Mais um causo do Livro “EU AMO FUSCA II – Uma coletânea de causos de felizes proprietários de Fusca”, desta feita com o encantador causo de um menino de 12 anos, o Diogo Zamboni Arendt, que materializou seu amor pelo Fusca complementado com um comentário atual.
No READER’S CORNER de hoje, a história do Fusca 1970 do Maycon Correia.
Vale a pena conferir ambos.
Uma grande paixão
Por Diogo Zamboni Arendt
Quem sou:
Primeiramente vou falar um pouco sobre mim. Meu nome é Diogo Zamboni Arendt, nasci em 29 de junho de 1990. Em 2002, quando registrei esta história, eu tinha 12 anos e estava na sexta série. Adoro calotas e faço coleção delas; hoje estou aproximadamente com 170, fazem muito sucesso entre meus amigos e nos lugares onde as consigo. A maior parte delas está pendurada nas paredes de meu quarto.
Como tudo começou:
Tudo começou há dez anos, e eu com 2 aninhos dizia o nome de alguns carros que passavam na rua. Como no Brasil a maior parte dos carros é Fusca, eu disse muitas vezes a palavra “Fusca”.
Há mais de um ano havia um Fusca enguiçado em minha rua, fiquei observando aquele carro e o achei muito interessante, pesquisei sobre ele, procurei fotos e decidi: “Quero ter um Fusca”. No começo todo mundo achou uma ideia absurda, engraçada!
Eu e meu pai começamos a procurar, minha mãe era totalmente contra.
Fizemos um cartão que dizia:
Compra-se Fusca
Abaixo de 1970
Em qualquer estado
Acrescentamos os telefones de casa e o celular do meu pai. Eu entregava este cartãozinho para os proprietários dos Fuscas que eu encontrava e que precisavam de uma restauração. Nunca alguém ligou querendo vender um Fusca.
Até que então, um dia, avistamos um Fusca 1966, bonito, mas precisava de alguns detalhes a serem feitos. Voltamos para casa, paramos na residência, conversamos com o dono e compramos o carrinho.
Procuramos e compramos muitas peças em exposições de carros antigos e ferros-velhos. Peças como o rádio original, rodas fechadas, volante branco, aro do volante, protetor de maçaneta, entre outras.
Hoje, com o Fusca lindo e em estado de zero-quilômetro, frequentamos várias exposições e encontros de Fuscas e carros antigos. Muitas pessoas param… Olham e perguntam o ano, ou se vendemos. Já tivemos muitas ofertas para venda, mas eu não vendo.
Como escrevi, sou um de muitos apaixonados pelo Volkswagen Sedan, o carro excelente, desenvolvido pela Volkswagen durante anos e que conquistou o mundo. Tenho um e o amo, nunca vou vendê-lo, ele vai para meus filhos, netos… e assim por diante.
Recebi recentemente as seguintes considerações do Diogo Zamboni Arendt sobre a sua participação como autor de um causo do Livro II:
Caro Gromow,
Ter participado de um livro de causos, assim como ter encontrado diversas pessoas com a mesma paixão que eu, ou melhor, pelo mesmo objeto de paixão, é algo que me deixa muito orgulhoso e faz parte da minha história.
Uma das primeiras palavras ditas por mim foi “Fuca” e até hoje o Fusca está presente na minha vida. E a cada dia mais. E a cada dia surgem novos amigos que compartilham comigo o interesse pelo carrinho. Eu tinha 12 anos quando participei do livro “Eu Amo Fusca II”, sobre os causos, e me lembro até hoje do lançamento e da noite de autógrafos. Muitos autores e contribuintes estavam presentes e o clima era contagiante. Todos com histórias sobre o Fusca e um brilho no olhar ao recordá-las.
Eu era o único ali com menos de 30 anos e isso fazia com que eu me sentisse mais adulto, ou melhor, menos criança. E tão cedo, já tinha uma história. Uma história de amor pelo meu Fusca, um primeira-série 1966 que comprei e restaurei com meu pai.
Mas não parou por aí. Cresci, fiz faculdade e a maioria dos meus trabalhos remetia ao Fusca. Eu levava a sério quando me diziam “Faça um trabalho sobre algo que você goste”. Tanto que o meu Trabalho de Conclusão de Curso foi sobre ele. Algo a que me dediquei um ano inteiro, estudei a fundo, pesquisei e passei noites em claro dissertando sobre. O resultado me deixou muito feliz e, modéstia à parte, a nota também. Os professores adoraram e até hoje, anos depois, meu TCC é relembrado por ter sido sobre o Fusca.
