Mais um causo do Livro “EU AMO FUSCA II – Uma coletânea de causos de felizes proprietários de Fusca”, desta feita com o encantador causo de um menino de 12 anos, o Diogo Zamboni Arendt, que materializou seu amor pelo Fusca complementado com um comentário atual.
No READER’S CORNER de hoje, a história do Fusca 1970 do Maycon Correia.
Vale a pena conferir ambos.
Uma grande paixão
Por Diogo Zamboni Arendt
![AG-36-Foto-01](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2016/04/AG-36-Foto-01.jpg)
Quem sou:
Primeiramente vou falar um pouco sobre mim. Meu nome é Diogo Zamboni Arendt, nasci em 29 de junho de 1990. Em 2002, quando registrei esta história, eu tinha 12 anos e estava na sexta série. Adoro calotas e faço coleção delas; hoje estou aproximadamente com 170, fazem muito sucesso entre meus amigos e nos lugares onde as consigo. A maior parte delas está pendurada nas paredes de meu quarto.
Como tudo começou:
Tudo começou há dez anos, e eu com 2 aninhos dizia o nome de alguns carros que passavam na rua. Como no Brasil a maior parte dos carros é Fusca, eu disse muitas vezes a palavra “Fusca”.
![AG-36-Foto-02](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2016/04/AG-36-Foto-02.jpg)
Há mais de um ano havia um Fusca enguiçado em minha rua, fiquei observando aquele carro e o achei muito interessante, pesquisei sobre ele, procurei fotos e decidi: “Quero ter um Fusca”. No começo todo mundo achou uma ideia absurda, engraçada!
Eu e meu pai começamos a procurar, minha mãe era totalmente contra.
Fizemos um cartão que dizia:
Compra-se Fusca
Abaixo de 1970
Em qualquer estado
Acrescentamos os telefones de casa e o celular do meu pai. Eu entregava este cartãozinho para os proprietários dos Fuscas que eu encontrava e que precisavam de uma restauração. Nunca alguém ligou querendo vender um Fusca.
Até que então, um dia, avistamos um Fusca 1966, bonito, mas precisava de alguns detalhes a serem feitos. Voltamos para casa, paramos na residência, conversamos com o dono e compramos o carrinho.
Procuramos e compramos muitas peças em exposições de carros antigos e ferros-velhos. Peças como o rádio original, rodas fechadas, volante branco, aro do volante, protetor de maçaneta, entre outras.
Hoje, com o Fusca lindo e em estado de zero-quilômetro, frequentamos várias exposições e encontros de Fuscas e carros antigos. Muitas pessoas param… Olham e perguntam o ano, ou se vendemos. Já tivemos muitas ofertas para venda, mas eu não vendo.
Como escrevi, sou um de muitos apaixonados pelo Volkswagen Sedan, o carro excelente, desenvolvido pela Volkswagen durante anos e que conquistou o mundo. Tenho um e o amo, nunca vou vendê-lo, ele vai para meus filhos, netos… e assim por diante.
Recebi recentemente as seguintes considerações do Diogo Zamboni Arendt sobre a sua participação como autor de um causo do Livro II:
![AG-36-Foto-03](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2016/04/AG-36-Foto-03-240x320.jpg)
Caro Gromow,
Ter participado de um livro de causos, assim como ter encontrado diversas pessoas com a mesma paixão que eu, ou melhor, pelo mesmo objeto de paixão, é algo que me deixa muito orgulhoso e faz parte da minha história.
Uma das primeiras palavras ditas por mim foi “Fuca” e até hoje o Fusca está presente na minha vida. E a cada dia mais. E a cada dia surgem novos amigos que compartilham comigo o interesse pelo carrinho. Eu tinha 12 anos quando participei do livro “Eu Amo Fusca II”, sobre os causos, e me lembro até hoje do lançamento e da noite de autógrafos. Muitos autores e contribuintes estavam presentes e o clima era contagiante. Todos com histórias sobre o Fusca e um brilho no olhar ao recordá-las.
Eu era o único ali com menos de 30 anos e isso fazia com que eu me sentisse mais adulto, ou melhor, menos criança. E tão cedo, já tinha uma história. Uma história de amor pelo meu Fusca, um primeira-série 1966 que comprei e restaurei com meu pai.
Mas não parou por aí. Cresci, fiz faculdade e a maioria dos meus trabalhos remetia ao Fusca. Eu levava a sério quando me diziam “Faça um trabalho sobre algo que você goste”. Tanto que o meu Trabalho de Conclusão de Curso foi sobre ele. Algo a que me dediquei um ano inteiro, estudei a fundo, pesquisei e passei noites em claro dissertando sobre. O resultado me deixou muito feliz e, modéstia à parte, a nota também. Os professores adoraram e até hoje, anos depois, meu TCC é relembrado por ter sido sobre o Fusca.
