Contrastes sempre fizeram parte do universo da Fórmula 1, categoria segue cada vez rica e milionária e repleta de contrastes. Após um retorno feérico a Las Vegas (foto de abertura), outrora conhecida como “a cidade do pecado”, cortesia de seus cassinos e ambiente festivo, a categoria viaja no tempo e no espaço em direção a Abu Dhabi. Para chegar à capital dos Emirados Árabes Unidos será preciso voar 13.435 km sem fazer escalas, o que significa mais de 16 horas dentro de um avião e, uma vez em terra firme, adaptar-se ao fuso horário local, diferença de 12 horas. Não bastasse isso, as corridas serão disputas em um intervalo de uma semana e após um evento que gerou muitas controvérsias.
A principal controvérsia foi o acidente na primeira sessão de treino livre, quando uma tampa que cobria uma válvula de água foi arrancada do piso por causa da alta aderência e tração provocadas pela passagem dos carros de F-1. O incidente nada inédito na história da categoria, ganhou impacto porque o objeto danificou sobremaneira o Ferrari de Carlos Sainz. Um primeiro cálculo do prejuízo direto chega a US$ 1,5 milhão (R$ 7,5 milhões), quantia necessária para construir um novo monobloco e reparar outros danos, incluindo o sistema elétrico.
Como o monoposto teve que receber peças que não podem ser trocadas durante o fim de semana de prova, Sainz não conseguiu tirar proveito do segundo lugar no grid uma vez que foi punido com a perda de 10 posições. Fred Vasseur, o chefe da Scuderia, não escondeu sua decepção como o assunto de Las Vegas foi tratado:
“Não recebemos a visita de nenhum representante dos promotores da prova ou da Fórmula 1. Um prejuízo dessa monta afeta nosso planejamento econômico e ameaça nosso orçamento para o ano que vem. Teremos uma conversa particular com os organizadores. Reitero que estou mais decepcionado não com o acidente, mas com a organização (do evento).”
Para tornar o assunto ainda amargo, a Ferrari disputa com a Mercedes a posição de segunda melhor equipe na classificação entre os Construtores, condição que coloca em jogo cerca dezenas de milhões de dólares em prêmios no campeonato.
Quando a caravana da F-1 chegar ao circuito de Yas Marina o ambiente tende a ser bem mais conservador, reflexo dos valores muçulmanos em vigor. Nem por isso o par de Vasseur na equipe Mercedes, o austríaco Toto Wolff, já perdoou o que sofreu na prova local em 2021. Nesse ano seu piloto Lewis Hamilton chegou empatado com Max Verstappen, ambos com 369 pontos e disputando o título da temporada. Um acidente nas últimas voltas levou à uma relargada e na ocasião a Red Bull explorou melhor a oportunidade e instalou pneus macios no carro do holandês, que superou facilmente o rival em menos de uma volta. A maneira atabalhoada como o diretor de prova Michael Masi lidou com o imprevisto causou seu afastamento do posto e despertou a fúria de Wolff. Ao comentar a disputa pelo vice-campeonato contra a Ferrari ele declarou: “Vamos para Abu Dhabi praticamente iguais em pontos. Como agora temos um diretor de corridas verdadeiro, vai dar tudo certo.”
A Mercedes soma 392 pontos no Campeonato de Construtores, quatro a mais que a Ferrari, que nas últimas etapas mostrou-se mais veloz que a rival.
O resultado completo do GP de Las Vegas você encontra clicando aqui.
Novatos
O dinamarquês Frederick Vesti vai substituir Lewis Hamilton na primeira sessão de treinos livres em Abu Dhabi, última oportunidade para as equipes cumprirem a demanda da FIA que pede por mais oportunidades de treinos para novatos. Na terça-feira, após o GP, a pista árabe recebe as equipes de F-1 para uma sessão de testes de pneus e novos pilotos. O brasileiro Pietro Fittipaldi e o inglês Oliver Bearman foram confirmados como os nomes do time americano para essas funções, respectivamente.
WG
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