A quarta e última semana do teste de 30 Dias transcorreu rodando 100% do tempo na cidade, território onde a Fiat Strada CD se sente em casa. O ambiente urbano destaca dotes específicos do modelo, já elogiados nas postagens anteriores. A picape é agradável de se dirigir, mérito do bom ajuste das suspensões, do câmbio bom de usar – apesar do curso relativamente longo –, da direção elétrica bem calibrada, do motor que em baixas e médias rotações oferece boa resposta e de itens de conforto úteis, como o assistente de partida em subida, o sistema multimídia e o competente (mas ruidoso) ar-condicionado.
Usei a Strada de todos os jeitos e em todas as situações, e não tenho nenhuma critica relevante a fazer, pelo contrário: ela merece elogios por ser, efetivamente, uma evolução do que já era muito bom, as Strada anteriores.
A visita à Suspentécnica, para dar ao nosso colaborador Alberto Trivellato a oportunidade de nos mostrar detalhes técnicos e construtivos, determinou o exato final do teste. De lá partimos para a devolução na concessionária, confortados pela opinião positiva de Alberto, que em seu percurso habitual confirmou a boa impressão que a nova Strada causa a quem a dirige.
No giro, Trivellato comentou a complexidade de realizar um acerto de suspensões que atenda uma variação de carga tão ampla como a que a Strada permite, capaz de carregar 650 kg. É claro que em uma rua de pavimento muito degradado a Strada, vazia, não oferece o mesmo padrão de conforto de seu irmão Argo, por exemplo, mas o comportamento é surpreendente. Elogios também mereceu a ergonomia e a aparência do interior, no que pese o que nosso colaborador definiu como “tentativa de fazer materiais simples parecerem sofisticados”, através de texturas e do próprio design rebuscado que se vê cá e lá.
Na oficina, nariz apontado para a parte mecânica, o que a Strada apresenta é o famoso feijão com arroz bem feito: a Fiat fez uma nova Strada, lançando mão de uma estrutura modernizada, mais leve, para a qual divulgou um extenso uso de aços especiais. Para que servem? Proporcionar maior rigidez e comportamento mais estável do monobloco, tanto no aspecto dinâmico quanto no da estabilidade estrutural, e poder encarar eventuais colisões oferecendo segurança aos passageiros.
Na técnica, a receita clássica, suspensão dianteira no consagrado esquema McPherson apoiada em subchassi. Se veem componentes e arranjo muito similar aos já vistos em outros Fiat nacionais. Não há exagero e tampouco essencialidade, com as buchas traseiras de diâmetro generoso. O protetor de aço, equipamento essencial em um carro de trabalho com razoável capacidade para rodar na terra, trazia marcas dos mais de 17 mil quilômetros de vida desta Strada, tendo cumprido, portanto, sua função.
Alberto estranhou a ausência de qualquer tipo de proteção às linhas do circuito hidráulico dos freios, economia incongruente, uma vez que as linhas de combustível contam com tal proteção. Puxamos pela memória o Teste de 30 Dias do Argo Drive 1,3 GSR, realizado em meados de 2017, no qual elogiamos o cuidado com o revestimento da parte inferior, com painéis de plástico robusto que “alisaram” a superfície em prol da aerodinâmica, e melhor consumo. A Strada não mereceu este mesmo capricho, sem justificativa.
Alberto Trivellato destacou a robustez do conjunto de suspensão traseira, de eixo rígido com molas semielípticas parabólicas, e o uso de amortecedores com reservatório de óleo majorado, que implica em maior resistência e eficácia, resistindo melhor ao uso intensivo no trabalho. Aliás, a síntese do colaborador é que a Fiat definiu um padrão de simplicidade construtiva que vai ao encontro da característica principal da Strada: ser um veículo multiuso, destinado ao trabalho e também à família, fácil de consertar e barato para se manter. Esta é a filosofia por trás do projeto que, esperamos, seja real na vida como ela é. Considerando o retrospecto das Strada, podemos dizer que é isso mesmo o que vai acontecer.
Quanto ao consumo e desempenho do motor, cabe reafirmar que a cifra de 10,6 km/l usando gasolina em 76% da quilometragem percorrida não é exatamente esplêndida, ainda mais considerando que rodamos 54% do percurso em rodovia, com pé leve e quase sem carga. O motor 1,3 Firefly é excelente, mas justo, e se a Strada tivesse um motor mais vigoroso seria possivelmente mais econômica.
