Na noite desta quinta-feira (12/6), a pista de La Sarthe viveu mais um capítulo memorável de sua longa história. Em meio ao novo formato de classificação dividido em duas fases da chamada Hyperpole, a Cadillac fez história ao cravar a primeira fila completa do grid para a 93ª edição da 24 Horas de Le Mans — justamente no ano em que celebra 75 anos de sua estreia na prova.

Pole com gosto de redenção
A volta da pole veio com Alex Lynn, ao volante do Cadillac V-Series.R nº 12 da equipe Hertz Team JOTA. Com o cronômetro marcando 3min23s166, o britânico conquistou sua segunda pole na carreira no Campeonato FIA-WEC e primeira na pista francesa, superando rivais com uma volta que combinou arrojo, precisão e emoção — muita emoção.
Lynn havia ficado a mísero 0,138 segundo da pole no ano passado. Desta vez, não deixou escapar: “Eu queria demais isso … Pensei nisso por muito tempo. Um décimo no ano passado doeu muito. Vocês me deram todas as ferramentas hoje. O projeto pole position se concretizou!”, disse, emocionado, pelo rádio logo após cruzar a linha.
Já fora do carro, ele traduziu a dimensão do momento: “Guiar um carro desses em Le Mans, com pouco combustível e pneus novos, é uma honra. Esta pista é mágica. Esta sensação é única.”
É a primeira vez que a Cadillac conquista a pole geral em Le Mans desde 1967. Lynn, por sua vez, tornou-se o primeiro britânico a largar na frente na geral desde Johnny Herbert em 2004.
Dobradinha americana
Earl Bamber completou a festa da marca de Detroit ao colocar o Cadillac nº 38, da equipe oficial, ao lado do nº 12 na primeira fila. Trata-se de um feito raro: apenas quatro fabricantes haviam conseguido monopolizar a primeira fila em Le Mans desde a era moderna.
A Porsche, que viveu um dia difícil com a desclassificação do carro nº 6 e problemas mecânicos com o nº 5 durante a Q1, salvou a honra com Mathieu Jaminet, que garantiu o terceiro lugar no grid com o nº 5 da equipe Porsche Penske Motorsport — após liderar boa parte da sessão decisiva da Hyperpole.

O belga Dries Vanthoor foi outro destaque, com uma volta forte no fim da sessão que colocou o BMW M Hybrid V8 nº 15, da equipe WRT, na quarta posição, à frente do Porsche nº 4 de Nick Tandy, companheiro do brasileiro Felipe Nasr que foi o responsável pela primeira parte da Hyperpole, e do segundo BMW, nº 20, com Sheldon van der Linde.
Ferrari decepciona
Depois de vencer as duas últimas edições da prova e liderar com sobras o campeonato até aqui, a Ferrari teve um desempenho abaixo das expectativas. O melhor 499P foi o nº 50, com Antonio Fuoco, que garantiu apenas o sétimo lugar. Já os carros nº 51 (Pier Guidi) e nº 83 (Yifei Ye) sequer avançaram para a fase final da Hyperpole. Um sinal de alerta para a Scuderia, que até então vinha dominante na temporada 2025 do WEC. Lembrando que a etapa de Le Mans soma pontos em dobro.

LMGT3: pole para Aston Martin e brilho de Valentino Rossi
Na classe LMGT3, a pole ficou com o Aston Martin Vantage GT3 da Heart of Racing, conduzido pelo italiano Mattia Drudi, estreante em Le Mans. Ele superou o experiente Alessio Rovera, piloto oficial da Ferrari, a bordo do 296 GT3 nº 21 da Vista AF Corse.
“É sempre difícil ter uma volta 100% limpa aqui, mas o time fez um trabalho impecável desde o Test Day. A pole não é o mais importante numa prova de 24 horas, mas é uma ótima forma de começar”, comentou Drudi.

Um dos grandes destaques da sessão foi Valentino Rossi, que colocou o BMW M4 GT3 da equipe WRT entre os três primeiros. Em apenas sua segunda participação em Le Mans, o multicampeão da MotoGP mostra evolução e consistência nas corridas de longa duração.

Completaram os cinco primeiros o Mercedes-AMG GT3 nº 61 da Iron Lynx (com Lin Hodenius e Maxime Martin) e o Porsche 911 GT3 R da Manthey, vencedor do campeonato no ano passado.
Entre os incidentes que definiram a sessão LMGT3, destacam-se a escapada de Francesco Castellacci, que prendeu o Ferrari nº 54 na brita das curvas Porsche e causou bandeira vermelha; a punição por exceder limites de pista ao McLaren nº 59 (Sébastien Baud); e o Ford Mustang nº 88, de Giammarco Levorato — todos já com pódios nesta temporada.

LMP2: virada decisiva de Mathias Beche
A briga na categoria LMP2, que não faz parte do FIA-WEC, foi intensa até os últimos segundos. O suíço Mathias Beche, com o carro da TDS Racing, arrancou a pole ao final da sessão, superando o forte trio formado por Tom Dillmann, Louis Delétraz e Ben Hanley, todos separados por pouco mais de um décimo de segundo.

Expectativa alta para a largada
Com a pista em excelente condição, o novo formato da Hyperpole mostrou seu valor ao proporcionar disputas diretas, dramáticas e altamente técnicas por posições no grid. Mas, como bem lembrou Alex Lynn, a batalha real começa no sábado. E, como sempre em Le Mans, a resistência e a estratégia continuam sendo tão importantes quanto a velocidade pura.
A largada da 93ª edição das 24 Horas de Le Mans é neste sábado (14/6), às 11h (hora de Brasília). Transmissão pela TV na BandSport e nos canais do YouTube da Band e Grande Prêmio, além do link oficial da categoria.
GB