RENAULT 4L, 60 ANOS

O Renault 4L, ou simplesmente R4 como é mais conhecido, lançado no Salão de Paris de 1961, em 3 de agosto, está fazendo 60 anos este ano. Nos mais de 30 anos em que esteve em produção, inclusive na Colômbia e na Argentina (foi até 1994, na Eslovênia), mais de 8 milhões de unidades deixaram as linhas de montagem ao redor do mundo. O modelo se tornou um ícone.

Substituiu o 4CV de motor traseiro para enfrentar o minimalista Citroën 2CV, de 1948. Sua construção era separada, carroceria sobre chassi tipo plataforma e a tração era dianteira, com o transeixo à frente do motor.

Era fabricado em três tipos de carroceria: hatchback de cinco portas, furgão de duas portas e picape também de duas portas.

O motor era o mesmo do 4CV, quatro cilindros de 747 cm³ arrefecido a água, três mancais, e trazia uma primazia mundial, o circuito de arrefecimento selado por meio de um vaso de expansão, abrindo caminho para todos os sistemas de arrefecimento atuais.

A suspensão era independente nas quatro rodas tendo barras de torção como elemento elástico. Na dianteira, triângulos superpostos com barra de torção longitudinal. Na traseira, braços arrastados cada um com sua barra de torção transversal. Como os seria impensável braços arrastados  de comprimento diferente, a solução foi deslocar longitudinalmente um conjunto braço-barra de torção em relação ao outro. Com isso o entre-eixos direito era maior que o esquerdo, 2.440 mm contra 2.395 mm, diferença de 45 mm.

Como se pode notar na foto do chassi rolante mais acima, os amortecedores telescópicos (não visíveis) da suspensão traseira ficavam em posição horizontal para não subtrair espaço no porta-malas.

Seu comando de câmbio era peculiar. Em vez de a alavanca se deslocar para trás e para frente em arco, como praticamente todos, seu deslocamento era axial puxando-a ou empurrando-a para engatar as marchas, e a escolha dos canais de engate era feito girando a haste. O vídeo mostra como era feita a troca de marchas:

Como o motor ficava logo atrás da parede de fogo e o câmbio ficava na frente dele, o comando de câmbio precisava ser “aéreo”, entrando pelo painel. Com esse detalhe, mais o transeixo antes do motor, o assoalho dianteiro era totalmente plano.

Solução bem parecida havia aparecido no Citroën 7CV/11CV de 1934, alavanca saindo do painel, mas seu movimento era vertical com seleção de canal deslocando a alavanca lateralmente.

No DKW Front, de 1932, o comando de câmbio também saía do painel, a alavanca era apelidada de “cabo de guarda-chuva”. O engate das marchas era girando a alavanca, enquanto a seleção era deslocando a alavanca para trás e para frente, o oposto dos movimentos do Renault 4L.

BS