Sempre dizemos que os carros são muito mais do que meros objetos mecânicos com motores, transmissões, fluídos e pneus. Eles também conectam as pessoas de uma maneira única e bastante especial. Os automóveis representam uma paixão que se torna coletiva nesses eventos.
Nesse sentido falamos de todos os tipos de motorização, sejam eles de 4, 6, 8,10 ou 12 cilindros. E também se enquadram os motores boxer, em linha, em “V” e alguma outra configuração um pouco mais diferente do que o padrão. O ponto mais importante é a celebração proporcionada por este meio de transporte.
A última edição do Mopar Nationals realizada na cidade de Águas de Lindoia foi exatamente assim. Estive por lá durante os três dias de evento no fim de semana passado e pude conferir que todo esse sentimento proporciona bons momentos de diversão. E desta vez fui a caráter a bordo da Ram 1500 Rebel, uma opção que já foi testada pelo editor de Off-Road do AE Luís Fernando Carqueijo.
Quem conhece a Garagem há algum tempo sabe que tenho uma ligação mais profunda com os Dodge. Em 1977 meu pai comprou um Charger R/T na combinação — exclusiva daquele ano — prata Monterrey com teto de vinil e estofamento bordô. Minha mãe dirigiu-o durante a gestação e este foi o carro no qual saí da maternidade.
Por isso eu sempre brinco que naquela ocasião parei de chorar apenas para ouvir o motor V-8 de 318 polegadas cúbicas/5.210 cm³ ronronando em marcha-lenta. Brincadeiras à parte, os modelos da marca acabam tendo um quê a mais nas minhas matérias e avaliações. É uma ligação de nascença, literalmente falando nesse caso.
Chegamos na sexta-feira no começo da noite. Havia uma vaga bem em frente ao Hotel Majestic. Algo interessante deste evento é que os carros ficam todos estacionados na área bem em frente ao hotel e também na praça. Dessa forma o acesso é muito fácil e também muito direto para quem está hospedado por ali. Isso sem falar da visão da janela do quarto.
No sábado temos uma concentração maior de visitantes e carros em exposição. Muitos se dirigem ao evento nesse dia por conta do movimento. E andando por ali podemos ver uma variedade de modelos que fizeram a história da Mopar, uma sigla que engloba todo esse mundo, ou seja, Dodge, Chrysler, DeSoto e Plymouth.
No vídeo eu procurei andar por ali e dividir a exposição em alguns trechos específicos. Dessa forma conseguimos cobrir todo o evento e mostrar os carros lá estacionados. Muitos ficaram de fora, já que chegaram depois da gravação. Porém a ideia principal está lá. Um dos destaques é o Dodge 1800 e seu sucessor, o Polara. Ambos são irmãos menores dos V-8 que sofreram um pouco no mercado frente à concorrência e por conta de ajustes mecânicos na época do lançamento.
Já o Dart, lançado em 1969, foi o grande modelo da época. O Galaxie havia chegado ao mercado um pouco antes, em 1967, e eles buscavam concorrer diretamente com o luxuoso modelo da Ford. A receita de quatro portas com motor V-8 funcionou bem e logo ele também conquistou seu lugar ao sol. Na exposição podemos ver desde os primeiros até os últimos, já no começo dos anos ’80 com a administração da Volkswagen.
Mas a partir de 1971 os olhos se voltaram para a versão esportiva. O Charger R/T, abreviação de road and track, ou seja, estrada e pista, chegava para balançar o mercado. Ele se destacava esteticamente pelas faixas pretas na carroceria além das rodas mais pujantes. Trazia também a dupla saída de escapamento, uma das ideias visuais mais bem pensadas pelo diretor de estilo da marca Celso Lamas.
No evento, senti falta do primeiro ano do modelo, extremamente raro. Porém, a partir de 1972 vários exemplares chamavam a atenção. Tanto na praça quanto na área coberta eles atraíam os olhares e cliques do público. Com base na carroceria do Dart a ideia visual da frente quase fechada foi uma unanimidade entre os fãs de Dodge, inclusive no exterior.
Caminhando para a parte fechada e mais nova do hotel temos outros modelos bem legais. Logo de cara um Dart que foi configurado como a versão americana GTS, com destaque para a mecânica atual que foi instalada. Por ali também os musculosos Plymouth Barracuda com o shake hood no capô, o Road Runner e Superbird (já falamos dele por aqui), além de um Super Bee. Estacionadas por ali também vale destacar duas Chrysler Town and Country, as station wagons de sonho das décadas de 60 e 70.
Como sabemos, a Dodge sempre foi uma marca voltada para performance e ousadia de seus carros. Dessa forma se destacaram modelos atuais como Challenger, Viper ACR e também o Charger SRT, um verdadeiro muscle car atual equipado com motor Hemi supercarregado de 797 cv. É a despedida dos grandes motores.
E falando em despedidas, não posso encerrar o texto sem comentar a brilhante participação das picapes no evento. Tivermos Fargo, uma antiga marca da Dodge, Ram de todas as gerações e também Dakota, último V-8 produzido no Brasil (em Campo Largo, PR) e que vem ganhando importância e relevância nos encontros de carros antigos.
Sem dúvida nenhuma deu para voltar para casa satisfeito. Aliás, no começo do vídeo preste atenção ao chamado “V8taço”, são quase 30 segundos de aceleração constante e celebração da vida automobilística do motor V-8. Para fechar a viagem fiz uma média de 7,5 km/l na estrada com o direito a algumas esticadas. Nada mau. Nos vemos no próximo evento e, como dizem por lá, “Mopar or no car“.
GDB