RENAULT SANDERO INTENSE 1,6 CVT (COM VÍDEO)

A linha 2020 do Renault Sandero trouxe boas novidades, a principal delas um aguardado e moderno câmbio automático para aquele consumidor desejoso de aposentar a perna esquerda para dirigir, seja por comodidade ou necessidade. Até já houve Sandero com câmbio automático epicíclico de quatro marchas, de 2011 a 2014 no Privilège e no Stepway, mas justamente quando a demanda por câmbios automáticos aumentou fortemente aqui, a Renault ficou a descoberto nesse quesito. Não mais.

Com o lançamento da linha 2020 do Sandero, no final de setembro, a fabricante francesa de S. José dos Pinhais, na Grande Curitiba,  incluiu o câmbio automático CVT X-Tronic de 6 marchas como opcional para a versão intermediária Zen 1,6 e de série na Intense, o mesmo ocorrendo no  Logan de mesma denominação e acrescido da versão Iconic, e no agora Renault Stepway (não mais Sandero Stepway), também Intense e Iconic.

O testado Sandero Intense 1,6 CVT tem preço público sugerido de R$ 66.390, e o Zen com o mesmo câmbio, R$ 63.890. Este com câmbio manual de 5 marchas cai para R$ 56.690. Considerando Zen por Zen, o manual sai por R$ 7.200 menos.

O câmbio CVT X-Tronic, produzido pela Jatco, uma subsidiária da Nissan, por conta da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi surgiu aqui em junho de 2017 no Captur e no Duster., portanto já é conhecido. O problema que a Renault encontrou para adotá-lo na família Sandero foi dimensional: segundo  a fabricante, o volumoso transeixo ficaria muito próximo do solo, portanto vulnerável. A solução? Elevar a altura de rodagem do Sandero e Logan.

A elevação consistiu em aplicar a altura de rodagem do Stepway, que por seu caráter aventureiro tem distância mínima do solo de 185 mm, 45 mm, ou 4,5 cm, mais que o Sandero normal não aventureiro. Ficou estranho, acostumados que estávamos com o visual do Sandero, mas a surpresa foi constatar que o saudável comportamento do Sandero foi preservado.

Eu já havia notado isso por ocasião do lançamento da linha 2020 ao dirigir o Logan Iconic, tendo como “copiloto” o Gerson Borini, então chegado há pouco ao AE, presente ao evento para ele ver como as coisas funcionavam “do lado de cá do balcão”, uma vez que ele havia passado os últimos 30 anos na General Motors do Brasil. Na ocasião, tanto ele (que dirigiu e este e outros modelos também) quanto eu vimos que, fora a descomunal distância entre o banco e o solo, principalmente ao desembarcar, o Logan alto tinha comportamento dentro dos parâmetros que conhecemos.

Neste Sandero Intense, mesma coisa. Fora essa aspecto do chão “longe”, em nada alterou o jeito do carro andar no tocante a estabilidade direcional em reta e nas curvas, o que denota trabalho correto da elevação da altura de rodagem e conservação da geometria da suspensão dianteira, logo visível pela posição horizontal dos braços de controle (“bandejas”). Mais, é claro, calibração adequada da suspensão como um todo no que tange constante das molas, carga dos amortecedores, resistência torcional das barras antirrolagem e buchas silenciosas das articulações.

Na esteira da maior altura de rodagem há a maior tranquilidade de rodar no nosso chão cujas deficiências e particularidades não preciso repetir.

Andando com Sandero Intense CVT

O motor SCe 1,6 16V  flex já é bem conhecido. Suave, boa potência de 115/118 cv para um carro relativamente leve, 1.140 kg. O câmbio absorve um pouco da potência, o que se traduz em aceleração mais lenta em relação ao câmbio manual do Zen testado recentemente, como 0-100 km/h em 11 s com qualquer combustível ante 10,4/9,9 s. Menor velocidade máxima também, 174/177 km/h versus 182/185 km/h, nesse caso a maior área frontal resultante da maior altura contribuindo para a perda, e numa certa medida, para a aceleração.

O câmbio CVT X-Tronic funciona a contento, trocando marchas mesmo em automático, inclusive reduzindo nas freadas e nos declives. As trocas manuais são feitas exclusivamente pela alavanca seletora no arranjo de subir marcha para trás e reduzir para frente. O avanço lento (crreping) é suave e há a assistência de partida em aclives, em que o carro fica imobilizado por 2~3 segundos esperando que o motorista acelere.

Arrancadas como no sinais são prontas e vigorosas, uma vez que uma das boas características do X-Tronic é contar com engrenagens físicas tipo epicicloidais na polia de saída.

Dirigir o Sandero é agradável, a direção com assistência eletro-hidráulica não é tão leve em manobras quanto a elétrica, mas nada que incomode. O volante poderia ser um pouco menor, 370 m de diâmetro seria mais adequado (é de 380 mm). A assistência diminui com o aumento da velocidade, como deve ser. A Renault não informa a relação de direção, mas estimo ser entre 17:1 e 18:1. São 3,4 voltas entre batentes, resultado em parte do amplo ângulo de esterçamento das rodas  que proporciona diâmetro mínimo de curva de 10,6 m.

Dinamicamente é correto, os pneus 205/55R16V (Bridgestone Turanza ER300)) cumprem bem seu papel, e os freios (disco ventilado/tambor) mostram eficiência e boa modulação. O subesterço (saída de frente) é discreto e as versões CVT contam com controle de estabilidade e tração.

A v/1000 na marcha mais longa (0,532:1) é 53,5 km/h, o que a 120 km/h velocidade verdadeira deixa o motor a 2.240 rpm, bem conveniente..

O consumo oficial de homologação no Denatran é 10,8/7,4 km/l na cidade e 11,8/8,3 km/l,, na estrada.

No elevador

Em linhas gerais

Em linhas gerais o Sandero continua com suas boas características de espaço e conforto que o marcaram desde o lançamento há 13 anos. Tem um bom porta-malas de 320 litros e com iluminação, e ganhou a novidade da prática fechadura elétrica neste ano-modelo, com comando tanto interno quanto externo ao se apertar o botão no centro do emblema-logotipo Renault na porta de carga. Não houve economia em alças de teto, que são quatro, tampouco em tinta e verniz: saltam à vista as partes internas do cofre do motor e porta-malas com pintura igual à externa.

O Sandero vem passando por melhorias contínua e se afirma cada vez mais como um hatchback prático, útil e sobretudo robusto pela sua gênese, o Leste europeu.. Faltam-lhe alguns itens? Certamente, como ajuste de distância do volante, essencial para pessoas de determinadas proporções antropométricas, luz traseira de neblina, e o que sempre reclamo, a faixa degradê no para-brisa.

Veja na lista de equipamentos, tudo o que este Sandero Intense CVT traz.

Assista ao vídeo:

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BS

(Atualizado em 29/09/2020 às 19h20, correção de dado na ficha técnica quanto ao acionamento dos comandos de válvulas, que é por corrente e não por correia dentada).