Por Diretoria Comercial entenda-se as áreas de Jurídico, Marketing, Vendas e Pós-Vendas, esta onde eu trabalhava como representante, área que cuida tanto de rede de concessionárias quanto do Pós-Vendas em si. Minha função, controlar a operação da rede.
A Diretoria Comercial ficava num prédio de três andares em São Bernardo do Campo, na av. Dom Jaime de Barros Câmara, a mesma onde a Scania tinha instalações, mas em 1981 mudou-se para um prédio de escritórios na avenida Paulista, 238, Entretanto, sabíamos que não era em definitivo, o plano da Fiat era ter a Diretoria Comercial na própria fábrica em Betim, perspectiva que absolutamente não me agradava nem um pouco por gostar imensamente de São Paulo.
Aliás, sempre gostei, desde quando vinha regularmente aqui para correr em Interlagos. “Um dia ainda vou morar aqui”, dizia para mim mesmo.
Em janeiro de 1982 casei-me (segunda vez, já fizemos 40 anos de casados) e em maio minha mulher ficou grávida. Em junho veio a notícia, a Diretoria Comercial iria para Betim naquele ano. Resolvi deixar a Fiat por esse motivo, mas houve um fato que me aborreceu muito e contribuiu para a decisão.
Em abril ou março o gerente de Marketing, Flávio Furtado, me convidou para administrar competições, que estava sob sua responsabilidade, o que aceitei de (muito) bom grado e foi motivo para, à noite, eu e minha mulher abrirmos um champagne para comemorar a nova função. Mas dois dias depois fui à sala desse gerente para tomar conhecimento dos detalhes do cargo, quando ele me disse que estava cancelada a mudança. Ao deixar sua sala vi a mesa do chefe de competições, antes vazia, ocupada por outra pessoa.
Esse fato, junto com a mudança da Diretoria Comercial para Betim, levaram-me a me demitir da Fiat, o que se deu em 30/07/1982.
E a história de Natal, cadê ela? Explico.
Sem emprego e com minha mulher grávida, conversei com um bom conhecido, Roberto Scaringella, presidente da CET, sobre um trabalho naquele órgão. Lã não havia, mas um amigo dele, o ex-tenente PM Joacyr (não me lembro do sobrenome). cuidava da segurança do Banco Auxiliar e estava à procura de alguém para cuidar da frota de automóveis do banco, e me indicaria. Naquela circunstância, desempregado e com um filho (meu primeiro e dela) a caminho, topei encarar.
No dia 22/09/1982 fui contratado como assessor de transportes do Banco Auxiliar e em 2/02/1983 chegava ao mundo nossa filha (fizemos questão de não saber o sexo previamente, como é comum hoje).
O trabalho consistia em organizar a manutenção, ao mesmo tempo adotando padrão técnico elevado (eram Opalas de uso da diretoria do banco) e reduzindo custos. O local de trabalho era na rua Martins Fontes, que emenda com a rua Augusta logo adiante.
Eu havia comprado, de um amigo e vizinho do meu prédio, em Moema, uma Honda CB 450 1981 pouco rodada e era o ideal para o transporte casa-trabalho-casa, tanto que eu almoçava em casa todos os dias obedecendo uma hora de almoço — 20 minutos ida e volta e 40 minutos para a refeição sem correria.
Não era o melhor dos trabalhos, mas pelo menos dava e sobrava para o sustento da família.
Havia no trabalho um auxiliar de mecânico, o Amarílio, um rapazinho humilde, com quem o chefe do local não simpatizava (eu, sim) e demitiu-o Aquilo me aborreceu ao ponto de eu resolver me demitir, o que foi efetivado em 2/01/1984.
Uma parêntese. Ao longo de 1983, meu amigo de longa data, Ronaldo Berg, gerente nacional de Assistência Técnica/Produto da Volkswagen, vinha me acenando com a possiblidade de eu ser admitido na VW para cuidar de competições, função que ele assumira no início daquele ano em acúmulo à função que já tinha, e precisava de alguém, de confiança e com comprovado conhecimento do assunto, para ajudá-lo. Mas a vaga estava em estudo pela diretoria da VW.
Na sexta-feira 23/12/1983, meu último dia de trabalho no Banco Auxiliar, no momento em que eu arrumava meus pertences para deixar em definitivo a minha sala, toca o telefone. Era o Ronaldo Berg me informando que a vaga de supervisor de competições da VW havia sido aprovada.
Será que ainda há alguém com duvida sobre a existência de Papai Noel?
BS
A coluna “O editor-chefe fala” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.