JETTA GLI, A DOSE EXTRA DE DESEMPENHO

Depois do Jetta 1,4 TSI Comfortline e R-Line, chegados em setembro do ano passado, e em dois meses mais o 1,4 TSI “puro”, a versão mais simples, no começo do mês foi a vez do GLI 350 TSI, versão inédita no Brasil apesar  de existir no mercado americano desde 1980. A sigla GLI é de Gran Luxury, Injection, pertinente exclusivamente aos sedãs de alto desempenho, que nos hatchbacks é GTI.

As diferenças do Jetta GLI são o motor 350 TSI, o 2-litros turbo, injeção direta, de 230 cv,  igual ao do Golf GTI, associado ao câmbio automático DSG de seis marchas com duas embreagens em banho de óleo. A essas especificações junta-se a suspensão traseira independente multibraço no lugar da por eixo de torção das versões de motor 1,4-litro.

O Jetta GLI chegou às concessionárias com preço público sugerido de R$ 144.990 e o único opcional é o teto solar panorâmico (R$ 4.990). O carro que dirigi era da cor de lançamento cinza Puro, sólida, sem acréscimo de preço, como ocorre com a bela cor vermelho Tornado e a branco Puro. Há duas cores metálicas por R$ 1.480, a prata Pyrit e a cinza Platinum, e finalmente a perolizada preto Ônix, que sai por R$ 1.560.. A cor cinza Puro é simpática e lembra a cor dos veículos da nossa Marinha de Guerra.

O comprador do GLI não arcará com a despesas referentes às três primeiras revisões, o que, na prática, representa um desconto de R$ 1.620.

Assim que entrei no carro a primeira coisa que procurei saber foi se havia saída de climatização para o banco traseiro. Para minha surpresa continua a não ter, como nos 250 TSI . É no mínimo intrigante pelo fato de no México, onde é produzido, e nos EUA, seu grande mercado, fazer bastante calor.

Mas de crítica é só, porque este sedã, que está na sua sétima geração, certamente agradará a  quem vier a ter a posse de um, pois ele constitui um conjunto notável e complementa à perfeição a linha Jetta disponível no nosso mercado.

O motor é o mesmo EA888 a gasolina de 1.984 cm³ do Golf GTI, com seus vigorosos 230 cv de 4.700 a 6.200 rpm, um torcudo motor de 35,7 m·kgf já a 1,500 rpm e que assim segue até 4.600 rpm. Na face interna da portinhola do bocal de abastecimento um adesivo indica gasolina de 95 octanas RON, portanto gasolina comum.

Nas trocas de marcha ascendentes, independente de se automáticas ou manuais, ao se buscar aceleração máxima o motor vai a 6.800 rpm e com uma suavidade de dar gosto; a relação r/l é ótima,  0,291.

A despeito da  evolução dos câmbios automáticos epicíclicos (falei a respeito na avaliação dos Audi RS 4 Avant e RS 5 Coupé), os robotizados dupla-embreagem como o deste Jetta GLI são mesmo sensacionais. Dá até vontade de ficar inventando troca de marcha, tão prazeroso que é.

A sexta é longa, v/1000 de 55,1 km/h, o que resulta em 2.200 rpm a 120 km/h, velocidade verdadeira. Nessas  avaliações em lançamentos não dá para ficar medindo consumo (pelo computador), mas os números oficiais Inmetro são 9,9 km/l na cidade e 12,5 km/l na estrada, mais do que coerentes com o porte e os 1.432 kg em ordem de marcha deste Jetta. Ajuda no consumo urbano  o desliga/liga motor de 2ª geração, em que o motor desliga alguns metros antes do carro parar. No consumo rodoviário a roda-livre, quando no modo de condução Eco, contribui ao aproveitar toda a energia cinética (o “embalo”).

Cada cavalo-valor só precisa se encarregar de 6,2 kg, daí que o desempenho é vigoroso, não só no “grande prêmio 0-100 km/h”, em que só precisa de 6,8 segundos, mas também nas retomadas de velocidade nas faixas mais altas, de 120 km/h para cima. E o GLI pode chegar a 250 km/h.

O “chassi” deste Jetta é superlativo. A suspensão independente nas quatro rodas é o binômio McPherson-multlbraço, com calibração europeia típica porém “tropicalizada”, o que significa aptidão para andar rápido mas sem o desconforto ocasionado pelo nosso irregular piso. Pneus são 225/45R18Y, boa escolha para um carro com o desempenho desse Jetta.

Perfeita tanto para rodar tanto na cidade quanto numa estrada sinuosa, a direção de relação média extremamente baixa, apenas 10,3:1, com 2,1 voltas entre batentes apenas, facilita a vida do motorista. Relação média porque varia de mais alta (mais lenta) no centro a mais baixa (mais rápida) a partir de certo ponto. A variação é obtida mediante passos diferentes nos dentes da cremalheira da caixa de direção. Isso combinado com a direção eletroassistida de centro definido e “peso” correto para todas as situações. Quando selecionado o modo de condução Sport, esse “peso” aumenta um pouco devido à redução da assistência.

Nessa versão os discos de freio são  maiores, de 312/300 mm de diâmetro (dianteiros/traseiros), ante 278/272 mm nos 250 TSI. A modulação de freio é perfeita, interpreta a intensidade de frenagem  que se quer.

No interior, o que já é conhecido do Jetta 250 TSI R-Line, como o quadro de instrumentos digital configurável, porém com uma novidade visível na tela do multimídia: o monitor de desempenho. A VW não divulgou foto do monitor, mas essa foto que fiz na apresentação dá boa ideia do que é.

O Jetta GLI nessa sétima geração está mais confortável e espaçoso. Seu rodar é dos mais silenciosos. O sistema premium de áudio Beats tem seu valor. Dirigi-lo é muito agradável e, dependendo do ritmo imposto, empolgante. Veja na lista de equipamento adiante o vasto elenco de itens do GLI.

É notório que os sedãs (e hatchbacks) estão perdendo lugar para os suves, mas aqueles clientes mais racionais têm no Jetta GLI um provável destino para seu rico dinheirinho.

BS