No início de abril a Jeep apresentou em sessão on-line os detalhes do novo Jeep Renegade que recebeu atualizações estéticas, novo motor GSE T270 e deixou de oferecer a versão Diesel, mas para compensar introduziu a tração 4×4 na configuração de motor flex (veja matéria). No final de 2021 a Jeep havia convidado alguns jornalistas para experimentar as novas capacidades fora de estrada dessa configuração no Autódromo dos Cristais em Curvelo, MG, que passou a ser a principal pista de teste da Stellantis para a América do Sul (veja aqui).

Os preços anunciados no lançamento em fevereiro 2022 seguem em vigor com garantia até o final deste mês de abril, e para o estado de São Paulo onde o ICMS é mais alto são:

Sport T270 4×2 – R$ 128.893,00
Longitude T270 4×2 – R$ 143.409,00
Série S T270 4×4 – R$ 169.367,00 – teto solar adiciona R$ 8.456,00
Trailhawk T 270 4×4 – R$ 169.597,00

Nesta semana recebemos a nova versão “Série S” do Jeep Renegade para realizar o teste padrão de uma semana, e conhecer melhor este novo produto que tem a dura missão de manter a liderança no segmento de suves compactos.

Se preferir, assista primeiro ao vídeo desta avaliação que foi gravado na região de Joaquim Egídio, em Campinas, SP:

Novidade no trem de força

Qualquer veículo com vocação para uso fora de estrada precisa de força para vencer os obstáculos desse tipo de terreno. E não se limitam a subidas íngremes e descidas escorregadias, mas atravessar um trecho de lama ou água também exige bastante força e boa capacidade de tração. Por isso que ao conhecer o novo motor GSE T270 de 4 cilindros e 1,3-l na picape Fiat Toro, já fiquei imaginando a utilização em veículos 4×4 da marca.

O Renegade ficou com a missão de inaugurar essa configuração, e o novo motor de 180/185 cv de potência máxima a 5.750 rpm e torque máximo de 27,5 m·kgf a 1.750 rpm casou muito bem no suve de 1.608 kg de peso em ordem de marcha. O câmbio automático de engrenagens epicíclicas com 9 marchas foi outra decisão acertada dos engenheiros da marca, pois mesmo sem a disponibilidade de uma caixa de transferência com reduzida, como em outros veículos 4×4, esse câmbio possui a primeira marcha bem curta, tornando-se assim uma ótima alternativa à caixa reduzida.

No uso geral o Renegade vai definitivamente apagar a imagem de carro lento que muitos tentaram atribuir a ele quando da utilização do motor E.torQ 1,8-l flex. Com essa nova motorização ficou rápido e mesmo nesta configuração testada de maior peso a aceleração de 0-100 km/h é feita em 9,8/9,5 segundos e a velocidade máxima é de 200/202 km/h.

O que ainda não agradou totalmente é o consumo de combustível, pois com o veículo abastecido com álcool obtive a média de 9,3 km/l no trajeto padrão de 120 quilômetros de São Paulo a Campinas, e 7,9 km/l no acumulado da semana. O valor homologado junto ao Inmetro é 9,1/6,3 km/l no ciclo urbano e 10,8/7,6 km/l, no rodoviário.

O câmbio automático tem trocas de marchas muito suave e quase imperceptível, o mesmo acontece nas retomadas de velocidade com a ativação do kickdown com TPS a 100%. Para o modo manual é possível utilizar a própria alavanca ou as borboletas atrás do volante. E o grande diferenciador apresentado é o nível de ruído interno, pois mesmo em acelerações mais esportivas o nível de ruído interno não incomoda a interlocução entre os ocupantes. Em velocidades constantes a 60, 80 e 100 km/h, o ruído está sempre abaixo de 60 dBA, o que é muito bom para um carro dessa categoria. Veja gráficos abaixo:

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Estabilidade e conforto

Nem sempre é fácil obter bom conforto de suspensão e estabilidade em curvas nos veículos do segmento compacto, e fica especialmente mais difícil nas carrocerias tipo suve devido ao alto centro de gravidade. Mas no caso do Jeep Renegade, desde sua primeira configuração com motor E.torQ, a Jeep já havia encontrado um bom balanço, e talvez esse seja um dos principais atributos para conquistar seus consumidores. Nesta nova versão flex 4×4 essa característica não foi deixada de lado pelos engenheiros de calibração de suspensão, pneus e direção.

Os pneus 235/45R19 Pirelli Scorpion que equipam a versão S surpreendem na capacidade de absorção de impacto e aspereza de rodagem. E ao entrar em curvas com velocidade mais elevada não “canta pneu” e mantem o veículo na trajetória com bastante neutralidade direcional. É prazeroso entrar rápido e com a falta de reação adversa fica aquela vontade de entrar mais rápido na mesma curva. No percurso de terra com pedras esperava uma rodagem mais brusca e ruidosa, mas mesmo nessa condição o rodar é confortável. Mérito para a altura de apenas 105 mm da lateral do pneu, que também previne a danos nas rodas.

O equilíbrio na calibração da suspensão é outro ponto a se destacar, além de passar bem em lombadas, sem riscos de interferir com o solo, o balanço é agradável e não dá aquela arremessada desconfortável nos passageiros do banco traseiro e malas no porta-malas. A rolagem da carroceria em curva é bem controlada e mesmo rolando um pouco não acontece o “roll steer” (esterço por rolagem) que tende a puxar os carros para dentro das curvas e acentua qualquer tendência de saída de traseira.

