ECOSPORT TITANIUM 2020: ANDANDO COM PNEUS QUE RODAM VAZIOS (COM VÍDEO)

Para a linha 2020 do suve EcoSport a Ford empreendeu duas mudanças importantes. Uma, a versão Titanium passa a ser propulsionada pelo motor  tricilindro 1,5-litro de 130/137 cv e 15,6/16,2 m·kgf, e não mais o 2-litros Direct Flex, de injeção direta, 170/176 cv e 20,6/2,5 m·kgf, Esse a partir de agora passa a ser exclusivo da versão Storm AWD, de tração nas quatro rodas do tipo sob demanda nas rodas traseiras.

Outra mudança, e restrita ao Titanium, é a eliminação do estepe externo fixado na porta de carga, solução aplicada no primeiro EcoSport, em 2003. Não o foi por razões estéticas, mas por não haver espaço para o estepe no porta-malas ou mesmo  sob ele, já que derivara do Fiesta, um hatchback compacto cuja arquitetura praticamente não mudou desde então — houve ligeiro aumento do entre-eixos em 31 mm, para 2;521 mm, na segunda geração, em 2012.

Nesses anos todos o estepe externo foi alvo de discussão acalorada entre os que o apreciavam e os que não. Era defendido sob alegação de que era o jeito por não haver espaço no veículo e também — pode-se estimar meio a meio — pelo ar aventureiro, de carro “de briga”. Já os contra argumentavam ser muito feio e ser uma preocupação a mais ao estacionar para não danificar o carro de trás, além de certa vulnerabilidade para a o furto. Eu pertenço a esse grupo.

A Ford brasileira resolveu acompanhar seus pares no mundo, como Espanha, e criar a versão “sem estepe na traseira”, ou melhor, sem estepe nenhum. Para isso só havia um jeito, dotar o modelo de pneus tipo run flat, capazes de rodar sem ar sob pressão. Todo esse processo foi amplamente mostrado na matéria do Carlos Meccia, “Sem estepe!” há menos de dois meses.

O EcoSport Titanium tem preço público sugerido de R$ 103.890. Os únicos opcionais são as cores, que variam de R$ 700 a R$ 1.450, porém a do veículo testado, vermelho Arpoador, não implica custo adicional.

O Titanium é bem recheado de equipamentos desejados como teto solar, controle de estabilidade e tração bem como anticapotagem, sete bolsas infláveis (a sétima é para os joelhos do motorista), direção eletroassistida, ar-condicionado automático digital,.multimídia SYNC 3, câmera de ré, controle de cruzeiro com comando no volante, e claro, câmbio automático epicíclico de 6 marchas “da casa”, o Ford 6F-15. Na lista de equipamento no final, em seguida à ficha técnica, pode-se conhecer todos os itens da versão, que são de série.

A lamentar, como vem ocorriendo cada vez mais na indústria, a falta da faixa degradê no para-brisa e das alças de teto..

No uso

O EcoSport continua prazeroso de andar. O interior claro tem minha apreciação e considero-o uma boa decisão da Ford, mesmo sabendo que muitos preferem o mais comum preto. Dentro tem-se impressão de ser mais arejado e amplo. A posição de dirigir é boa e há ajuste de altura e distância do volante, bem como de altura do banco do motorista. O diâmetro mínimo de curva, de 10,6 metros, é adequado.

Pode ser efeito psicológico, mas só de saber que não há mais aquele “trambolho” na porta de carga dá um certo alívio, uma sensação de normalidade. Sem o estepe lá atrás ficou mais fácil, mais natural, e mais leve, abrir e fechar esta porta.

Motor e câmbio estão bem casados, esse automático epicíclico é agradável, possui os modos D e S, e as trocas manuais sequenciais são feita apenas pela borboletas no volante.Em 6ª a 120 km/h, velocidade verdadeira, o motor está a 3.000 rpm. As marchas sempre sobem quando o motor atinge a rotação de potência máxima, 6.500 rpm, e o estol do conversor de torque é a 2.200 rpm. Este bloqueia da segunda marcha em diante.

A Ford, lamentavelmente, não informa os dados básicos de desempenho (aceleração 0-100 km/h e velocidade máxima), mas estimo 10~10,5 segundos e 190 km/h, respectivamente.

O consumo declarado, segundo o Inmetro, é 9,8/6,8 km/l na cidade e 11,6/8,2 km/l, na estrada. Esses números do Inmetro, como tenho dito, são realistas. Tanto que no meu percurso misto habitual Moema-Maison Blanche o computador de bordo registrou 11,1 km/l de gasolina. Na estrada pode ser igual ou mesmo superar o consumo oficial, como numa ida ao litoral (ver adiante), em que a média ficou em 12,8 km/l. Em uso normal na cidade o consumo variou entre 9,5 km/l e 10,5 km/l.

A outra questão era como se comportariam os pneus run flat no uso normal. Fora o ruído de rolagem maior do que estamos habituados hoje, o comportamento dinâmico — curvas e frenagem — não mostra diferença palpável. Tampouco o grau de conforto nosso deteriorado piso é menor. Fiz questão de dirigi-lo num trecho de terra severo, a subida ao Morro do Capuava em Pirapora do Bom Jesus, e nenhum desconforto a adicionai senti. Fui ao litoral (Guarujá) e nada fora do normal foi observado.

A conclusão é mesmo eu sendo apreciador do estepe 100% operacional, é tranquilizador saber que um furo de pneu não obrigará a fazer a troca eventualmente em situação inconveniente ou mesmo perigosa. Não tive oportunidade de testar o procedimento de reparo com o selante e a bomba de ar elétrica que acompanha o veículo, mas creio ser eficaz.Agora é esperar a resposta do mercado à novidade, porque mesmo que seu porta-malas pudesse ser maior que 356 litros e sua carga útil seja de apenas 390 kg, os demais atributos que se espera de um carro, o EcoSport Titanium em sua configuração atual tem todos

Assista ao vídeo:

BS

Atualizado em 21/3/19 às 23h10 com ampliação da lista de equipamentos e informação do consumo Inmetro.