Da Gazeta Russa
Por Evguêni Levkovitch e Anastassia Karagôdina
Quarenta an0s anos do Niva, o soviético que rodou o mundo. Pioneiro, veículo 4×4 conquistou fãs e recordes. Modelo completou quatro décadas dia 5 último.
O caminho desde o conceito inicial do Niva até sua materialização durou sete longos anos. Em 1970, o presidente do Conselho de Ministros da URSS Aleksêi Kosiguin incumbiu a fábrica de automóveis VAZ a missão de criar o primeiro suve compacto e acessível para moradores das zonas rurais. O resultado — o Niva — foi finalmente lançado em 5 de abril de 1977. Na época, não possuía análogos na URSS nem no resto do mundo: com tração integral só havia o britânico Land Rover Range Rover, de 1970.
Nos testes de comportamento dinâmico e manobrabilidade, o Niva superou o Range Rover. Não é à toa que o veículo ganhou rapidamente seguidores no Ocidente, e havia até uma lista de espera na Alemanha. Ao longo de seu período de fabricação, mais de 500 mil modelos do veículo foram enviados ao exterior.
Os franceses ficaram particularmente apaixonados pelo Niva. Isso porque os pilotos do país conduziram esse veículo ao pódio do rali Paris-Dakar por três anos seguidos: Jean-Claude Priavon e André Deliar ficaram em 3º lugar em 1981 e em 2º lugar um ano depois; em 1983, a conquista foi repetida por André Trussat e Erik Briavon.
Como resultado, as vendas da Niva na França saltaram seis vezes para 24 mil modelos por ano (dos 70.000 produzidos anualmente pela VAZ).
O Niva também coleciona vários recordes mundiais. Em 1998, esse veículo subiu ao campo-base do Everest (5.200 metros acima do nível do mar) sem assistência. O Land Rover britânico tentou superar essa conquista, mas só foi capaz de bater o recorde de 5.642 metros de altitude com a ajuda de cabos e guinchos. Um ano depois, o Niva “escalou” até o planalto tibetano no Himalaia (5.726 m acima do nível do mar).
Em abril de 1998, o Niva conquistou o Polo Norte. Durante um evento internacional de paraquedismo, foi lançado na costa do Oceano Ártico. Depois de aterrissar no gelo e ser libertado dos cabos de suspensão, iniciou sua trilha rumo ao topo da Terra. De 1990 a 2005, o Niva serviu na estação polar russa de Bellingshausen, na Antártica, transportando cargas a temperaturas de até mesmo -54 ºC.
Por relativamente leve e ágil, o Niva tinha, porém, um grande inconveniente: a falta de segurança. Nos testes de colisão do Euro NCAP (impacto frontal a uma velocidade de 64 km/h), o modelo registrou 0 dos 16 pontos possíveis por segurança. De acordo com especialistas, “em um acidente a uma velocidade de 64 km/h, o condutor ficaria certamente ferido” e “correria o risco de traumatismo craniano grave”.
Ao longo de seus 40 anos de história, o Niva sofreu mais de 30 modificações. O modelo mais singular é, talvez, o Niva Anfíbio, projetado para os militares e capaz de cruzar rios de profundidade média. Mas, apesar dos ensaios bem sucedidos, não entrou em produção (um protótipo pode ser visto no museu do automóvel em Riazan).
O Niva foi assim nomeado pelos engenheiros da VAZ Piotr Prusov e Vladímir Soloviov em homenagem a seus filhos: Natália, Irina, Vadim e Andrêi (a inicial de cada um deles). Soloviov morreu em 1975 antes que o primeiro Niva saísse da linha de montagem, enquanto Prusov, apenas três semanas antes da comemoração do 40º aniversário do modelo.
BS