Quem não lembra dos Willys Interlagos, fabricados no Brasil entre 1962 e 1966? Produzidos em três versões, Berlineta, Cupê e Conversível, era baseado no Renault Alpine A108, fruto de uma parceria entre a fábrica francesa com a Willys-Overland do Brasil. Fez sucesso nas pistas, com a saudosa Equipe Willys. Mas a história começa em 1922, quando nasce Jean-Emile Amédée Rédélé, conhecido como Jean Rédélé.
Em 1950 Jean Rédélé começa a competir, usando o seu Renault 4CV no Rali de Monte Carlo. Na sua concessionária da marca, situada em Dieppe, começa a preparar carros para corrida. “É atravessando os Alpes a bordo do meu Renault 4CV que mais me divirto. Por isso, decidi chamar meus próximos carros de Alpine. Era importante que meus clientes tivessem a mesma experiência ao dirigir o carro que eu queria fabricar”.
Estava lançada a semente dos Alpine, que em 1955 apresentou o A106, (foto de abertura) com carroceria em compósito de fibra de vidro desenhada pelo italiano Giovanni Michelotti e mecânica do Renault 4CV. A apresentação durante o Salão de Paris foi em grande estilo, foram dispostos três A106 nas cores azul, branco e vermelho, nessa ordem. A bandeira da França em forma de automóveis… Foi produzido até 1961, quando foi substituído pelo A108, mostrado no Salão de Paris de 1957, com mecânica do Renault Dauphine Gordini e já em produção, mas a baixo volume. O A108 foi produzido até 1965, em paralelo com a versão A110, lançada em 1961.
O A110 foi comercializado inicialmente com mecânica do Renault R8, na versão Berlineta. Ao longo dos anos 1961 a 1977 ele recebeu motores dos Renault R16, R12 e R17. Criou uma legião de admiradores e teve carreira esportiva bastante bem sucedida.
Giovanni Michelotti assinou os três modelos iniciais da Alpine, que no conceito de Rédélé tinham que ser carros bonitos, leves e com mecânica de carros de série, para baratear os custos de produção e assegurar confiabilidade.
Jean Rédélé e a Renault sempre foram próximos e os carros produzidos em Dieppe foram chamados de Alpine-Renault a partir do fim de 1967. Nessa época a Alpine foi encarregada de representar a Renault oficialmente em competições.
Desde então começou a preparar carros de série para obter maior desempenho. O R5 Alpine fez sucesso nas ruas e nas pistas de asfalto e de rali, entre 1976 e 1984. Os Renault 5 Turbo, de 1980 a 1986, também marcam a história da Alpine.
Diversos carros esporte foram criados por Rédélé e sua equipe, para corridas nas mais diversas categorias, copas monomarca, provas de longa e curta duração, monopostos, ralis e toda a sorte de competições.
Em 1973 a Renault comprou 70% do capital da Alpine e posteriormente assumiu o controle total da empresa. Em 1976, a Alpine se desfaz de sua atividade esportiva em proveito de uma nova unidade de negócios, a Renault Sport, comandada por Gérard Larrousse. Jean Rédélé faleceu em 10 de agosto de 2007. Em 2003 declarou em Dieppe: “Quando criei a empresa Alpine, eu não sabia que, meio século mais tarde, os Alpine seriam apreciados no mundo inteiro e que eles despertariam tamanho entusiasmo”.
AB