Não é comum alguém com mais de vinte anos ganhar carrinhos (Fusquinhas, somente) em aniversários e demais datas festivas. Mas eu adoro e é o que mais acontece. Meus amigos vivem me presenteando com miniaturas, camisetas, porta-retratos, desenhos, quadros, porta-chaves e outras infinidades de coisas que há por aí com o tema, e eu guardo cada coisa com um carinho enorme e a vontade de colecionar coisas de Fusca só aumenta. Há quem diga que é doença e há quem diga que é gosto.
Para ser sincero, eu não me importo com rótulos e muito menos com o que os outros dizem. Eu quero ser feliz, e de preferência, com meu Fusca e junto com outros tantos loucos por Fusca como eu.
Com o meu abraço e admiração,
Diogo
READER’S CORNER
da coluna Falando de Fusca
Nesta coluna apresentamos um causo do amigo Maycon Correia, que talvez muitos conheçam através de seus comentários aqui no AUTOentusiastas. Ele é de Santa Catarina, mais especificamente de São José, que fica na parte do continente da Grande Florianópolis. Sua experiência com Volkswagens arrefecidos a ar vem de longa data e seu hobby sempre foi levado a sério, tanto que foi um dos fundadores do Käfer Club de Florianópolis. Ele tem, portanto, muitos causos para contar e no de hoje vamos conhecer a história de seu Fusca bege 1970, uma raridade nos dias atuais.
MANUTENÇÃO IMPECÁVEL
Por Maycon Correia
Um exemplo de manutenções rigorosas, como descrevia o manual, foi o meu Fusca. Um modelo 1500 na cor bege claro e com bancos marrom escuro, comprado na Concessionária Lepper Veículos, em Joinville no dia 3/12/1970. Por uma senhora que a época já nos seus 55 anos o teve como um filho. O manual dele pedia revisões a cada 2.500 km, e elas foram feitas. Até a de 50.000 km, em 1981, quando ganhou um manual do carro mais novo, também 1981, e ali os intervalos haviam sido aumentados para 7.500 km.
A última revisão foi feita em 1996 aos 95.000 km. Foi vendido em 1997 aos 97.000 km para um finado amigo, que o trouxe a Florianópolis e o deu à sua filha que recém havia feito 18 anos. Rodaram até os 115.135 km e eu o comprei em 31/03/2003.
Havia alguns detalhes a serem feitos. Por ter tido manutenção criteriosa ele rodou 6 anos “sem pedir água”. Única coisa que fizeram foi trocar óleo e colocar uma bateria Durex (muito boa por sinal e que foi colocada no fatídico 11/09/2001). Fiz as manutenções necessárias nele, como pedia o primeiro plano, a cada 2.500 km, por recomendação do meu atual mecânico, que veio de concessionária VW. Aos 129.590 km aquele belo motor lacrado e com carimbos ‘OK’ era retirado do carro pela 4ª vez e seria a primeira retifica.
Tudo perfeitamente no devido lugar, apenas uma folga axial que logo iria esfregar os munhões do virabrequim na carcaça virgem. Hoje está com 165.910 km e com muita força. Sei que era a quarta retirada do motor, pois já havia trocado três kits de embreagem na concessionária Delta Veículos, de Joinville, que fez as revisões desde 1974, quando a Lepper fechou.
Continha, junto do manual, certificado de garantia, livrete de manutenções, carnê de 18 prestações pagas ao Banco Mercantil de SP que ainda existem, nota fiscal de compra do carro, e um diário de bordo que dizia tudo que havia sido feito entre os 4 km da entrega e 86.500 km em 1992. Porém esses dois últimos estavam em péssimo estado e se desmanchando. Fui tirar cópia para preservá-los e se esfarelaram.
Pretendo manter o cuidado e deixá-lo para a próxima geração. Seguem algumas fotos de como este carro está atualmente:
É muito difícil se encontrar um carro que tenha todos este histórico registrado meticulosamente desta maneira, o que transforma este carro numa raridade ainda maior, testemunho de um tempo no qual muitos usuários seguiam a rotina de revisões em concessionárias à risca e mantinham o histórico do carro até com orgulho de tratar o carro desta maneira. Fato é que este Fusca 1970 certamente, como o Maycon está prevendo, irá cruzar a barreira dos 200.000 km rodados sem maiores problemas!
Parabéns a todos que permitiram que isto viesse a ocorrer, em especial ao Maycon, que teve a iniciativa de registrar a história de um de seus carros, pois na garagem dele há outros Volkswagens desfrutando igualmente deste tratamento carinhoso e competente. Vamos dar uma olhada nesta garagem:
AG