A história do Renault Dauphine começou na França em 1949, quando Pierre Lefaucheux, presidente da Renault na França, e Fernand Picard, diretor de design, concluíram, baseados no sucesso do Renault 4CV (que aqui no Brasil foi carinhosamente apelidado de “Rabo Quente”, por concentrar motor e câmbio na parte traseira) que, à medida que a economia fosse melhorando, o consumidor francês e o europeu, de uma maneira geral, precisariam de um carro um pouco acima do pequeno 4CV, que já era um sucesso na Europa e no mundo. Nesse ponto, começava a nascer o Dauphine, cujo nome é o feminino de Dauphin, que significa “O herdeiro do trono”. Com uma visão do futuro, eles já previam que o Dauphine herdaria o sucesso do 4CV.
A engenharia e o design da Renault começaram a trabalhar de maneira acelerada e, em 1952, já existiam protótipos do novo carro em circulação. Inicialmente, o Dauphine utilizava o mesmo motor/câmbio do 4CV, mas, posteriormente, depois de muitos testes, a engenharia da Renault concluiu que o motor precisava de mais potência. A partir daí, o motor de 747 cm³ deu lugar a outro, esse com a cilindrada aumentada para 845 cm³. Com esse novo motor e um câmbio de três marchas com 2ª e 3ª sincronizadas, o carro atingia os 110 km/h de velocidade máxima com baixíssimas médias de consumo, na casa dos 14 km/l, objetivados pela Renault desde o início do projeto.
O Renault Dauphine foi apresentado ao mundo em 1956 em Paris e, alguns dias depois, no Salão de Genebra. O sucesso do novo carro foi imediato, e a receptividade do público consumidor fez com que esse sucesso se espalhasse por todo o mundo. Tanto que após a sua apresentação francesa, as negociações entre a Renault e a Willys-Overland do Brasil já haviam se iniciado para a produção do modelo no Brasil. Em 1957 e 1958 as engenharias da Renault e da Willys-Overland já trocavam informações para a fabricação do Renault Dauphine no Brasil a partir do segundo semestre de 1959.
No final de 1959, o Renault Dauphine foi lançado já como modelo nacional, fabricado aqui pela Willys sob licença e supervisão técnica da Renaultl. Suas vendas começaram em janeiro de 1960. Além da França e do Brasil, o sucesso do Renault Dauphine fez com que ele fosse produzido também na Espanha, Argentina, Austrália, Nova Zelândia, Itália, Bélgica, Argélia, Reino Unido, Israel e México. O carro foi um tremendo sucesso mundial. E aqui no Brasil, o porte, preço, baixo custo de manutenção e consumo de combustível, fizeram com que ele fosse adequado aos padrões financeiros e necessidades das famílias brasileiras. Por aqui também, o Renault Dauphine chegou sob aplausos.
O Renault Dauphine brasileiro tinha o mesmo motor 845 cm³ da versão francesa, que desenvolvia 26 cv de potência com um baixo consumo de combustível. Seu desempenho era adequada às condições de nossas ruas e estradas do início dos anos 60. Comportava uma família de até quatro pessoas e seu porta-malas, situado na dianteira, acomodava bem a bagagem dessa família. De 1960 até 1965, quando o Dauphine foi fabricado aqui, foram produzidas cerca de 24 mil unidades. O Renault Gordini, seu irmão mais potente, dotado de câmbio de quatro marchas e com desempenho mais marcante, vendeu cerca de 41 mil unidades até 1968. Se somarmos a esses números a versão esportiva, 1093 e a versão despojada, chamada de Teimoso, as vendas totais da família Dauphine foram de, aproximadamente 75 mil unidades até 1968, quando o último Renault Gordini foi fabricado.
DM