A reestilização da linha Renault Sandero 2020 foi apresentada na semana passada para a imprensa sul-americana e o Bob Sharp já falou sobre estas mudanças. Eu fui junto e tive a oportunidade de avaliar os modelos da linha e, logicamente, meu DNA esportivo se encantou com o DNA do Sandero R.S. 2,0.
Eu já havia avaliado o R.S. em 2016 em circuito fechado do campo de provas da fabricante em que eu trabalhava. Naquelas condições, o objetivo era de qualificar as características técnicas do carro comparativamente com outros modelos nacionais. E a impressão que tive do carro foi muito positiva. Lembrei de que fazia tempo que não tínhamos um esportivo puro-sangue fabricado por estas bandas.
A Renault Sport, braço esportivo da Renault na França, tem uma grande extensão, chegando até o cume que é a Fórmula 1. Mas ficando dentro do campo dos mortais, a Renault Sport aplica três nomenclaturas aos seus projetos esportivos: GT Line, GT e RS. As duas primeiras são focadas em aparência e apêndices esportivos aos veículos de linha. A série RS é onde o desempenho do carro é levado mais a sério. Segundo Carlos Henrique Ferreira, diretor de Comunicação da Renault, para uma versão levar a chancela R.S.ela precisa atender requisitos mínimos de desempenho e este desenvolvimento é feito pela Renault Sport.
Nestas duas semanas tive a oportunidade de dirigir o Renault Sandero R.S. 2,0 em duas situações distintas. A primeira foi por ocasião do citado lançamento da linha 2020. As avaliações foram feitas em avenidas e rodovias da região de Campinas, que conheço bem e tenho boas referências.
Acelerando o carro na rodovia Anhanguera por alguns quilômetros nota-se a saúde do motor 2,0-l de aspiração atmosférica de 145/150 cv a 5.750 rpm e 20,2/20,9 m·kgf a 4.000 rpm. Associado ao baixo peso do carro (1.181 kg) e boa aerodinâmica, o carro cresce rapidamente de velocidade. O câmbio de 6 marchas é muito bem escalonado, e as relações de marcha são bem próximas, o que aumenta a esportividade de condução. Tudo isso não ficaria tão bom sem o ajuste do sistema de escapamento que teve o diâmetro de tubo aumentado em 5 mm na versão 2020. O som dessa aceleração é perfeito em tom, frequência e intensidade sonora, e não me parece que deva incomodar em trajetos mais longos.
Minha conclusão desta a primeira avaliação em situação de vias públicas foi que esse carro mereceria uma avaliação mais esportiva. O local ideal e correto para isso seria um autódromo.
Como editor do AE, Fui convidado pela Renault a avaliar o R.S. no autódromo Velo Città, em Mogi Guaçu, onde está se realizando o evento FAST – Festival Acelerados Speed on Track (aceleradosfast.com.br), iniciado-se no dia 2/8 e encerrando-se hoje (4/8). É a primeira vez que este evento é realizado nesse formato e sugiro a todos que gostam de experimentar carros de todos os tipos que não percam a próxima edição, pois para esta todos as vagas para dirigir o Sandero R.S. e outros tantos modelos disponíveis já haviam sido vendidas com bastante antecedência.
No dia 2 a Renault reservou 1 hora (de 11h00 às 12h00) para que imprensa convidada experimentasse o Sandero R.S. 2020.
O Sandero R.S. possui várias mudanças mecânicas e estéticas comparadas aos demais modelos da linha Sandero (motor, câmbio, suspensão, freios, controle eletrônico de estabilidade, defletor traseiro, entre outras), mas a mais interessante para mim é o recurso de alterar o modo de condução. Através de um botão (grafado “R.S.”) no console central é possível alternar entre modo Standard, Sport ou Sport+.
O modo Sport altera a curva de resposta do pedal do acelerador, trazendo maior prontidão nas acelerações. Porém nesse modo os controles de estabilidade e de tração permanecem ativos. Ao mudar para o modo Sport+, que só é possível mantendo o botão “R.S.” pressionado por mais de 3 segundos, de modo ao sistema ter certeza de que esse é o desejo do motorista, os controles de estabilidade e tração são desligados.
Dirigi, ou melhor, pilotei e busquei os limites do carro no autódromo nas duas condições esportivas. Na condição Sport o sistema de controle de estabilidade trabalha com bastante suavidade trazendo a segurança de volta quando o carro é forçado ao limite. Em saídas de curvas mais fechadas, quando a roda dianteira interna da curva tenderia a patinar, o controle de tração é mais perceptível e só permite despejar potência quando percebe que as rodas motrizes estão com contato firme com o solo..
No modo Sport+ ao chegar ao limite nas curvas, a consequência é uma pequena e dócil escapada de frente, alargando o raio ideal de trajetória das curvas. É facilmente corrigida levantando o pé do acelerador. Nesta situação existe sempre a preocupação de a transição subesterçante (sair de frente) para sobre-esterçante (sair de traseira) ser muito acentuada e causar sustos ao motorista. Mas não, a transição é bem neutra e não causa surpresa a motoristas mais experientes e não irá causar sustos nos inexperientes.
A resposta do sistema de direção com assistência eletro-hidraulica nas duas condições de condução é inalterada e mantém um bom esforço, com boa resposta e precisão. É fácil apontar o carro nas entradas de curva, pois ele vai onde você quer ir. Apresenta uma rolagem da carroceria discreta que ajuda nessa precisão direcional. E a correção de trajetória, quando necessária, é feita com muita facilidade. Mesmo ao dar algumas subidas nas lavadeiras do circuito, não há a indesejável trepidação do volante de direção.
Os freios a disco nas quadro rodas (ventilados na dianteira) não apresentaram sinais de fading durante a condução mais severa. A resposta do pedal é bem progressiva e quando exigido com maior intensidade não apresentou aumento de curso, evidência de os freios não estarem superaquecidos.
A utilização de rodas de 17 polegadas e a escolha dos pneus 205/45ZR17Z Michelin Piloto Sport 4 foram cruciais para o desempenho dinâmico que o Sandero R.S. demonstrou nesta avaliação em pista. Ao final das voltas não foram notadas marcas acentuadas de dobramento que atingisse os ombros dos pneus.
O desempenho do carro em aceleração, tanto saindo parado dos boxes quanto nas saídas de curvas mais lentas é empolgante. O ronco do motor nas acelerações é esportivamente agradável. O motor sobe bem rápido de rotação e qualquer distração se atinge o limite de 6.5000 rpm e um suave apito alerta o motorista a trocar a marcha.
A Renault declara o 0-100 km/h do R.S. em 8 segundos com álcool e velocidade máxima de 202 km/h em 6ª marcha, o que comprova que o câmbio foi calculado para maximizar o desempenho deste esportivo nacional.
Se você tem vontade de ter um esportivo puro-sangue na sua garagem e ainda não tem as reservas financeiras para adquirir um alemão ou italiano, tenha certeza que este franco-brasileiro poderá lhe encherá de alegrias até que você consiga atingir novos sonhos.
Completo de fábrica por R$ 69.690, o único opcional do novo Sandero da linha 2020 é a pintura branca ou metálica. As opções de cores são vermelho Fogo, branco Glacier, prata Étoile e preto Nacré.
GB
(Atualizado em 4/08/19 às 20h10, correção da marca dos pneus utilizados)