Não é comum alguém com mais de vinte anos ganhar carrinhos (Fusquinhas, somente) em aniversários e demais datas festivas. Mas eu adoro e é o que mais acontece. Meus amigos vivem me presenteando com miniaturas, camisetas, porta-retratos, desenhos, quadros, porta-chaves e outras infinidades de coisas que há por aí com o tema, e eu guardo cada coisa com um carinho enorme e a vontade de colecionar coisas de Fusca só aumenta. Há quem diga que é doença e há quem diga que é gosto.
Para ser sincero, eu não me importo com rótulos e muito menos com o que os outros dizem. Eu quero ser feliz, e de preferência, com meu Fusca e junto com outros tantos loucos por Fusca como eu.
Com o meu abraço e admiração,
Diogo
![AG-36-Foto-04](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2016/04/AG-36-Foto-04-750x660.jpg)
READER’S CORNER
da coluna Falando de Fusca
![AG-36-Foto-05](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2016/04/AG-36-Foto-05-240x320.jpg)
Nesta coluna apresentamos um causo do amigo Maycon Correia, que talvez muitos conheçam através de seus comentários aqui no AUTOentusiastas. Ele é de Santa Catarina, mais especificamente de São José, que fica na parte do continente da Grande Florianópolis. Sua experiência com Volkswagens arrefecidos a ar vem de longa data e seu hobby sempre foi levado a sério, tanto que foi um dos fundadores do Käfer Club de Florianópolis. Ele tem, portanto, muitos causos para contar e no de hoje vamos conhecer a história de seu Fusca bege 1970, uma raridade nos dias atuais.
MANUTENÇÃO IMPECÁVEL
Por Maycon Correia
Um exemplo de manutenções rigorosas, como descrevia o manual, foi o meu Fusca. Um modelo 1500 na cor bege claro e com bancos marrom escuro, comprado na Concessionária Lepper Veículos, em Joinville no dia 3/12/1970. Por uma senhora que a época já nos seus 55 anos o teve como um filho. O manual dele pedia revisões a cada 2.500 km, e elas foram feitas. Até a de 50.000 km, em 1981, quando ganhou um manual do carro mais novo, também 1981, e ali os intervalos haviam sido aumentados para 7.500 km.
A última revisão foi feita em 1996 aos 95.000 km. Foi vendido em 1997 aos 97.000 km para um finado amigo, que o trouxe a Florianópolis e o deu à sua filha que recém havia feito 18 anos. Rodaram até os 115.135 km e eu o comprei em 31/03/2003.
![AG-36-Foto-11](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2016/04/AG-36-Foto-11.jpg)
Havia alguns detalhes a serem feitos. Por ter tido manutenção criteriosa ele rodou 6 anos “sem pedir água”. Única coisa que fizeram foi trocar óleo e colocar uma bateria Durex (muito boa por sinal e que foi colocada no fatídico 11/09/2001). Fiz as manutenções necessárias nele, como pedia o primeiro plano, a cada 2.500 km, por recomendação do meu atual mecânico, que veio de concessionária VW. Aos 129.590 km aquele belo motor lacrado e com carimbos ‘OK’ era retirado do carro pela 4ª vez e seria a primeira retifica.
![AG-36-Foto-12](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2016/04/AG-36-Foto-12.jpg)
Tudo perfeitamente no devido lugar, apenas uma folga axial que logo iria esfregar os munhões do virabrequim na carcaça virgem. Hoje está com 165.910 km e com muita força. Sei que era a quarta retirada do motor, pois já havia trocado três kits de embreagem na concessionária Delta Veículos, de Joinville, que fez as revisões desde 1974, quando a Lepper fechou.
![AG-36-Foto-13](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2016/04/AG-36-Foto-13.jpg)
Continha, junto do manual, certificado de garantia, livrete de manutenções, carnê de 18 prestações pagas ao Banco Mercantil de SP que ainda existem, nota fiscal de compra do carro, e um diário de bordo que dizia tudo que havia sido feito entre os 4 km da entrega e 86.500 km em 1992. Porém esses dois últimos estavam em péssimo estado e se desmanchando. Fui tirar cópia para preservá-los e se esfarelaram.
Pretendo manter o cuidado e deixá-lo para a próxima geração. Seguem algumas fotos de como este carro está atualmente:
É muito difícil se encontrar um carro que tenha todos este histórico registrado meticulosamente desta maneira, o que transforma este carro numa raridade ainda maior, testemunho de um tempo no qual muitos usuários seguiam a rotina de revisões em concessionárias à risca e mantinham o histórico do carro até com orgulho de tratar o carro desta maneira. Fato é que este Fusca 1970 certamente, como o Maycon está prevendo, irá cruzar a barreira dos 200.000 km rodados sem maiores problemas!
Parabéns a todos que permitiram que isto viesse a ocorrer, em especial ao Maycon, que teve a iniciativa de registrar a história de um de seus carros, pois na garagem dele há outros Volkswagens desfrutando igualmente deste tratamento carinhoso e competente. Vamos dar uma olhada nesta garagem:
AG