A Toyota confirmou ontem (5/2), que irá construir uma fábrica de veículos elétricos a bateria (BEV), na China. Ela será de propriedade exclusiva da marca japonesa, distanciando-se do padrão chinês de fabricantes estrangeiros terem que de associar uma empresa local para produzir seus veículos. A fábrica de Xangai será responsável por fabricar os modelos da marca Lexus.
A declaração confirma rumores que circulavam desde junho do ano passado, quando os meios de comunicação chineses disseram que a Toyota planejava construir uma fábrica de veículos elétricos em Xangai.
A Toyota e o governo de Xangai chegaram a um acordo para a construção de uma nova empresa integral no distrito de Jinshan, no sudoeste de Xangai, para desenvolver e produzir veículos elétricos e baterias da marca de luxo Lexus.

A escolha pela cidade de Xangai é estratégica. O local é uma espécie de centro de desenvolvimentos de muitos fabricantes na China, como a Saic, Nio e Neta, além de diversas marcas estrangeiras com escritórios e instalações de projetos na cidade e em regiões vizinhas.
A nova empresa aproveitará a cadeia industrial estabelecida, a rede de logística, a mão de obra qualificada e a escala de mercado de Xangai e da região do delta do Rio Yangtze e está programada para entrar em produção em 2027.
A Toyota disse que a nova fábrica terá capacidade de produção de cerca de 100.000 unidades por ano e deve gerar pelo menos 1.000 novos empregos inicialmente.

A decisão de construir uma nova fábrica em solo chinês ocorre em meio a uma desaceleração nas vendas da Toyota na China, onde a marca japonesa viu suas vendas caírem de 1,5 milhão para 1,4 milhão entre abril e dezembro do ano passado, em parte devido ao domínio contínuo do mercado pela BYD. A China é o terceiro maior mercado da Toyota, depois dos EUA e do Japão.
A Toyota começou a atuar na China em 1964, quando iniciou as vendas do sedã Crown. Atualmente, a marca japonesa mantém duas joint venture na China, FAW-Toyota e GAC-Toyota, para produzir veículos elétricos baseado em modelos chineses, incluindo o bZ3C desenvolvido com a FAW e que compartilha o arcabouço com o recém-lançado GAC AION V, e o bZ3 que foi desenvolvido em conjunto com a BYD.
Parcerias locais, mola propulsora
Até 2018, os fabricantes estrangeiros que quisessem produzir carros na China eram obrigados a fazer parcerias com marcas locais em joint ventures 50:50, medida criada para impulsionar o mercado doméstico de automóveis.
Após 2018, essas restrições foram amenizadas para veículos elétricos a bateria, o que levou a Tesla a se tornar a primeira, e até agora única, fabricante a possuir integralmente suas instalações de produção no país.
Localizada na área de Lingang, no leste de Xangai, Tesla Giga Shanghai, entrou em operação no final de 2019. A companhia começou a entregar o sedã modelo 3 em janeiro de 2020 e suve modelo Y em janeiro de 2021 para consumidores locais.

A fábrica é atualmente a maior unidade da Tesla no mundo, com uma capacidade anual de produção de cerca de 1 milhão de unidades. Além de abastecer o mercado chinês, é também o maior centro de exportação, principalmente para o continente europeu.
A Lexus, sob a liderança da Toyota, se tornará a segunda marca a realizar esse modelo de operação na China.
A Mercedes-Benz, por exemplo, ainda mantém a estrutura de propriedade 50:50 com a BAIC para a produção local de carros Mercedes, mas a BMW aumentou sua participação para 75% com a parceira Brilliance Auto depois que a China reduziu ainda mais as restrições de propriedade em 2022 para incluir veículos de motor a combustão..
AN