TOYOTA CAMRY XLE EM TESTE NO USO (COM VÍDEO)

Em 2018 o Toyota Camry ocupa a sétima posição entre os veículos mais vendidos nos Estados Unidos. Está em primeiro entre os sedãs, pois os seis primeiros colocados são suves ou enormes picapes, o que é algo estranho, já que os EUA não sofreram o jugo de um governo bolivariano que estropiasse sua infraestrutura rodoviária. Para o asfalto, nada melhor para uma viagem em família que um bom sedã, coisa que o Camry sem dúvida é. Na verdade ele é excelente.

Debutando em 1983, para o Brasil esta oitava geração vem ao custo de R$ 206.200. Só é importado o topo de linha XLE, cujo motor é um V-6 aspirado de 3,5 litros que produz 310 cv  e 37,7 m·kgf. De opção só há a cor, sendo que só a branco Galático é que encarece o carro: R$ 1.750. O motor, conhecido como 2GR-FKS, de tão gostoso que é – trabalha tão bem, soa tão bem, potência máxima a altas 6.600 rpm —, é daqueles que ao acelerá-lo fica-se imaginando como ele cairia bem num leve esportivo. Na verdade a inglesa Lotus, que não tem nada de boba, também pensou nisso e o usa no seu modelo Evora, no qual entrega 400 cv. Para esse ganho de 90 cv bastou um compressor e remapeamento da injeção, e mais nada. Por aí se vê o potencial, a robustez e a confiabilidade desse motor Toyota.

Mas não pense o leitor que os 1.620 kg do Camry são um fardo pesado para esse V-6. Como não há dados de fábrica a respeito, com segurança estimo que ele faça o 0 a 100 km/h em menos de 7 segundos e atinja mais de 230 km/h de velocidade máxima, o que são números capazes de impor respeito entre os esportistas e ocasionalmente impor desrespeito para com a família a bordo. Usa só gasolina e, segundo o Inmetro, o consumo é de 7,6 km/l na cidade e 10,2 km/l na estrada.

O V-6 tem bloco e cabeçotes de alumínio, 4 válvulas por cilindro, comandos variáveis, combina injeção no duto com injeção direta, são dois injetores por cilindro. A potência máxima de 310 cv vem a 6.600 rpm e o torque máximo de 37,7 m·kgf é a 4.700 rpm. Tem pegada forte a qualquer giro, desde baixas rotações, mas ele em alta, além de roncar como só os bons V-6 gostosamente roncam, acelera para valer; empolga mesmo.

A tração é dianteira e o câmbio é automático epicíclico de 8 marchas. Não há borboletas atrás do volante; mudanças manuais, só pela alavanca seletora de câmbio. As trocas são muito suaves. Não objetiva esportividade, somente conforto e certa rapidez. Em suma, o câmbio está perfeitamente apropriado ao uso.

A suspensão independente — McPherson na frente e multibraço atrás — obviamente é macia, exemplarmente macia, agradavelmente macia, como cabe a um classudo sedã de passeio. Mas sua maciez não compromete a agilidade e o bom comportamento. Após manobras bruscas, de imediato se estabiliza, ou seja, confortável e seguro. Nas curvas, nada de imprevisibilidades. Tem controle de tração e estabilidade, apesar de sua natural boa dinâmica dispensá-los; mas já que a moda pegou, devido os suves e as grandes picapes necessitarem tê-los, ele tem. Vale dizer que a suspensão traseira desta 8ª geração passou por modificações.

A direção, com assistência elétrica, passa com nitidez a sensação do piso e tem peso ideal, peso que gradualmente aumenta conforme é esterçadas. O acelerador e o freio são progressivos e fáceis de dosar com precisão. A ergonomia é excelente, pois além do volante ter ampla regulagem elétrica de altura e distância, o banco do motorista também tem essa comodidade. Bancos confortáveis, anatômicos. Quatro adultos viajam de primeira classe. Já o quinto passageiro, o que vai entre os de trás, será algo prejudicado, pois este é um típico 4+1, que sacrifica o conforto do quem vai no meio em favor de oferecer o máximo aos das extremidades. O porta-malas abriga 593 litros, sendo maior que o de muitos suves.

O Camry tem ar-condicionado dividido em três zonas, uma para o motorista, outra para o passageiro dianteiro e outra para os de trás, cujo controle de temperatura e ventilação eles mesmos podem fazer. Para mortais como eu fica difícil imaginar que passageiros possam necessitar de ainda mais mimos que os oferecidos pelo Camry, mas parece que para muitos tudo não basta.

Um Toyota Camry não é para ser comparado a modelos de outras marcas. Ele tem seus fiéis compradores e é a eles que se destina, portanto só cabe compará-lo ao modelo anterior. Basicamente ele está mais longo, mais baixo, tem maior entre-eixos, tem maior espaço para os de trás, tem maior potência (38 cv a mais), é mais econômico, tem centro de gravidade mais baixo, e tem condições de maior esportividade sem perder em conforto, ou seja, segue fielmente as diretrizes do presidente da Toyota, Akio Toyoda, de, além de manter e melhorar as qualidades que lhes trouxe sucesso, colocar mais tempero nos modelos da marca.

Sem dúvida, o Camry está ainda mais gostoso de dirigir.

AK

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Mais fotos; em seguida, ficha técnica e lista de equipamentos: