FIA mantém limite de motores. Superlicença mais difícil. Halo chegou para ficar.
Tudo em nome da segurança e da economia, assim pode-se entender as decisões anunciadas na última reunião do Conselho Mundial do Esporte a Motor, evento que aconteceu no último fim de semana em Paris. Para a milionária F-1 notícias pouco agradáveis: apesar do calendário de 2018 estar praticamente definido com 21 etapas — novo recorde —, o número de unidades de potência liberados para uso sem penalidade será mantido em três conjuntos. Em outras palavras, mais gastos com pesquisa de materiais e desenvolvimento. O sistema de pontuação para concessão da superlicença necessária para disputar a F-1 foi dificultado e a homologação dos novos carros incluirá um teste de resistência do “halo”, o arco de segurança a ser instalado em torno do habitáculo.
A consolidar a “pirâmide” de categorias que tem como base o kart e o topo a F-1, a FIA lançou propostas para duas classes de F-3 a partir e 2019 e impôs reforço na estrutura dos carros de F-4. Esta última alteração entra em vigor em março de 2018 e reflete claramente o trágico acidente que levou à amputação das pernas do jovem inglês Billy Monger em abril último, em acidente ocorrido em Donington Park, na Inglaterra. Calendários de alguns dos principais campeonatos mundiais também foram divulgados, inclusive o da Fórmula E, a categoria de carros elétricos, onde aparecem praças inéditas como Santiago do Chile, São Paulo, Roma e Zurique, esta última colocando um fim na proibição de competições automobilísticas em circuito fechado na Suíça, algo que data dos anos 1950.
F-1 na berlinda
Tanto equipes quanto pilotos devem se acostumar com novas restrições impostas à categoria. As primeiras terão que disputar uma corrida a mais que nesta temporada usando um “motor” a menos e os subsistemas que compõe a famigerada unidade de potência ganham novo status quo. O “kit de sobrevivência” é formado por três motores térmicos (aqueles outrora conhecidos como motor a explosão), três MGU-H (recuperadores de energia térmica), três turbocompressores, e dois conjuntos de bateria, duas centrais de gerenciamento eletrônicos (a “centralina”), e duas unidades recuperadores de energia cinética, a MGU-K.
A primeira troca de componentes que exceda essas franquias será punida com a perda de 10 posições de largada e, partir de então, cinco posições. A construção e eficiência do “halo” serão verificadas a partir de um ensaio que emprega uma placa metálica de 15 cm de diâmetro para testar a resistência do novo equipamento de segurança. Novos sistemas de retenção das rodas e outros reforços no chassis foram igualmente aprovados.
A F-2 terá carros novos em 2018 e maior proeminência para obtenção da superlicença (FIA F2)Para a obtenção da superlicença exigida para disputar a F-1 os pilotos continuarão tendo que que obter 40 pontos num período de três anos e ter completado a quilometragem mínima de 300 km em treinos com um carro atual. A partir do ano que vem os três primeiros colocados no campeonato da F-2 receberão 40 pontos, assim como os campeão da F-Indy, com pontos sendo outorgados, em ordem decrescente aos 10 primeiros classificados. O campeão da GP3 até então recebia 30 pontos mas a partir de 2018 receberá apenas 25, e a ao melhor das temporadas Euro F-3, F-E e WEC LMP1 receberão 30 (em lugar de 40) e os campeões da Formula V8 3.5 (35) e da Super Formula japonesa (25) serão contemplados com 20. Sem dúvida uma maneira explícita de valorizar a passagem pela F-2…
Fora do universo F-1 a divisão da F-3 em duas categorias foi o item mais impactante. A entidade já abriu uma concorrência para que promotores apresentem propostas para um campeonato internacional e outros regionais para 2019. No primeiro os 24 carros inscritos por oito equipes serão idênticos em termos de chassi, motor de aproximadamente 350 cv e pneus. Para os regionais a FIA propõe carros com rendimento intermediário entre aqueles da série internacional e a F-4, equipados com motor, preferencialmente com superalimentação por turbocompressor, baseado em modelos de produção e com potência entre 220 e 240 cv. As marcas de chassi e motor podem variar de região para região, mas há recomendação para que os carros de um mesmo campeonato sejam idênticos.
Enquanto isso, o futuro de Interlagos…
Reportagem sobre o futuro de Interlagos veiculada ontem no SporTV2 deu novas mostras da ambiguidade com que a gestão João Dória trata a privatização do autódromo paulistano. As colocações feitas por Wilson Poit, Secretário Municipal de Desestatização e Parcerias, geraram mais dúvidas que esclarecimentos nos planos que ele e o prefeito têm para o local. A proposta de construir hotel e museu no terreno do circuito levantam dúvidas sobre a área que cada empreendimento ocupará. É sabido que boa parte dos 999.000 m² do terreno original foram grilados e ocupados, como o entorno das antigas curvas 1 e 2. Estaria a área do kartódromo ameaçada?
WG