A coisa é tão simples quanto 2 +2 = 4.
Autódromos de uma maneira geral são ociosos, não têm ocupação, ou uso integral. Todo autódromo tem custos fixos, como despesas com funcionários, segurança, patrimonial, energia elétrica, água, manutenção e muitas vezes impostos.
Exemplo clássico e mundialmente conhecido é Nürburgring, na Alemanha. É pagar e andar. Com qualquer carro, próprio, emprestado e alugado. E como motos também. E qualquer tipo de veículo — só não valem os de esteiras no lugar de rodas
Não é barato, uma volta custa 23 euros/128 reais., embora em uma volta se ande 20,8 km. ou 6,15 reais por quilômetro.
Em termos de negócio é uma verdadeira caixa registradora.
Mas…. qualquer dano causado ao circuito, como amassar uma defensa metálica ao bater nela. o cliente paga.. E se este causar um acidente que necessite fechar a pista, a despesa será equivalente à de um imóvel, segundo me informei no site da Car and Driver, que diz também haver limite de velocidade em determinados pontos. Falei com o Paulo Keller, que andou lá há dois anos, e ele disse que não se lembra de limite de velocidade. Pode haver limitação, disse, mas na reta nos pontos onde os carros entram na pista e saem dela.
Os prós
• Estimula a prática do automobilismo
• Desestimula rachas e o dirigir rápido nas ruas
• Aumenta a habilidade dos motoristas de uma maneira geral
• Desenvolve os negócios das oficinas e da venda de peças e de pneus
• Gera empregos
• Aumenta o caixa dos proprietários da pista (muito importante)
Os contras
• O plano médico do cliente pode ser recusar a custear despesas hospitalares em caso de acidente
• A seguradora pode se recusar a indenizar danos por acidente
Vou conversar com as federações a esse respeito.
Circuitos, pavor das fabricantes
Inexplicavelmente, as fabricantes se preocupam além do necessário nos eventos de lançamento para imprensa em autódromos. Devem achar que se trata de corrida e não mera experimentação como se fosse uma estrada longa.
Começa por ser exigido uso de capacete, como se o acidente fosse iminente. Errado, pois não se avalia um carro normal, de rua, com capacete, perde-se em grande parte a indispensável audição. para saber como é o carro.
Depois, travam a pista com cones antes das curvas para ou mesmo nas retas “para reduzir velocidade”, como se os jornalistas precisassem de “babá”
Finalmente, colocam uma “babá” de verdade, física,: um funcionário da fabricante ou um piloto profissional no banco direito.
Ia esquecendo,, em geral são poucas voltas e quando a pista não é travada artificialmente, colocam um carro-madrinha na frente, como se fosse um safety car.
Experiências pessoais a respeito
Aproveito o assunto de autódromos para falar um pouco da minha vivência em lançamentos realizados nesse cenário.
1. Quando assessorei a Stuttgart Sportcar durante 12 meses (2002/2003). então importadora oficial Porsche, organizei uma sessão de experimentação para 15 jornalistas em Interlagos para conhecerem melhor o produto e, claro, para escreveram a respeito. Utilizamos um 911 3,4-L 1998, 300 cv, do estoque de usados. Usamos uma brecha na programação de um dia de várias provas curtas. Nada de pista com cones,, capacete e safety car. E chovia. Pois bem, nenhum incidente ou acidente aconteceu. Um dos jornalistas que fiz questão de convidar foi o Fabrício Samahá, do Best Cars, pela importância e seriedade do site.
2. O lançamento do Corsa para a imprensa, em fevereiro de 1994, foi em Barcelona, no circuito da Catalunha, o da F-1. Nada de capacete, pista totalmente livre, sem acompanhante e sem limite de voltas. Tudo transcorreu normalmente.
3. Em 1993. andei no campo da provas da Porsche em Weissach como parte do programa de comemoração de 50 anos do 911. Como sempre, pista aberta e nada de capacete. Entretanto, andamos atrás de um carro-madrinha. Só que precisei usar tudo o que eu conhecia de pilotagem rápida para acompanhar o alemão que dirigia o “safety car”. como o cara andava! Leia a matéria do evento todo.
4. Lançamento do Gol GT, 1984. Interlagos, circuito antigo portanto, eu recém chegado à VW. Sem absolutamente nenhuma restrição. Capacete, nem pensar. O criador do Gol e diretor de engenharia (chamada na época de Pesquisa e Desenvolvimento, Forschung und Entwicklung em alemão), Philipp Schmidt, quis até armar uma corrida curta de jornalistas no evento, mas foi convencido a desistir da ideia pela área de Imprensa da VW.
5. Viagem à Itália a convite de Fiat para experimentar produtos da marca no Circuito de Balloco, próximo a Turim, como conhecer o Fiat 500 com motor de dois cilindros 0,9 litro turbo e o cupê esportivo Afla Romeo 4C, entre outros. Dia memorável. Era o campo de provas da Alfa Romeo que passara a ser da Fiat. Única restrição, ter um engenheiro no banco direito. Depois de andarmos as primeiras voltas eu e o Josias falamos com a Fiat para andarmos sozinhos., pois os engenheiros estavam sofrendo, enjoando. A Fiat atendeu ao nosso pedido e passamos a andar sem companhia nos carros.
6. Test drive do Dodge Viper no Autódromo de Moroso, na Flórida, EUA, 1994. Nada de capacete também, mas o circuito limitado por cones era de 0,7 milha (1,12 km). Mal dava para usar a segunda marcha, Fiquei irritado, havia ido de Barcelona (Corsa) direto para a Flórida e não admiti o desaforo. Falei com o chefe do evento que se eu não usasse o circuito completo não haveria matéria. Vi ele mais outros conversando e depois de alguns minutos me disseram que depois de todos irem embora eu poderia andar no circuito completo. E assim foi, mas com acompanhante. Começamos a andar e ele logo percebeu que eu não era um maluco irresponsável e nem um neófito, relaxando completamente, Foram ótimos momentos.
BS