A grandiosidade característica do país com maior número de habitantes – 1,3 bilhão, alguns estimam até 1,4 bi, pois nem o governo chinês sabe com certeza – se reflete com clareza no Salão do Automóvel de Xangai. Alguns levantamentos, como do site inglês just-auto, contabilizam mais de 100 lançamentos, a grande maioria focada no mercado interno, além de 136 apresentações à imprensa. Os organizadores informam 360.000 m² de área de exposição, mais que o triplo da São Paulo Expo, mas o público só tem acesso por oito dias (18 a 25 de abril).
O mercado interno chinês, também o maior do mundo (em torno de 27 milhões de veículos leves e pesados ou 60% a mais que os EUA), caiu pouco menos de 4% no ano passado pela primeira vez em quase duas décadas. Mas há lugar para tudo. A mostra chinesa teve algumas estreias mundiais como os BMW X3M, X4M e X7, Mercedes-Benz GLB (modelo intermediário entre GLA e GLC para sete lugares), Porsche Cayenne cupê, além do Lamborghini Huracán Evo.
A VW criou até a submarca Jetta, exclusiva para o mercado local, que replica modelos modificados da espanhola Seat e outros que só existem por lá. A empresa alemã quer se aproximar mais da JAC e tentar adquirir a maior parte de suas ações, permitido pelo governo chinês desde o ano passado, quando caíram o limite de 50% e a obrigação de um sócio local. Por enquanto, porém, há mais especulações do que fatos.
SUVs continuam atraindo atenção nos vários mercados mundiais, contudo na China essa onda não é tão dominante. No entanto, dá para notar como regra geral, desenhos de carroceria mais arrojados, linhas traseiras elaboradas, além de lanternas dianteiras e traseiras com formatos inusitados permitidos pela tecnologia dominante de LED.
Como maior mercado mundial também para veículos elétricos e híbridos, Xangai foi um verdadeiro festival. Desde o subcompacto Renault City K-Ze (dá boa indicação da evolução estilística do Kwid) até o surpreendente BYD e-SEED GT, todos ainda como carros-conceito, a exemplo do Audi AI:ME e do VW ID. Roomzz.
A guinada chinesa para os elétricos vai muito além da visão ambiental. Eles cansaram de perder a corrida para o Ocidente em motores convencionais e querem depender menos do petróleo, embora suas usinas elétricas movidas a carvão só piorem as emissões brutas de CO2. No entanto, apostam pesado em IA (inteligência artificial), telefonia 5G e soluções sofisticadas de reconhecimento de voz e de face que vão marcar os maiores avanços tecnológicos da indústria automobilística nos próximos cinco a dez anos.
Entre os modelos que interessam diretamente ao mercado brasileiro surgiram o Chevrolet Tracker e o Hyundai ix25, aqui lançado como Creta, mas a versão brasileira não deve ousar tanto quanto a chinesa. Também apareceu por lá o novo Nissan Sentra que, finalmente, perdeu seu ar excessivamente conservador.
A Chery exibiu o SUV de topo Tiggo 8 evoluído em relação ao exibido no Salão de São Paulo, em novembro último. As modificações estarão no modelo a ser produzido em Anápolis (GO) no final deste ano. O sedã Arrizo 5 recebeu mudanças internas e também estreou o novo Arrizo 6, do mesmo porte de Corolla e Civic.
ALTA RODA
FORTES rumores indicam que a VW poderá fabricar sua nova picape médio-pequena na fábrica argentina de Pacheco e não em São José dos Pinhais, PR. Planos de exportação para mais de 50 países (Tarok está sendo exibida no Salão de Nova York até 28 de abril) explicariam a escolha. Pacheco terá espaço livre com deslocamento da Amarok para instalação vizinha da Ford.
RENAULT ampliou seu programa de mobilidade. Além da operação de aluguel temporário de modelos convencionais para funcionários na fábrica paranaense, disponibiliza agora uma unidade do elétrico Zoe em São Paulo. Incluiu também integrantes de startups abrigadas no Cubo, centro de inovação do Itaú, onde está o Renault Lab. Preço atrai: R$ 6 por 15 minutos de uso.
NISSAN KICKS tem bom desempenho em uso urbano e consumo de combustível contido por seu baixo peso (1.142 kg). Interior agradável e porta-malas (432 litros) também se destacam. Em estrada falta algum fôlego e exige usar o modo “S” (botão mal localizado) do câmbio automático CVT. Muito útil o aviso de risco de colisão em baixas velocidades com frenagem automática.
FIAT acaba de fazer testes de longa duração, na Itália, com nova proposta de combustível. Mistura de 20% de álcool (15% de metanol e 5% de etanol) na gasolina. O desempenho dos carros melhorou e as emissões de CO2 caíram 3%. Cada Fiat 500 da frota rodou 50.000 km em 13 meses. Só aqui pessoas desinformadas acham que nosso álcool “piora” a gasolina…
COMEÇAM no próximo mês as vendas de bafômetros individuais da marca francesa LeBallon. São opção segura para o motorista checar se passou o efeito de bebida alcoólica, antes de assumir o volante. Apenas um copo de cerveja ou taça de vinho exige um tempo até não deixar mais traços no organismo. A peça, importada, é cara: R$ 100, na internet.
FC