contrato que liga o piloto holandês ao time até 2028. Em situações semelhantes de campeões e equipes de ponta existem cláusulas que possibilitam rescindir o acordo caso uma das partes não corresponda a um padrão mínimo de competitividade. A perda de notáveis como o projetista Adrian Newey e o chefe de equipe Jonathan Wheatley, entre outros nomes menos cotados, contribui para afetar o ambiente e minar a eficiência da operação.
Se este ano a chegada de cinco novos pilotos em tempo integral — Andrea Kimi Antonelli, Gabriel Bortoleto, Isack Hadjar, Liam Lawson e Oliver Bearman — contribuiu para movimentar o ambiente, o tema pilotos está mais morno no que diz respeito a mudanças para 2026. Ainda sem sinais sobre sua permanência na equipe Mercedes em seu último ano de contrato com o time alemão, o inglês George Russell vê seu nome ganhar importância. Quarto colocado no campeonato, atrás de Piastri, Norris e Verstappen, ele ainda não tem clareza sobre a intenção da Mercedes em renovar seu contrato que expira no final deste ano.
Novamente envolta em uma crise gerada por uma campanha irregular e abaixo das expectativas, a Ferrari segue em busca de entregar um carro que permita ao heptacampeão Lewis Hamilton fazer valer sua milionária transferência da Mercedes para Maranello. Até agora o inglês tem se mostrado menos eficiente que o errático Charles Leclerc, aposta dos italianos ainda por mostrar-se correta.
Em plena campanha com vistas a ser reeleito em dezembro para um novo mandato, o atual presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA) Mohammed Bem Sulayem deu mostras de aliviar sua cruzada para evitar que pilotos dos campeonatos mundiais de F-1 e rali usem palavras de baixo calão em suas entrevistas durante os eventos oficiais. O árabe sofre pressão de dirigentes europeus, particularmente os ingleses, descontentes com os padrões de sua administração.
WG
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