McPherson na dianteira com barra antirrolagem e amortecedores pressurizados, enquanto na traseira o diferenciador do segmento é a suspensão independente  multibraço com barra antirrolagem e amortecedor e mola montado são concêntricos. O subchassi dianteiro é ancorado diretamente à carroceria e o traseiro tem isolação por buchas de elastômero, sendo um dos artifícios responsáveis pelo bom ruído de rodagem.

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A direção com assistência elétrica tem calibração de centro mais positiva, fugindo da tradição da marca de deixar o centro mais solto. O esforço estático é agradável e a progressão em velocidades mais alta deixa o sistema bem preciso e com boa conexão entre o novo volante de Ø 370 mm e as rodas.

No freio a disco nas quatro rodas, ventilados na dianteira, encontra-se o outro diferenciador para a categoria de suve compacto que o Renegade apresenta aos usuários. A modulação do pedal é leve e progressiva e mesmo na atuação do ABS a resposta não assusta o motorista devido pulsação exagerada. O freio de estacionamento tem ativação eletromecânica automática conjugada com o Parking do câmbio e libera automaticamente com a aceleração do carro em Drive ou Ré, desde que o cinto de segurança do motorista esteja afivelado.

Interior funcional

As mudanças no interior do Renegade não foram muito grandes e continua a ser um desenho funcional e moderno. O quadro de instrumentos digital em TFT é similar ao utilizado no Fiat Pulse e tem o mesmo inconveniente de utilizar caracteres pequenos, e devido ao baixo brilho ficam obscurecidos se o motorista utilizar óculos de sol. As informações e possibilidade de configurações do layout devem agradar à maioria dos usuários.

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Ao centro do painel de instrumentos está a central multimídia de 8,3” que incorpora o novo software desenvolvido pela Stellantis e tem a capacidade de espelhamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, além de oferecer uma ampla variedade de aplicativos e internet 4G com Wi-Fi.

Abaixo da multimídia está o painel de comando do sistema de ar-condicionado de duas zonas e comandos do sistema de som, sendo gratificante o ajuste de volume e sintonia do rádio com botões giratórios. No console à frente da alavanca de câmbio está o seletor para os quatro modos de condução (Auto, Sport, Snow e Sand/Mud — Automático, Esporte, Neve ou escorregadio, Areia/Lama). E ao lado encontram-se duas portas USB, sendo uma do tipo convencional e outra USB-C, além da tomada 12-V, permitindo versatilidade para conectar vários equipamentos, visto que celular com capacidade de carga por indução é servido por um carregador sem fio, logo abaixo.

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Conforto dos bancos e distribuição do espaço interno segue com a mesma proposta já vista em outras avaliações de Renegade, a alteração fica pela diferença de materiais, textura, e cores internas. O teto solar panorâmico da versão S é opcional e deixa o interior bem iluminado, contrastando com o escurecimento causado pelo forro do teto em cor preta. O porta-malas de 385 litros tem o recurso do assoalho poder se acomodado em duas posições, permitindo assoalho plano e um espaço confinado abaixo, ou rebaixá-lo para acomodar objetos e malas maiores.

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Tecnologia

Alguns sistemas Adas (Advanced Driver Assistence System) já estão incorporados no novo Renegade, como frenagem autônoma de emergência que ao detectar algum obstáculo emite um alerta sonoro e visual ao motorista. Se nenhuma ação for tomada o sistema freia automaticamente minimizando os danos e lesões. O assistente de manutenção de faixa faz a leitura da sinalização horizontal da via e corrige o volante para alertar o motorista. Ambos sistemas utilizam a câmera posicionada na parte superior do para-brisa e têm possibilidade de ajuste do nível de intervenção.

O detector de fadiga analisa o tempo de viagem e comportamento do veículo na via para recomendar uma parada para descanso sempre que o risco de sonolência existir. O monitor de ponto cego no retrovisor externo utiliza sensores laterais para alertar da proximidade de outro veículo, e o aviso de tráfego traseiro auxilia nas saídas de vagas de estacionamento e garagem. E para completar, as versões Série S e Trailhawk contam com comutador automático de farol alto e Park Assist para estacionamento automático. O controle de cruzeiro é convencional e tem a função limitador de velocidade, muito útil para evitar as multas por distração com a velocidade.

Exterior inconfundível

A silhueta do suve não sofreu alterações e segue com aquela cara de feinho simpático que o Bob Sharp nomeou no lançamento em 2016. Para mim é o Jeep com mais cara de Jeep que a Jeep fabrica. E a grande novidade é a iluminação em LED tanto nos faróis e luzes de rodagem diurna que alternam a função com a seta ligada tanto na dianteira quanto na traseira.

Uma nova grade horizontal foi adicionada à tradicional sete-fendas permitindo maior fluxo de ar para dissipar o maior calor produzido pelo motor mais potente. E nas laterais do para-choque frontal seguem os faróis de neblina. O para-choque traseiro foi modificado deixando o ângulo de saída com 32 graus, enquanto o de entrada é 29 graus; e o ângulo de rampa é de 21 graus devido à distância mínima do solo de 187 mm. Ângulos bons para um veículo com proposta aventureira fora de estrada.

Conclusão

Os recursos e capacidade para uso fora de estrada foram bem demonstrados e experimentados no evento em Minas Gerais no final de 2021, e nesta utilização diária do novo Renegade foi possível confirmar que o conjunto ficou muito bem equilibrado e adequado para quem gosta das carrocerias tipo suve e precisam de tração 4×4 para uso frequente. A lamentar a inexistência da bonita Série S 4×2, pois para aqueles que querem mais sofisticação e conteúdo, restando-lhes só a versão Longitude.

Com o desempenho adicional proporcionado pelo novo motor GSE T270, e o conforto e espaço interno já conhecido, o novo Renegade tende a seguir no topo da preferência nacional em se tratando de suve compacto. A conferir!

GB