Aos que cogitam comprá-la nesta versão CD, importante relembrar que o banco traseiro existe, abriga três, mas espaço para as pernas não é o forte. É o preço de se ter uma bela e ampla caçamba, toda a praticidade que ela representa e a popularidade que ela te trará perante a sua família e amigos pois você sempre será lembrado na hora da mudança, da movimentação da máquina de lavar, geladeira, do móvel pesado, etc. Ter picape é um exercício comunitário compulsório…
Assista ao vídeo, primeiro na Suspentécnica, depois eu dirigindo e comentando:
RA
Leia os relatórios anteriores: 1ª semana 2ª semana 3ª semana
Fiat Strada Volcano CD
Dias: 30
Quilometragem total: 1.478 km
Distância na cidade: 686 km (46%)
Distância na estrada: 792 km (54%)
Consumo médio: 10,6 km/l (76% gasolina/24% álcool)
Melhor média (gasolina): 14,2 km/l
Melhor média (álcool): 10,8 km/l
Pior média (gasolina): 8,7 km/l
Pior média (álcool): 5,4 km/l
Média horária: 32,0 km/h
Tempo ao volante: 46h38 minutos
Litros consumidos: 140,41
Preço médio do litro: R$ 4,16
Custo: R$ 584,45
Custo do quilômetro rodado: R$ 0,40
FICHA TÉCNICA NOVA STRADA VOLCANO CD | |
MOTOR | |
Designação | Firefly 1,3 GSE Flex |
Descrição | 4-cil em linha, bloco e cabeçote de alumínio, comando no cabeçote com variador de fase, corrente, 2 válvulas por cilindro |
Cilindrada (cm³) | 1.332 |
Diâmetro e curso (mm) | 70 x 86,5 |
Taxa de compressão (:1) | 13,2 |
Potência (cv/rpm, G/E) | 101/6.000//109/6.250 |
Torque (m·kgf/rpm, G/E) | 13,7/14,2/3.500 |
Corte de rotação (rpm) | 6.400 |
Comprimento de biela (mm) | 149,3 |
Relação r/l | 0,289 |
Formação de mistura | Injeção no duto Magneti Marelli, ignição integrada ao módulo |
SISTEMA ELÉTRICO | |
Tensão (V) | 12 |
Gerador (tipo, A) | Alternador/110 |
Bateria (A·h) | 50 |
TRANSMISSÃO | |
Tipo | Transeixo Fiat com câmbio manual de 5 marchas mais ré, tração dianteira |
Relações das marchas (:1) | 1ª 4,273; 2ª 2,429; 3ª 1,444; 4ª 1,029; 5ª 0,795; ré 4,200 |
Relação de diferencial (:1) | 4,600 |
Dianteira | Independente, McPherson, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
Traseira | Eixo rígido, mola longitudinal parabólica e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira eletroassistida, indexada à velocidade |
Relação de direção (:1) | n.d |
Número de voltas entre batentes | 3 |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,7 |
FREIOS | |
Disposição | Duplo circuito hidráulico em diagonal, servofreio a vácuo |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/257 |
Traseiros (Ø mm) | Tambor/228,6 |
Controle | ABS (obrigatório) e distrib. eletrônica das forças de frenagem |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Liga de alumínio: 6Jx15 ET40 (opcional: 6Jx16 ET40) |
Pneus | 205/60R15 ATR (Opcional: 205/55R16) |
Estepe | Temporário, roda de aço, pneu estreito T125/80R16 |
CARROCERIA | |
Tipo | Monobloco em aço, picape cabine dupla, quatro portas, cinco lugares, subchassi dianteiro |
CAPACIDADES (L) | |
Caçamba | 844 |
Tanque de combustível | 55 |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.174 |
Carga útil | 650 |
Peso rebocável sem freio | 400 |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 4.474 |
Largura sem/com espelhos | 1.732/1.967 |
Altura | 1.595 |
Distância entre eixos | 2.737 |
Distância mínima do solo | 214 |
Bitola dianteira/traseira | 1.457/1.480 |
Balanço dianteiro/traseiro | 826/917 |
ÂNGULOS E ALTURA LIVRE | |
Entrada (º, roda 15″/16″) | 23,2/23,4 |
Saída (º, roda 15″/16″) | 28,4/28,6 |
Rampa (º, roda 15″/16″ | 21,6/22 |
Altura livre do solo entre os eixos (mm, roda 15″/’16”) | 232/236 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | 12,4/11,2 |
Velocidade máxima (km/h, G/A) | 165/168.4 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBEV | |
Cidade (km/l, G/E) | 12,1/8,4 |
Estrada (km/l, G/E) | 13,3/9,4 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 5ª (km/h) | 31,3 (roda 15″), 31,6 (roda 16″) |
Rotação a 120 km/h, em 5ª (rpm) | 3.850 (roda 15″), 3.800 (roda 16″) |
Rotação à vel. máxima em 5ª (rpm) | 5.380 (roda 15″), 5.330 (roda 16″) |