O novo Versa marca, de fato, uma iniciativa de virar o jogo no altamente disputado mercado dos sedãs compactos “anabolizados”, aqueles que estão próximos dos sedãs médios em dimensões. A oferta hoje vai desde o Virtus (o de maior espaço interno) até o Logan (de menor preço), passando pelo líder Onix Plus, além de Cronos, Yaris e City para citar os principais. Ainda que o modelo vindo do México conviva com a geração anterior fabricada no Brasil e rebatizada de V-Drive, os dois somados podem ampliar participação de mercado da Nissan.
Ao utilizar a mesma arquitetura, ainda atual, do suve compacto Kicks, o Versa avançou em estilo e conforto nas quatro versões disponíveis. Frente, traseira e perfil são atraentes, em especial a coluna C parcialmente pintada em preto. Na versão de topo, Exclusive, dispõe de rodas de aro 17 pol., faróis em LED (sem DRL), alerta e frenagem autônoma de emergência (não detecta pedestre e ciclista), alerta de tráfego traseiro, monitorização de pontos cegos, câmeras de 360 graus, detector de objetos em movimento e alerta de abertura da porta traseira para evitar esquecimento do motorista no destino, ao fechar o carro. Seis airbags são de série para toda a linha. Falta luz de neblina atrás.
Apesar de o comprimento praticamente igual ao V-Drive, o Versa é 4,5 cm mais largo, tem entre-eixos 2 cm maior e porta-malas de 482 litros (ganho de 22 litros e acesso melhor). Em altura são 4 cm a menos, mas o espaço para cabeça no banco traseiro foi preservado. O ambiente interno ficou aconchegante, materiais de acabamento melhoraram e há mais de 20 porta-objetos. Comandos de vidros elétricos nas quatro portas têm função um-toque só para o motorista e apenas para descer, uma economia em desacordo com o que o modelo oferece. Central multimídia de 7 pol. aceita Android Auto e Apple CarPlay (pode parear dois celulares) e inclui GPS nativo. Há três entradas USB (duas para o banco traseiro). Carregamento de celular por indução é vendido como acessório.
Câmbio automático é CVT e o manual, disponível apenas na versão básica. Motor de 1,6 L e 16 válvulas com comando variável entrega 114 cv e 15,5 kgfm, diferença muita pequena (mais 3 cv e 0,4 kgfm) para o V-Drive. O que não mudou são valores iguais para álcool e gasolina, ao contrário da maioria dos motores flex, mais potentes com álcool.
Em rápida avaliação da versão Exclusive, o Versa demonstrou boa evolução em dirigibilidade, comportamento em curvas e precisão de direção. Sensação de “carro na mão” é superior ao V-Drive e semelhante aos melhores concorrentes. Desempenho em aceleração e retomada não empolga, mas de 0 a 100 km/h (10,6 s) é quase 1 s melhor do que a versão V-Drive, 44 kg mais leve. Freios, a disco na frente e a tambor atrás, são suficientes para o desempenho mediano do modelo. Volante tem regulagem de altura e distância. Bancos dianteiros estão entre os melhores quanto a conforto e apoio do corpo. Atrás o espaço para as pernas também se destaca. O carro também ficou nitidamente mais silencioso.
Preços vão de R$ 72.990 a R$ 92.990 entre os mais competitivos do segmento.
ALTA RODA
Costuma-se dizer que os preços dos automóveis no Brasil são “abusivos” e a lucratividade está acima da média mundial. Mas, quando o real se desvaloriza, ninguém se habilita a comparar os preços em dólar com os do exterior, simplesmente porque os produtos nacionais ficaram bem mais baratos. Ainda há o argumento de que o comprador não tem sua renda em dólar. Na realidade, há ciclos de lucratividade e de prejuízo como se observa agora, com grandes empréstimos das matrizes para filiais cobrirem perdas financeiras.
Mercedes-Benz GLB é o suve de sete lugares que utiliza a mesma arquitetura do GLA de cinco lugares, produzido no Brasil. Como o GLB vem do México, sem imposto de importação, a versão especial de lançamento recheada de equipamentos sai por R$ 299.900. Com distância entre-eixos de 2,83 m oferece amplo espaço para pernas na fileira do meio e, no último par de bancos, só para crianças ou adultos de média estatura em pequenas distâncias. Motor turbo de 1,33 L, 163 cv e 25,5 kgfm.
Seminário Perspectivas 2021, da AutoData, mostrou a indústria de autopeças um pouco mais otimista do que a de veículos. Rafael Chang, presidente da Toyota, disse que terá de balancear produção e rentabilidade, mas acredita que no próximo ano o mercado interno será até 25% maior. Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford, afirmou que embora 2021 tenha retomada forte, está mais preocupado com 2022 em diante. Diferença entre inflação no atacado (IGP-M) e no varejo (IPCA) dificulta projeções.
Rede de 30 eletropostos que a EDP construirá nos próximos três anos em parceria com Audi, VW e Porsche terá custo bem salgado. Cada um, para atender apenas três veículos, custará R$ 1 milhão de reais. A energia não será cobrada, mas quando for não se sabe ainda como resolver. Em Portugal, o preço do kWh ficou caríssimo.
FC