Vamos a mais um causo do Livro “EU AMO FUSCA II – Uma coletânea de causos de felizes proprietários de Fusca”. Quem nos relatou este causo foi o Sergio Eckhardt que mesmo tendo feito uma brincadeira de mau gosto no VW Fusca das meninas acabou se saindo bem, casando-se com aquela loira linda que ele estava de olho!
Namoro por um fio
Por: Sergio Eckhardt
São Caetano do Sul/SP, março de 1975, fim de semana. O que fazer? Meu grande amigo Rubão (que estava a pé) sugere: “Você não quer passar o fim de semana na casa de minha namorada em Atibaia?” OK, disse eu e lá fomos nós dois no meu Fusquinha ’67 (6 volts), verde Água, em direção à ensolarada Atibaia.
Viagem tranquila e sem problemas.
Na casa da Fátima (namorada de meu amigo), estavam também a irmã dela (Marisa) e uma amiga (Nancy). Que loira! Olhos verdes, lindos! Um avião! No entanto, tinha a aparência de estar triste e chateada.
Descarregando a tralha, nos acomodamos pelos quartos daquela pequena casa de vila. A porta ficava sempre aberta e as crianças do lugar brincavam sem parar na viela sem saída. O Fusquinha ficou parado lá na rua de baixo, bem pertinho do outro Fusquinha (branco), da Nancy.
Papo vai, papo vem entardeceu e fomos dar uma volta na cidade. Toca a entrar todo aquele bando de gente, nos dois Fusquinhas (da Nancy e meu)! Ufa, coube todo mundo. Fomos dar uma volta na cidade e nos pontos interessantes. Acabou todo mundo num bar de esquina, onde um alemão vendia uns bolinhos de bacalhau nota 10!
E o papo rola e rola, até tarde da noite.
Ao voltar para a casa da vila, combinei com meu amigo, que iríamos voltar para São Paulo pela Via Dom Pedro I, indo até Jacareí, pegando então a Dutra até São Paulo. Sairíamos bem à tardinha.
Chegou o domingo e tome mais volta pela cidade. A esta altura eu já não conseguia tirar os olhos da Nancy! Dona Luisa, mãe da Fátima, fez aquele bacalhau para a moçada! Mais batata, etc., que bacalhau (assim rende!), mas estava uma delícia! O pessoal descansa. Eu e meu amigo fomos para perto dos dois Fusquinhas e aí vem a ideia: “Que tal desligarmos aquele fiozinho da bobina do Fusquinha da Nancy, para que na hora da partida a gente “salve elas do problema, etc., etc.?” Grande ideia e pimba: abre o capô e puxa o bendito fio.
Voltamos para a casa e bem mais tarde, depois de juntar todos os trecos, a Fátima, o Rubão e eu pegamos o Fusquinha verde e tchau. Pé na estrada. Ninguém se lembrou do fio da bobina do Fusquinha da Nancy.
Chegando a São Caetano do Sul de noite, nada da Nancy e a irmã da Fátima chegar! É nesta hora que eu ponho a mão na cabeça e falo: “Rubão, a gente esqueceu do fiozinho!!! E agora? Não dá para fazer nada.” Naquele tempo não havia celular, nem a casa de Atibaia tinha telefone. O jeito era ir embora. Muito provavelmente elas ainda estão lá!
No dia seguinte, bem à noite eu passei na casa da Nancy, para puxar aquele papo. etc. e ela me conta tudo que houve. Depois de termos ido embora, também ela e a Marisa, resolveram voltar. Mas qual não é a surpresa quando o bendito Fusquinha não “pegava” nem a pau! Tentaram daqui e dali, mas nada. Com a bateria quase arriada, de tanto tentar, domingo já noite; alguém decide chamar um primo mecânico e o rapaz finalmente acha o fio da bobina desligado! Ninguém faz ideia de como se desligou! Nancy e Marisa pegam a estrada de noite e voltam, mas com um medo daqueles, pois não sabiam se algo mais ainda iria acontecer! Nada! O Fusquinha veio direitinho.
Eu ouvi a estória toda e não aguentei conter o riso. Contei tudo para ela.
Veja só que situação. Estava tudo perdido. Sem chance com a loira.
Ela ficou muito brava e eu me mandei dali.
Vocês vão dizer que é o fim? Não! Eu persisti e no outro dia voltei à casa dela. Com o passar dos dias, saímos. Um ano depois ficamos noivos.
Aquele Fusquinha verde, eu perdi num acidente, mas o branco da Nancy ainda ficou conosco até quase o casamento, três anos depois!
Hoje, passados tantos anos ainda damos risadas daquele fim de semana e do fiozinho da bobina do Fusquinha.
Os causos costumam registrar fatos, acontecimentos, que ligam, no nosso caso, veículos VW arrefecidos a ar a seus proprietários. Acabam registrando, também, uma época quando VW Fuscas e VW Kombis dominavam as ruas e estradas do Brasil.
Caso você tenha um causo envie-o para nós e quem sabe você o verá publicado aqui na coluna. O e-mail de contato está abaixo.
AG
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