Baseado em reportagem da Automotive News de 17/04/18
Há alguns dias o vice-presidente global de sistemas de propulsão da General Motors, Dan Nicholson, argumentou perante o subcomitê de Meio Ambiente do comitê de Energia e Comércio da câmara dos EUA que passando a gasolina comum para 95 octanas RON o país se alinharia com a Europa e seria a maneira mais simples de reduzir o consumo de combustível e diminuir a emissão do gás de efeito-estufa.
A GM, a Ford e a FCA estão trabalhando junto ao Conselho de Pesquisas Automobilísticas dos EUA no sentido de haver uma gasolina única no país, a 95 RON, em vez das três de octanagem diferente atuais, como pode ser visto na bomba da foto de abertura. As faixas de octanagem lá são a comum (regular) 87, a intermediária (midgrade) 89-90, e a premium, 91-94.
Os preços mostrados, convertendo para litro e reais, são R$ 1,933, R$ 2,114 e R$ 2,387 por litro. Se a comum for 100, a intermediária é 109,3 e a premium, 123,4.
Como 91 IAD corresponde a 95 RON, os EUA praticamente já têm a gasolina única de 95 RON proposta, que seria melhorar ligeiramente a intermediária (89-90 IAD), o que não representa dificuldade maior mesmo sem recorrer à adição de álcool.
Lembremos que em 1996 a Petrobrás lançou uma gasolina 95 RON sem álcool, visando os carros importados que chegavam em grande volume ao país. O plano só não foi adiante porque o governo vetou. Como toda gasolina, por lei, tem de conter então 22% de álcool anidro, com a adição essa gasolina virou a premium que temos hoje, de 98 octanas RON.
A notícia é curiosa por dois motivos. Primeiro, porque a indústria automobilística americana propõe — finalmente! — acabar com a maneira americana de exprimir octanagem por índice antidetonante (Anti-Knock Index), que é a média aritmética de octanas MON e RON — por acaso o mesmo padrão adotado no Brasil pela Agência Nacional do Petróleo, Biocombustíveis e Gás Natural (ANP).
A segunda curiosidade do pedido da indústria americana é só agora pensarem numa gasolina de 95 octanas RON para ser a gasolina comum, que aqui começou em 1982 com adição de 12% de álcool anidro à gasolina.
Muito engraçado foi Dan Nicholson dizer, segundo o autor da matéria Richard Pruett, que “a América merece ter uma gasolina tão boa quanto a Europa.” Como se não fosse — será mesmo que ele não sabe disso?
Mas a indústria está certa, especificar gasolina diferentemente do resto do mundo confunde o consumidor.
Na Europa ainda existe gasolina 91 RON, mas apenas em alguns países do leste. A “comum” lá, em termos práticos, é a 95 RON, chamada gasolina Super. A de maior octanagem é a Super Plus, 98 RON, mas a Aral vende uma Super Plus de 102 RON, igual às nossas Podium e, recentemente, a Octapro, da Ipiranga.
Como se vê, os nossos irmãos do norte estão causando à toa. Bastaria estabelecer a octanagem em octanas RON, tornar a 95 RON a gasolina básica melhorando ligeiramente a midgrade atual, e deixar a premium de 98 RON como está.
BS